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Crítica | Amiga do Inimigo

A busca frenética de uma garota por um anônimo das redes sociais.

por Leonardo Campos
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As redes sociais dominam a comunicação na contemporaneidade, desde os públicos mais jovens aos adultos que encontraram, neste espaço virtual, uma maneira de empreender diversos elementos, desde capitais simbólicos aos produtos que vão da própria personagem social criada pelo indivíduo aos materiais que envolvem culinária, moda, educação, dentre outros. É um circuito de trocas, sentimentais e materiais, lugar para entretenimento e escrita de si para a contemplação do outro. Amiga do Inimigo, comédia adolescente disponibilizada pelo serviço de streaming Netflix, aproveita-se deste local que domina as relações contemporâneas para versar sobre os problemas do anonimato na internet, entregando ao público um mote que é resolvido de maneira bastante ineficaz, mas que possui pontos didáticos para articulação nos debates com as plateias que se identificam com os pontos abordados ao longo da narrativa de 90 minutos.

Na trama dirigida por Plínio Scambora e escrita por Bruno Alcântara, acompanhamos a jornada de Bia, interpretada por Viih Tube, a famosinha Vitória Felício Moraes, atriz, youtuber, influenciadora digital e recém-participante do reality show Big Brother Brasil. Elétrica, com diálogo e ações frenéticas muitas vezes difíceis para acompanharmos, ela decide investigar uma situação peculiar que acontece na dinâmica de suas relações na escola. Alguém, intitulado Anônimo do Recanto, está espalhando as intimidades dos seus amigos e demais conhecidos pelas redes sociais, comprometendo segredos que deveriam estar devidamente guardados em prol da manutenção da integridade de todos os envolvidos nesta teia de manipulação e chantagem virtual, uma postura criminosa cada vez mais comum e debatida na mídia.

Em sua condução bastante irregular, em especial, na falta de habilidade da personagem em gerenciar informações, haja vista as caóticas idas e vindas de sua investigação, Amiga do Inimigo é aquele tipo de narrativa focada nas celeumas envolvendo adolescentes nos corredores de suas escolas. Dramas interiores, paixões, desejos, além dos irritantes estereótipos, arquétipos criados para estabelecimento do escárnio que hoje, consideramos incorreto em termos de representação: brincadeiras com o gago, a patricinha clichê e o valentão perpetuador do Bullying, dentre outros. Ademais, a produção carece de investimentos visuais, com direção de fotografia simplista demais, sem as ousadias que até mesmo os adolescentes amadores fazem com seus celulares, bem como limitações cenográficas que acabam tornando o desenvolvimento tedioso.

Bia, a presidente da classe, cria uma linha de raciocínio divertida para identificar este problema envolvendo as redes sociais em sua escola, movendo até mesmo os interesses de uma jornalista que decide cobrir o caso, colocando a situação como uma pauta importante de seu cotidiano profissional. Em linhas gerais, o filme cheio de problemas pode servir como entretenimento para menos exigentes, ou então, ser trabalhado numa dinâmica pedagógica para promoção de debates sobre responsabilidade civil nas redes sociais e, além disso, ampliar debates sobre comportamentos desta geração, utilizando ilustrações do próprio filme para discernir sobre aquilo que é certo ou errado. Leviano, Amiga do Inimigo falha, mas tem algumas coisas rapidamente interessantes para quem vai conferi-lo e pensa-lo nas perspectivas mencionadas.

Amiga do Inimigo (Brasil – 2020)
Direção: Plinio Scambora
Roteiro: Viih Tube, Bruno Alcântara
Elenco: Viih Tube, Bruno Alcântara, Vivi Wanderley, Luiza Parente, Vitória Castro, Thomaz Costa, Joãozinho
Duração: 78 min

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