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Crítica | Manifest – 2ª Temporada

Mais foco, mas mais mistérios também.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, a crítica da temporada anterior.

A segunda temporada de Manifest sofreu uma redução de 16 para 13 episódios e, juntamente com isso – ou talvez por causa disso – o showrunner Jeff Rake a tenha imbuído de um pouco mais foco, que era um dos problemas do ano inaugural, muito enamorado com mistérios variados para realmente manter sua estrutura coesa. Não que a série tenha mudado da água para o vinho de uma temporada para outra, longe disso, mas ela parece, agora, mais enxuta, menos perdida entre os “passageiros de uso único” do misterioso voo 828 que tanto povoaram os 16 primeiros capítulos.

Rake, mesmo sem conseguir reduzir de verdade o tom novelesco de sua obra, que continua cheia de rostos cheios de lágrimas que repetem mantras clichês como “faço de tudo pela minha família” ou “você é o amor de minha vida”, faz um louvável esforço para eleger os aspectos mais importantes que deseja abordar. Grosso modo, ele desenvolve e em tese resolve a questão da igreja pró-828 fundada por Adrian (Jared Grimes) e o grupo anti-828 liderado por um professor universitário, com direito até mesmo a um interessante trabalho decente de detetive por parte de um Jared (J. R. Ramirez) infiltrado. Além disso, o showrunner, aparentemente, começa a revelar que o evento milagroso que dá o pontapé inicial na série não é inédito na história do mundo, com a descoberta de que uma tripulação de navegadores da Antiguidade liderada por Al-Zuras passou pelo mesmo périplo. E, como tema central geral, temos a questão da Data da Morte, que vem da primeira temporada e ganha grande destaque na segunda, especialmente considerando as elipses temporais que fazem a série se aproximar de um ano do retorno de Zeke (Matt Long), e que, apesar de não ganhar exatamente uma resolução, acaba reiterando a importância de se seguir os crípticos Chamados.

Mesmo com mais foco, a temporada é movimentada, com o retorno de Robert Vance (Daryl Edwards) impulsionando um trabalho de contraespionagem contra a Major (Elizabeth Marvel) que, aliás, tem um fim pífio pelas mãos da cada vez mais elétrica Doutora Saanvi Bahl (Parveen Kaur) e com Michaela (Melissa Roxburgh) finalmente lidando com seu passado com Jared e seu presente com Zeke o que, claro, leva à oportunidades chorosas, mas que pelo menos estabelece as novas regras desse triângulo amoroso. Do lado de Ben (Josh Dallas), também cada vez mais obcecado com os mistérios do voo 828 a ponto de ele ter se tornado uma enciclopédia ambulante sobre todos os passageiros, grande parte da temporada lida com a gravidez de Grace (Athena Karkanis) que começa com a dúvida sobre quem é o pai, mas que é logo dissipada quando a mãe passa a ter Chamados, além do relacionamento de mestre-pupilo entre ele e TJ (Garrett Wareing) e, depois entre TJ e Olive (Luna Blaise) em um daqueles romances óbvios que, porém, acaba de maneira mais do que abrupta quando o jovem decide quase que do nada estudar no Egito para ver se descobre mais sobre Al-Zuras.

Em termos de resolução de mistérios, achei no mínimo estranho o retorno ao tema dos fantasmas vistos brevemente na temporada inaugural e a revelação de que eles, ao que tudo indica, seriam os três fabricantes de metanfetamina que acabam sequestrando Cal ao final (segunda vez em duas temporadas que Cal some…). O fato de o líder dos bandidos aparentemente saber dos Chamados e de eles não serem achados no lago congelado ao final parece mais uma daquelas peças soltas em um quebra-cabeças já bem difícil de montar de maneira a seguir uma lógica interna minimamente razoável.

No final das contas, mesmo mais organizada, a segunda temporada de Manifest faz o que toda série erigida ao redor de mistérios faz: entrega meias-respostas ao mesmo tempo em que acrescenta outras diversas perguntas e possibilidades. Ou seja, o projeto de Rake é, muito claramente, empurrar todas as verdadeiras respostas sobre o que afinal aconteceu ao voo 828 e a seus passageiros para os últimos episódios da série, provavelmente fazendo com que os mistérios todos sejam revelados como um evento mágico (ou algo nessa linha) que acontece de tempos em tempos por razões incertas e não sabidas. Continua, claro, sendo uma jornada descompromissada, rasa e divertidinha, ainda que novelesca e repetitiva demais, e que, claro, arrisca decepcionar na hora do “vamos ver”.

Manifest – 2ª Temporada (EUA, de 06 de janeiro a 06 de abril de 2020)
Criação: Jeff Rake
Direção: Joe Chappelle, Claudia Yarmy, Nathan Hope, Sherwin Shilati, Marisol Adler, Mo Perkins, Jean de Segonzac, Nicole Rubio, Ramaa Mosley, Michael Smith, Andy Wolk, Romeo Tirone
Roteiro: Jeff Rake, Bobak Esfarjani, Laura Putney, Margaret Easley, Jeannine Renshaw, MW Cartozian Wilson, Simran Baidwan, Matthew Lau, Marta Gené Camps, Ezra W. Nachman
Elenco: Melissa Roxburgh, Josh Dallas, Athena Karkanis, J. R. Ramirez, Luna Blaise, Jack Messina, Parveen Kaur, Matt Long, Daryl Edwards, Elizabeth Marvel, Frank Deal, Garrett Wareing, Ellen Tamaki, Maury Ginsberg, James McMenamin, Devin Harjes, DazMann Still, Jared Grimes
Duração: 557 min. (13 episódios)

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