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Lista | Better Call Saul – 6ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Ranqueando obras-primas!

por Ritter Fan
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Depois de abordar semanalmente cada episódio da 6ª e última temporada de Better Call Saul e de analisar a temporada como um todo, é chegada a hora de nosso tradicional ranking de episódios. Digam o que acharam da lista e mandem a ordem de vocês para debatermos!

Diferente de outros rankings dessa natureza, além de usar trechos das críticas em si como sempre fazemos, decidi acrescentar, quando necessário, uma breve justificativa para a colocação que, claro, reflete meus comentários específicos sobre cada episódio. Vamos lá?

13º Lugar:
Breaking Bad

6X11

Comentário: Juntamente com Axe and Grind, este foi o episódio que recebeu nota mais baixa em minhas análises (ainda alta, 3,5 HALs, pois não acho possível dar nada mais baixo que isso nessa série), mas, como ele faz parte do “apêndice” que reputo desnecessário para a derradeira temporada, ele acabou ficando aqui, em último lugar.

Diferente do caso de Hank e Steven, o constante retorno para o colorido quebrou a fluidez da história sendo contada no presente sem cores e nada realmente de essencial foi acrescentado à história. Mas calma, pois não foi algo também completamente fora de esquadro, pois isso eu realmente nunca vi no Universo Breaking Bad, porém esta foi a primeira vez em muito tempo – nem consigo lembrar-me da vez anterior – em que algo me pareceu deslocado em Better Call Saul, algo me pareceu que passou a existir só porque era possível, até porque vamos combinar que, na base do flashback, tudo acaba sendo possível mesmo. Gostei como as “idades” dos personagens foram trabalhadas e, para mim, foi irrelevante as poucas vezes em que, talvez mais no caso de Aaron Paul, ficou mais saliente a diferença. O trabalho de maquiagem, cabelo e também de direção nesse quesito foi exemplar. Mas, muito sinceramente, a coisa parou por aí e eu lamento dizer que, para mim, esses flashbacks, se não tivessem existindo, talvez tivessem resultado em um episódio consideravelmente superior. Talvez.

12º Lugar:
Waterworks

6X12

Comentário: Pela mesma razão do episódio anterior, ou seja, fazer parte do apêndice de Better Call Saul, Waterworks fica aqui na rabeira, o que de forma alguma quer dizer que ele seja sequer próximo de ruim.

A sequência entre Cheryl e Kim, seguida da que mostra o choro descontrolado de Kim no ônibus da empresa de locação de automóveis são, sem dúvida alguma, os dois grandes momentos de Waterworks, as grandes justificativas verdadeiras e viscerais para a própria existência do episódio, com Rhea Seehorn novamente mastigando cada centímetro de cenário que ocupa. Claro que os breves retornos ao passado em que somos brindados com um Jimmy escondendo-se atrás da frieza de Saul para assinar os papéis de divórcio que Kim traz, com direito a Kim ter uma breve conversa com Jesse no exterior do escritório do ex-marido – esse sim um bem inserido fan service, muito superior e muito mais interessante ao que tivemos no episódio anterior – em que ela atesta a qualidade do trabalho do advogado que um dia conheceu, são também excelentes e complementam de forma graciosa os detalhes da nova vida de Kim e de sua busca por algum tipo de alívio espiritual.

11º Lugar:
Saul Gone

6X13

Comentário: Apesar de eu ter dado nota máxima para o episódio, Saul Gone fica mesmo aqui, como o melhor da parte da série que, para mim, não deveria ter existido.

Não me lembro de outra série que tenha oferecido o que podemos chamar de dois finais a seus espectadores e muito menos que esses dois finais tenham sido absolutamente perfeitos, irretocáveis, realmente capazes de agradar universalmente. Better Call Saul, prelúdio e também continuação de Breaking Bad, faz exatamente isso, com Vince Gilligan e Peter Gould fechando esse universo com chave dupla de ouro. Sei bem que o final mesmo está aqui, em Saul Gone, mas quando digo que a série tem dois finais, quero dizer que Nippy, seu décimo episódio, também poderia ter sido um mais do que satisfatório encerramento para a saga de Jimmy McGill ou Jimmy Sabonete ou Saul Goodman ou Gene Takavic. Pessoalmente, ainda tenho preferência pelo final… digamos incerto – mas não exatamente aberto – que foi oferecido três episódios atrás, mas não tenho como falar nada depreciativo de Saul Gone a não ser o óbvio: não teremos mais Better Call Saul para degustar como tivemos nos últimos vários anos.

10º Lugar:
Axe and Grind

6X06

Comentário: Em um mundo ideal, em que a série tivesse acabado onde deveria ter acabado, esse seria o “menos melhor” episódio.

O primeiro ocorre no casarão vazio e frio de Howard, em que o vemos se vestir cuidadosamente e a preparar o café para sua esposa com ainda mais esmero, somente para ela derramar o conteúdo da bela xícara de cappuccino, com direito a um sugestivo símbolo da paz, em um copo de plástico porcaria para beber na direção do trabalho, em uma bela demonstração visual do quanto o casamento deles está próximo do fim. Ou está no fim, se pararmos para pensar no quanto ela faz questão de manter-se distante do marido na enorme cozinha e no quanto ela tem sua vida completamente separada da dele. A abordagem melancólica do momento, com Howard reagindo com uma positividade que esconde sua tristeza ou desapontamento, é um primor de direção por parte de Esposito.

9º Lugar:
Wine and Roses

6X01

É natural que a última temporada de uma série tão impressionante quanto Better Call Saul cause trepidações no espectador, trepidações essas causadas pelas saudades dos personagens incrivelmente bem interpretados por um elenco próximo da perfeição (um eufemismo para perfeito, só para ficar claro), dos roteiros cirurgicamente escritos por uma equipe capitaneada por Vince Gilligan e Peter Gould e pela direção que traria sorrisos a diretores perfeccionistas como Stanley Kubrick e Akira Kurosawa. Mas há, também, as trepidações causadas por aquele misto de expectativa e tensão que deixam dúvidas, bem lá no fundo da mente, se os showrunners realmente conseguirão encerrar a história como ela merece ser encerrada.

8º Lugar:
Black and Blue

6X05

Confesso que, não obstante a preparação germânica do episódio, chegou a ser um pouco desnorteador encaixar Lalo mentalmente na Alemanha, mesmo considerando que a sequência vem depois de Gus visitar o cavernoso laboratório com construção parada e demonstrar que conhece seu inimigo como ninguém ao deixar a arma na esteira da escavadeira. A falta de norte, em meu caso, vem do simples fato de que a última vez que esse assunto – a construção do laboratório – foi abordado na série foi na já bastante longínqua quarta temporada (2018!), mas é patente que Vince Gilligan e Peter Gould sabem muito bem disso, pois trabalharam tudo com muita calma e comedimento, com o roteiro de Alison Tatlock elegantemente pegando em nossa mão e nos levando a um passeio “indireto” pelos eventos de tanto tempo atrás. Essa é a diferença entre um episódio burramente didático, que explica o que poderia mostrar e um episódio que faz a fusão perfeita entre o texto e a imagem para reacender os recantos da memória.

7º Lugar:
Hit and Run

6X04

Se o roteiro de Ann Cherkis cai na categoria de texto de qualidade, mas eminentemente funcional, ele não é vazio de momentos memoráveis que Seehorn materializa com talento na cadeira de comando. Afinal, como esquecer daquele preâmbulo do casal de ciclistas pedalando pelo idílico bairro onde moram, veementemente reclamando do “vermelho Corpo de Bombeiros” de uma casa e, como se fosse a coisa mais comum do mundo, retornando para sua própria casa repleta de gente armada até os dentes e com aparelhos de vigilância de última geração que gera um gigantesco ponto de interrogação flutuando por sobre a cabeça de qualquer espectador? E como não ficar maravilhado com o encaixe dessa sequência inicial com o ritual de Gus, o  dono da franquia Los Pollos Hermanos, retornando para sua casa, trocando de roupa, abrindo uma passagem secreta que daria inveja em Bruce Wayne e emergindo do outro lado, na casa do casal de ciclistas, como Gus, o traficante de metanfetamina?

6º Lugar:
Nippy

6X10

A única razão pela qual Fun and Games não poderia ser o episódio final de Better Call Saul é por ele não encerrar a linha narrativa de seu protagonista ou da versão “gerente de uma Cinnabon de shopping center em Omaha” de Jimmy McGill. Nippy, portanto, é o que podemos considerar como o efetivo fim, ou epílogo, já que lida com o drama estabelecido nesse futuro e, para todos os efeitos do que vimos até agora, o leva a seu desfecho, eliminando a ameaça do taxista que o havia reconhecido. Além disso, não só ele é o 10º episódio da temporada – número padrão da série – como ele tem um gostinho de “volta da vitória” que lentamente comemora uma campanha extremamente bem-sucedida desde 2015.

5º Lugar:
Carrot and Stick

6X02

Comentário: Aqui começa a estirada de episódios que levaram nota máxima (sem contar com o 6X13, claro), o que só torna mais complicado o desafio de ranquear Better Call Saul

Na medida em que esse pano de fundo é cuidadosamente estendido, vemos Nacho inquieto em um quarto caindo aos pedaços, mas, ao mesmo tempo, tão lindamente iluminado e fotografado, que por alguns segundos esquecemos de tudo e só temos olhos para a ambientação. Vince Gilligan, que dirige o episódio, faz a câmera seguir Nacho por todos os lados do pequeno recinto que, porém, ganha dimensões maiores graças às movimentações da lente e da inundação de luz que quebra a escuridão amarelada. E a pressão vai aumentando vagarosamente, algo que primeiro parece ser paranoia de Nacho quando ele cisma com uma fresta no prédio em frente, somente para sua desconfiança revelar-se como verdade, levando a uma sequência de ação que vai desde o silêncio interrompidos por ligações telefônicas com Nacho apontando a pistola para o espião comedor de salgadinhos, até o “duelo de faroeste” versão moderna com ele acelerando a picape na direção dos ameaçadores gêmeos, isso depois de descarregar a arna em um dos pistoleiros descartáveis. Não sei qual será o fim de Nacho, já que ele não aparece em Breaking Bad, mas, se eu já torcia por ele antes, agora é que eu virei fã de carteirinha dele.

4º Lugar:
Rock and Hard Place

6X03

Ver a feição de Hector Salamanca se contorcer primeiro no desespero de indicar o verdadeiro mandante do “assassinato” de Lalo e, depois, mais ainda quando Nacho revela que foi ele quem o fez ficar do jeito que está, tendo que se comunicar com uma campainha, foi o perfeito acompanhamento para o grandioso momento climático, com o dénouement, com o mesmo Hector atirando sem parar no corpo sem vida estirado a seus pés em uma explosão até hilária de fúria, sendo a quase que literal cereja no bolo da tragédia do traficante por quem amávamos torcer. Aliás, minto, a cereja no bolo vem quando percebemos, em retrospecto, que Nacho era o único personagem da cena cujo destino final desconhecíamos e que, agora, só há dois outros personagens realmente importantes – descontarei Howard aqui por razões óbvias – que não sabemos como acabarão, Lalo e, claro, Kim. É assim que notamos com toda a clareza possível que o fim dessa maravilha audiovisual realmente está próximo.

3º Lugar:
Point and Shoot

6X08

Afinal de contas, mesmo considerando que Vince Gilligan e Peter Gould são mestres em subverter expectativas, a arma que Gus Fring escondera na lagarta da escavadeira em sua construção subterrânea em Black and Blue simplesmente precisava ser usada e, mais do que isso, precisava ser um elemento decisivo no embate entre ele e seu nêmeses Lalo Salamanca. E, no momento em que entendemos que a razão para Lalo mandar Kim matar Gus – algo definitivamente estranho e que não faria o menor sentido fora de contexto – é servir de mais um engodo do mexicano vingativo com o objetivo de afastar os soldados remanescentes da lavanderia de Gus, tudo de repente e finalmente se encaixa e passamos a acompanhar algo que perfeitamente decorre de tudo o que foi preparado pelos showrunners ao longo da temporada.

 

2º Lugar:
Plan and Execution

6X07

Sei muito bem que eu talvez devesse começar a presente crítica pelo grande e chocante momento do final do episódio, mas eu sou do contra e prefiro começar afirmando que eu me escangalhei de rir com o trecho de Plan and Execution em que vemos Joey Dixon, diante de seus alunos, comparar câmeras de filmar, elogiando a modernidade de uma delas, digna somente de obras autorais, e reduzindo a outra a algo que no máximo seria digna de filmar o “segundo casamento de sua irmã”. Não só a cena em si é realmente hilária, mesmo que fora de contexto, pois comenta, sem papas na língua, as abordagens oito ou oitenta para tudo hoje em dia, como ela, pelo menos para mim, pareceu-me meta-textual, uma mensagem nada humilde sobre como Vince Gilligan e Peter Gould veem suas próprias criações em comparação com as “outras” que existem por aí. Pode ser que isso seja eu querendo ver essa mensagem, mas a grande verdade é que, mesmo que ainda estejamos na alongada Era de Ouro da Televisão, com novos grandes exemplares sendo lançados todos os anos (vide Ruptura e Pachinko só recentemente) o trabalho da dupla é realmente fora de série o suficiente para que um “arrogante” auto-tapinha nas costas desse tipo soe como absolutamente verdadeiro e devido.

1º Lugar:
Fun and Games

6X09

Era de se esperar que, depois de Point and ShootBetter Call Saul nos brindasse com um episódio mais calmo, feito para cirurgicamente fechar as eventuais pontas soltas e preparar a estirada final da história. Esse tipo de episódio, em séries de alto gabarito como as que compõem o Universo Breaking Bad, costumam ser excelentes, mas não exatamente perfeitas e normalmente inferiores ao momento climático logo anterior (vejam, por exemplo, Hit and Run, desta mesma temporada). E é por isso que eu não estava preparado para Fun and Games. Não estava preparado para um episódio que faz exatamente o que eu achava que ele iria fazer, mas só que de uma maneira tão absolutamente magistral que eu tenho genuína vontade de estourar o teto da avaliação acima. O máximo é pouco, muito pouco para esse epílogo confeccionado com carinho por Vince Gilligan e Peter Gould e executado com extrema elegância e técnica por Michael Morris e Ann Cherkis.

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