Home TVEpisódio Crítica | A Casa do Dragão – 1X06: A Princesa e a Rainha

Crítica | A Casa do Dragão – 1X06: A Princesa e a Rainha

Realeza desapontada.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.

Bem, esse episódio me surpreendeu em alguns aspectos. Aqueles que assistem o material promocional da série já sabiam, mas eu não estava esperando que o rei Viserys fosse continuar vivo após o salto temporal de 10 anos que ocorreu depois do casamento de Rhaenyra e Laenor. A presença do personagem mantém um certo status quo, com a tensão pela sucessão ocorrendo de maneira mais morna e na queima lenta, borbulhando até estourar.

Dessa forma, a narrativa do seriado continua naquele clima passivo-agressivo entre as figuras que podem assumir o trono (Rhaenyra, Daemon e Aegon/Alicent). Confesso que fiquei com um sentimento de frustração depois de ver o Viserys moribundo segurando as últimas linhas de paz do seu reinado. Ele é quase um obstáculo narrativo, atrapalhando a série de engrenar com uma guerra total pela coroa. E devo dizer, os personagens a sua volta também parecem frustrados e desapontados com o desenrolar de eventos nos últimos dez anos.

Não encarem essa “frustração” que digo como algo necessariamente negativo, porém. A Princesa e a Rainha é um episódio que contextualiza o salto temporal com a insatisfação de seus personagens privilegiados. Tudo começa com a cena inicial do parto de Rhaenyra, filmada de forma a emular um plano-sequência que inicia no nascimento do seu terceiro filho e termina com a personagem sendo obrigada a ir ao quarto de Alicent.

É uma sequência tão exaustiva e frustrante de acompanhar, resumindo a representação dos personagens no episódio. Laenor clama por uma guerra; Alicent não aguenta como o rei ignora os filhos bastardos de Rhaenyra; e o Daemon está isolado em uma biblioteca. Parece que todos nós estamos desapontados com a relativa estabilidade do reino. É meio estranho ver os personagens nessa posição depois do casamento, mas histórias de realeza são acompanhadas por esse sentimento de tédio e antipatia. Gosto e não gosto de algumas coisas nesse sentido.

Primeiramente, como o título indica, o episódio constrói muito bem a rivalidade da princesa e da rainha com essas situações frustrantes. Muito do que vemos aqui são brigas internas e pequenos escândalos do palácio sendo acobertados, dando vazão a um ótimo roteiro de drama de cortes, como o seriado tem nos brindado. Somos apresentados às futuras gerações da Dinastia Targaryen, em sua maioria jovenzinhos desagradáveis, principalmente Aegon e seus vislumbres de Joffrey Lannister, mantendo a linguagem geracional e de linhagem da produção.

Como havia dito anteriormente, os saltos temporais resultam em contextualizações que privam uma fluidez narrativa, algo que vemos aqui no caráter de apresentação do episódio, seja de novos personagens, da nova situação dos antigos e até mesmo das novas caras do elenco (parece um episódio feito para estabelecer Olivia Cooke e Emma D’arcy em alguns momentos). Ainda assim, gosto do desenvolvimento em Porto Real, estabelecendo certas rixas e personalidades que pagarão dividendos posteriormente.

O que não gosto é do núcleo de Daemon, mostrando um personagem apático que não condiz com o que estávamos vendo anteriormente. Sei que 10 anos se passaram, mas este é o ônus desse molde narrativo: não vimos o personagem chegar nesse estado organicamente. Ademais, há um estranho efeito de escanteio com seu personagem, como se nem fizesse parte da luta pela sucessão mais, algo que começa no título e se mostra aparente com a posição letárgica de um antagonista que se mostrava interessante e carismático mesmo em seus maniqueísmos.

E para toda a paciência que o episódio exige, também continuo percebendo aquela correria com certos desdobramentos que deveriam ter sido melhores construídos em forma de reviravolta, como a traição de Larys. As ações maquiavélicas do personagem simplesmente acontecem, de maneira súbita e sem nenhum tipo de desenvolvimento até o assassinato de seu pai e irmão. Continuo torcendo o nariz para a falta de criatividade com o lado político da obra. Aquele momento precisava de um escalonamento de tensão, e não de uma montagem desembestada.

Apesar dos vários pormenores, A Princesa e a Rainha ainda é um bom episódio sobre os dramalhões familiares dos Targaryen, agora todos frustrados e exaustos com a falta de uma resolução para o problema de sucessão. Eu estava esperando o início de um novo capítulo em A Casa do Dragão, mas foi mais como ver um segundo piloto depois de um prólogo. O seriado vai precisar fazer melhor na sua reta final, muito melhor.

A Casa do Dragão – 1X06: A Princesa e a Rainha (House of The Dragon – 1X06: The Princess and the Queen) | EUA, 25 de setembro de 2022
Criação: 
Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Miguel Sapochnik
Roteiro: Sara Hess
Elenco: Paddy Considine, Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Graham McTavish, Ryan Corr
Duração: 63 min.

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