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Crítica | Harley Quinn – 3ª Temporada

Colocando Hera Venenosa no comando.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leia, aqui, as críticas das demais temporadas. 

Um pouco mais de dois anos depois de sua excelente segunda temporada, a caótica série animada Harley Quinn retorna para as telinhas para seu terceiro ano já com a promessa de pelo menos mais um. Nada mal para uma personagem que começou como coadjuvante do Coringa na memorável Batman: A Série Animada, criada por Paul Dini e Bruce Timm, e que, agora, pode ser considerada como uma das mais importantes do Universo DC tanto em filmes como em quadrinhos.

Dois anos foi o tempo real entre o final da temporada anterior, com Harley Quinn (Kaley Cuoco) e Hera Venenosa (Lake Bell), depois de professarem seu amor mútuo, fugindo do Comissário James Gordon (Christopher Meloni) para começar sua lua-de-mel, mas, dentro da história, só duas semanas se passaram, com as duas se divertindo juntas até que, visitando um Jardim do Éden criado por Hera Venenosa, um sendo de propósito é despertado em Pamela Isley: ela decide terraformar Gotham City usando sua fórmula especial a partir do que ela conseguira fazer com Frank (J. B. Smoove). E, com isso, a verdejante personagem que em tese era a coadjuvante na série, sempre à sombra de Harley, é colocada no banco do motorista, uma boa decisão da produção para sacudir um pouco o status quo.

A história da terraformação de Gotham é o que realmente movimenta a temporada, ainda que o assunto só realmente ganhe destaque absoluto mais para a frente, na trinca final de episódios, depois que Harley fica presa inadvertidamente na mente de Bruce Wayne (Diedrich Bader) repetindo incessantemente seu trauma de infância, como efeito colateral de um plano para descobrir o que o bilionário fez com o referido Frank. Até esse ponto, a temporada é errática, ou, talvez mais especificamente, bem menos coesa do que a temporada anterior, de certa forma retornando ao que foi a primeira temporada, uma espécie de redescoberta de Harley Quinn, só que, agora, no que se refere a Hera Venenosa.

Como disse, entregar o volante para Hera Venenosa foi uma boa decisão, mas ela vem com o ônus de um “recomeço”, por assim dizer, algo que é somado aos roteiros que, muitas vezes, no lugar de deixar para trás a antiga relação tóxica de Harley com o Coringa, já que o assunto já havia sido abordado à exaustão, retorna a ela, inclusive dando um destaque razoável ao Palhaço do Crime, agora marido, pai de família e, não demora muito, prefeito de Gotham. Em determinados momentos da temporada, foi como se eu estivesse assistindo à primeira, em uma involução desnecessária para uma personagem já completamente resolvida nesse tocante. Não que eu necessariamente queira que o passado seja passado e nunca mais volte à tona, mas menos tempo poderia ter sido dedicado a isso ou, na verdade, tempo nenhum nesta temporada.

No que se refere à Hera Venenosa, a história também é claudicante em seu começo, ainda que os elementos que gravitam ao redor, como a relação dela com a Mulher-Gato (Sanaa Lathan excelente fazendo a voz lânguida da personagem), Cara de Barro substituindo Billy Bob Thorton (que faz sua própria voz), depois de sem querer deixá-lo ser morto pelo tigre de Selina Kyle, na biografia de Thomas Wayne (Bader novamente), dirigida por James Gunn (também fazendo sua própria voz) e o Tubarão Rei (Ron Funches) tendo que lidar com a morte de seu pai e a sucessão em seu reino, tenham seus bons momentos aqui e ali, preenchendo de maneira competente, mas não brilhante, boa parte da temporada. Fica parecendo que a história principal não foi ajustada ao número de episódios.

Mas quando o freio do carro de Hera Venenosa é retirado completamente a partir de sua comunhão com o Verde com a ajuda de uma ótima versão hippie do Monstro do Pântano (Sam Richardson) e da insanidade de Bruce Wayne que usa Frank para reviver seus pais como plantas zumbis, iniciando o apocalipse em sua cidade, a série volta a seus eixos, ou melhor, joga os eixos pela janela e faz o que ela faz de melhor, que é criar um sensacional caos que acaba tragando todos os personagens – valendo destaque para o hilário Asa Noturna (Harvey Guillén) e a cada vez mais segura Batgirl (Briana Cuoco) – para um desfecho exagerado, explosivo e destrutivo. Claro que não gosto da aparente decisão de Harley de se bandear para o lado dos “mocinhos”, mas, como isso só realmente acontece nos últimos segundos do último episódio, teremos que esperar a próxima temporada para ver como é que essa dinâmica será trabalhada e, claro, se ela durará muito tempo, pois eu desconfio que seja apenas uma efêmera fase para a agora ex-vilã.

Mesmo com seus problemas, que de certa forma são reduzidos pelo número menor de episódios (10 contra 13 de cada uma das temporadas anteriores), a produção é do mais alto gabarito, com o design de personagens e cenários continuando a surpreender, além de a animação em si ser de outro nível, algo que deveria servir de lição para os longas animados da DC, diga-se de passagem. Harley Quinn continua, portanto, sendo uma divertida e inteligente diversão adulta no cada vez mais saturado gênero dos super-heróis que sabe fazer uso de seus personagens, seja para alçá-los ao estrelato, seja para esculhambá-los (basicamente toda a figura masculina da série é impiedosamente desancada, com Bruce Wayne ganhando o troféu da temporada nessa categoria, claro). Um deleite, sem dúvida, que tem tudo para facilmente voltar ao nível altíssimo da temporada anterior no próximo ano!

Harley Quinn – 3ª Temporada (EUA, 28 de julho a 15 de setembro de 2022)
Desenvolvimento: Justin Halpern, Patrick Schumacker, Dean Lorey
Direção: Juan Meza-Leon, Joonki Park, Mike Milo, Vinton Hueck, Cecillia Aranovich, Jennifer Coyle
Roteiro: Sarah Peters, Adam Stein, Jamiesen Borak, Tom Hyndman, Rachel Pegram, Conner Shin, Sarah Nevada Smith
Elenco: Kaley Cuoco, Lake Bell, Tony Hale, Ron Funches, Matt Oberg, Alan Tudyk, J. B. Smoove, Christopher Meloni, James Adomian, Diedrich Bader, Briana Cuoco, Andy Daly, Rachel Dratch, Giancarlo Esposito, James Wolk, Tom Hollander, Wayne Knight, Sanaa Lathan, Vanessa Marshall, Alfred Molina, Jim Rash, Jessica Walter, J. B. Smoove, Harvey Guillén, Sam Richardson
Duração: 220 min. (10 episódios)

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