Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Grande Diabolik – Vol.1: Um Tesouro Vermelho Sangue

Crítica | Grande Diabolik – Vol.1: Um Tesouro Vermelho Sangue

Diabolik não perdoa.

por Luiz Santiago
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O título Grande Diabolik (no original, Il Grande Diabolik) surgiu em 1997, e foi uma forma que a editora Astorina, na época dirigida por Patricia Martinelli, encontrou para dar espaço a histórias mais longas desse icônico personagem. Para essa nova publicação, o tamanho do volume também mudaria, tanto no número de páginas (passando de 120 para 160), quanto no tamanho físico do quadrinho, que foi de conhecido padrão (12X17cm) para o maiorzinho 16X21cm, de onde acabou vindo o nome “Grande” Diabolik. E de fato, o leitor sente o quanto a mudança no número de páginas permitiu que os autores explorassem melhor uma série de aspectos ligados ao mistério e à sua resolução, embora eu ainda tenha achado o final seco, um tanto rápido e reticente.

Com argumento de Stefano Ferrario e roteiro de Patricia Martinelli, Um Tesouro Vermelho Sangue começa fora de Clerville, em um país chamado Puerto Blanco. Neste lugar há uma exploração arqueológica e os dois responsáveis pelas escavações estão relativamente desanimados em relação aos avanços do projeto. Até que um deles, o professor Kronin, sofre um acidente e morre. O leitor ainda não sabe o quanto esse evento é importante para o restante da obra, e acaba dando muito mais atenção ao que vem logo depois, ou seja, a exposição de todo o tesouro (vindo da tumba do rei Koatl) finalmente encontrado pela segunda responsável pelo projeto, a Dra. Fleming. É a partir daqui que Diabolik entra em cena, após crescer os olhos para essas relíquias históricas e passar a planejar o roubo.

Eu demorei um pouco para abstrair tudo o que se passa no momento em que o plano de Diabolik é posto em prática e, contra todas as possibilidades, dá completamente errado, terminando com a sua captura, ao lado de sua amada, Eva Kant. A ótima arte de Sergio Zaniboni nos mostra passo a passo a preparação do roubo, e tudo parece completamente à prova de falhas; mas o que a gente não espera é que toda a exposição das relíquias e as pessoas envolvidas no evento têm muito a temer e fizeram todo o show para atrair Diabolik e conseguirem algo através dele. O choque é grande, mas o leitor fica muito curioso para o desenvolvimento da trama a partir desse ponto. O que se faz quando os protagonistas do título são presos, em um contexto em que não podem fugir de jeito nenhum? O clima de desesperança vindo com essa pergunta ajuda a reforçar o desenvolvimento da aventura, que tem uma segunda parte e um final bastante intensos.

Ginko e Altea estão plenamente ativos nesta história, e é irônico o fato de que o policial precisa usar as ferramentas e o modus operandi de Diabolik para dar início à resolução do caso, libertando o seu inimigo. A intriga que se ergue vai deixando o leitor preocupado porque esconde Diabolik na prisão e coloca Eva em greve de fome, ficando cada vez mais fraca, debilitada. E sim, eu não esperava que eles fossem morrer, por motivos óbvios, mas é muito bom quando uma narrativa coloca perigos reais e situações verdadeiramente difíceis e desesperançadas para personagens tão inteligentes e safos, como esses, resolverem. Traz um bom senso de urgência e deixa o leitor preocupado em duas frentes, tornando a história amplamente interessante.

Meu problema maior com a trama é a reta final. O roteiro tem dois encerramentos, o primeiro, relacionado à fuga de Diabolik e Eva, e o segundo, muitíssimo melhor (porém curto e corrido), o da vingança de Diabolik, que definitivamente não perdoa os bandidos responsáveis pelo seu martírio. É uma parte impiedosa e muito instigante, com destaque para a inteligente técnica utilizada para matar o corrupto ex-chefe da polícia de Puerto Blanco, agora na cadeia. É um final que traz uma vitória amarga, mas gostosa de se apreciar.

Grande Diabolik – Vol.1: Um Tesouro Vermelho Sangue (Il grande Diabolik: Un tesoro rosso sangue) — Itália, 15 de julho de 1997
No Brasil:
Editora 85 (2022)
Roteiro: Stefano Ferrario, Patricia Martinelli
Arte: Sergio Zaniboni
Arte-final: Brenno Fiumali, Franco Paludetti
Capa: Sergio Zaniboni
162 páginas

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