Home TVTemporadas Crítica | He-Man e os Mestres do Universo (2021) – 3ª Temporada

Crítica | He-Man e os Mestres do Universo (2021) – 3ª Temporada

A força retorna!

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as crítica das demais temporadas, e, aqui, todo nosso material sobre He-Man.

Apesar de ter perdido a força em sua segunda temporada, a reimaginação de He-Man e os Defensores do Universo por Rob David para o Netflix chega à sua terceira temporada recuperando o vigor e encerrando o arco central que gira ao redor de Esqueleto (Benjamim Diskin) tentando dominar Etérnia, ainda que, claro, nos segundos finais, abra espaço para que a história continue com a introdução de outro vilão clássico da franquia (com voz de Kevin Conroy ainda por cima!). A grande vantagem desta temporada é seu foco. Sem se perder em histórias paralelas ou se enrolar com a introdução de novas versões de personagens clássicos, os oito episódios finais desse primeiro grande arco narrativo são concisos e muito eficientes em seu objetivo de lidar com a ameaça final de Esqueleto e com os dilemas morais de Krass, ou Aríete (Judy Alice Lee), que, como vimos, bandeou-se para o lado vilanesco ao final da temporada anterior assumindo o nome de Rampage.

A narrativa tem dois momentos principais, ambos voltados para o grande vilão: no primeiro, nós vemos sua versão espectral, que só aparece para Krass em razão da pedra cheia de energia do Caos que ela tem em seu capacete, tentando achar o corpo do Rei Grayskull (Alan Oppenheimer), o primeiro a manipular a energia maligna, para voltar a ter uma forma física e, no segundo, nós vemos a nova versão do Esqueleto, agora entre os vivos, usando o Caos para literalmente tornar-se um deus capaz de refazer o universo à sua imagem. Ao longo dessas duas pequenas e complementares histórias, Esqueleto age quase que exclusivamente sozinho, a exceção sendo Krass que serve muito mais como alguém com quem ele pode conversar do que como uma personagem que ganhe um desenvolvimento mais relevante do que a de uma jovem confusa que, logicamente, ao final, retorna para o lado do bem e luta ao lado de Príncipe Adam/He-Man (Yuri Lowenthal), Teela/Feiticeira (Kimberly Brooks), Duncan/Mentor (Antony Del Rio), Pacato/Gato Guerreiro (David Kaye) e do próprio Rei Randor (Fred Tatasciore), que acertadamente passa a fazer parte do grupo “do fronte de guerra”, no momento que realmente importa.

O mais importante é que tudo é muito simples e objetivo e é por isso que a temporada acaba funcionando. Os personagens que penosamente foram introduzidos na temporada anterior – rei Stratos (Zeno Robinson), Gary (Bobcat Goldthwait) e Webstor (Dee Bradley Baker) – aparecem, mas são corretamente colocados no banco de reservas, deixando que a trupe principal, incluindo Homem-Fera (Trevor Devall), Mandíbula (Roger Craig Smith) e, claro, Maligna (Grey Griffin) ganhem o destaque que merece. A única nova introdução é a de Aquático, ou Mer-Man (George Takei) que serve de vilão momentâneo que “atrasa” a aquisição do esqueleto do Rei Grayskull pelos heróis, fazendo com que Esqueleto saia vitorioso. Digo momentâneo pois, uma vez cumprida sua função, ele é defenestrado sem cerimônia da história, ainda que seu redesenho para a série seja mais um exemplo do cuidado da equipe de produção em criar algo completamente novo, mas que bebe da fonte original.

Como de praxe, a estrutura de upgrades de poder comum em diversos animes que existem por aí continua a dar sabor aos momentos de ação. Aquela repetição que existia na primeira temporada inexiste aqui, com Rob David fazendo de tudo para trazer novidades a cada transformação, nem que seja fazer com que o próprio He-Man sucumba ao poder do Caos em determinado momento, o que nos leva a um excelente episódio em que Ork-0 (Tom Kenny) precisa aprender a fazer magia de verdade com ninguém menos do que o próprio Orko, o Grande (Wallace Shawn), cortesia de uma poderosa Teela – agora Teela-Na, com toda a memória e conhecimento da Feiticeira original – de maneira a trazer Adam de volta de sua perigosa egotrip verde. Claro que esses upgrades, que incluem até mesmo a criação de naves(!!!), chegam a  um nível absurdo no derradeiro episódio, com Esqueleto literalmente transformando-se em um deus capaz de criar um universo com as próprias mãos, o que leva o nosso grupo de heróis a encontrar o poder dentro de cada um deles em um daqueles momentos bregamente clichês que, claro, diverte justamente por ser o que é.

Essa nova versão de He-Man e os Mestres do Universo é um prazer audiovisual. Rob David soube pegar todos os elementos da animação clássica, organizá-los de maneira decente para evitar a bagunça meramente vendedora de bonequ… ops… figuras de ação da obra oitentista, repaginar e atualizar todos os personagens, acrescentar mitologia própria e entregar um produto que, sim, continua tendo a função de vender brinquedos, mas que não é a única. O showrunner soube contar uma história interessante, com começo, meio e fim que é He-Man em toda a sua essência, mas que acaba sendo mais, bem mais do que aquela criação que os saudosistas defendem com unhas e dentes como se fosse a oitava maravilha do mundo. Agora é torcer por uma quarta temporada com Hordak e companhia!

He-Man e os Mestres do Universo – 3ª Temporada (He-Man and the Masters of the Universe – EUA, 18 de agosto de 2022)
Desenvolvimento: Rob David (baseado em criação de Lou Scheimer)
Direção: Matt Ahrens, Armen Melkonian, Lubomir Arsov, Ricardo Curtis
Roteiro: Bryan Q. Miller, Amanda Deibert, Matthew Drdek, Julie Benson, Shawna Benson
Elenco: Yuri Lowenthal, David Kaye, Grey Griffin, Antony Del Rio, Kimberly Brooks, Trevor Devall, Judy Alice Lee, Roger Craig Smith, Fred Tatasciore, Benjamin Diskin, Tom Kenny, Zeno Robinson, Stephen Fry, Bobcat Goldthwait, Dee Bradley Baker, George Takei, Wallace Shawn, Kevin Conroy, Alan Oppenheimer, Kevin Smith, Stephanie Sheh
Duração: 201 min. (8 episódios)

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