- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
Lea Thompson, a eterna Beverly Switzler, de Howard, o Super-Herói (achou que eu ia dizer Lorraine Baines, da Trilogia De Volta para o Futuro, não foi?), retorna para a direção de Stargirl em The Thief, que podemos dizer que é o primeiro episódio da temporada a fazer uso efetivo de todos os componentes da nova Sociedade da Justiça, inclusive de Mike e Jakeem, os dois garotos mais novos que sequer são membros oficiais. Esse é o lado positivo do capítulo, pois a série vinha se esquecendo quase que por completo dos parceiros de Courtney, mas o lado negativo é que a narrativa acabou picotada demais, mesmo considerando que a trama de whodunit ganha um avanço importante.
De todos os personagens, novamente Beth parece ser a que menos função tem na série. Sim, ela aparentemente é a facilitadora de roteiro de plantão para abrir escotilhas no meio da floresta em segundos a pedido de Starman no meio de uma prova de matemática, mas só isso, pois seu “drama familiar” – assim entre aspas mesmo – é forçado demais e um tanto vergonhoso se isso é tudo que a equipe de roteiristas consegue imaginar. Por seu turno, Rick retorna com força total ao conserto da ampulheta de seu pai, com Pemberton dando-lhe a mais do que óbvia ideia de que há um limitador temporal no aparelho em outro momento de revirar os olhos do roteiro e que, claro, leva o jovem a tirar fora o gadget e, ao que tudo indica, ganhar poderes por mais de uma hora, o que certamente cobrará um preço caro dele. Yolanda faz algo de útil pelo menos e finalmente descobre que foi Cindy que roubou o computador do Jogador, algo que o espectador descobre via um flashback que parece elucidar de vez que foi Shiv quem matou o ex-vilão, ainda que seja possível que ela não estivesse sob controle total de suas faculdades mentais considerando a transformação pela qual ela está passando.
Até Starman tem seus minutinhos de fama – ou de infâmia – ao dar outro chilique de raiva, desta vez na frente de Rick e Yolanda, ao ver a pintura da Sociedade da Injustiça. Apesar de eu realmente gostar do desequilíbrio do personagem, algo que não lhe escapa de forma alguma e o coloca em uma espiral complexa, tenho para mim que faltam consequências efetivas para ele e para aqueles ao seu redor. Esse negócio de ele fazer com que os mais jovens aprendam com seus erros com base em conselho (também óbvio) de Barbara me parece uma simplificação enorme do problema que, se continuar assim, detrairá do potencial de um super-herói com estresse pós-traumático, mesmo considerando a pegada infanto-juvenil da série.
Do lado “romance adolescente”, a abordagem, aqui, pareceu-me melhor do que o momento “neve caindo” do episódio anterior. A hesitação de todos ao redor em aceitar que Court está saindo com Cameron é interessante e pode dar bons frutos, com Cindy não demorando a descobrir que os poderes da família Mahkent chegaram ao jovem e que ele pode ser uma ameaça. E o mesmo vale para a sequência no laboratório de química em que Cindy tem um de seus momentos iluminados e aconselha Court a não falar nada para Cameron sobre seu pai, usando a própria Court como exemplo. Carlo que isso tudo é apenas o inevitável sendo atrasado um pouquinho, mas, pelo menos nesse aspecto, o roteiro conseguiu criar boas oportunidades e linhas lógicas de raciocínio para lidar com o assunto.
Mas, estruturalmente, The Thief sofre da “Síndrome de Assuntos Demais para Tempo de Menos” e acaba tirando o espaço para momentos mais relevantes, como reputo ser o ataque de raiva de Starman na sala de reunião da antiga SIA e a conexão entre Court e Cindy. Até mesmo o flashback incriminador de Cindy poderia ter ganhado mais alguns segundos para não parecer tão corrido, algo que vale também para a conversa constrangedora, mas hilária, entre os Crocks e os Whitmore-Dugans no diner da cidade em que os esportistas não só falam de sua vida sexual agora que são “heróis”, como surpreendentemente trazem informações relevantes sobre o Jogador em sua investigação paralela.
Um pouco menos de sofreguidão para fazer tudo andar e uma montagem um pouco mais paciente teria feito maravilhas pelo episódio. Do jeito que ficou, ele acabou sendo apenas funcional, objetivando quase que exclusivamente o impulsionamento da trama. Nem de longe um problema sério, mas a temporada começa a precisar de umas vitaminas para ultrapassar a “barriga de metade da temporada”, o que não tenho dúvidas será providenciado em breve.
Stargirl – 3X05: The Thief (EUA, 05 de outubro de 2022 nos EUA e 13 de outubro de 2022 no Brasil)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Lea Thompson
Roteiro: Steve Harper
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Nick Tarabay, Ysa Penarejo, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Milo Stein, Jonathan Cake, Alex Collins, Keith David, Alex Collins
Duração: 42 min.