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Crítica | Superman & Lois – 2X12: Lies That Bind

A verdade sobre mentiras.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Aqueles que acompanham minhas críticas de Superman & Lois sabem que eu adoro a série, mas essas constantes “paradas na programação” sem aviso prévio e sem critério têm sido muito frustrantes e irritantes. A segunda temporada começou dia 11 de janeiro de 2022 e, cinco meses depois, não chegamos ao seu final, com, eu desconfio, outro hiato se avizinhando após o 13º episódio. A temporada foi afetada pela pandemia? Os intervalos são comercialmente interessantes? Tudo bem, eu entendo, mas então que a coisa seja feita de maneira civilizada, como a AMC faz com The Walking Dead e Fear the Walking Dead, dividindo as temporadas em duas metades e não essa completa bagunça que vem sendo feita aqui.

Bem, extravasada minha reclamação que nada tem a ver com a qualidade da série em si, ainda que afete a experiência como um todo, vamos então falar de Lies That Bind que lida com as consequências da revelação para Lana, por Clark Kent, que ele é o Superman. Considerando que esse é o grande dilema do episódio e que a série, como não canso de dizer, tem a bem-vinda tendência de lidar com o mundano mesmo tendo super-heróis como pano de fundo, acabei gostando do que vi. Mesmo tendo que aguentar Lana perguntando de novo algo como “então você é o Superman” com Clark flutuando à sua frente e alguns flashbacks que só tornaram ainda mais ridículo o fato de ela nunca ter percebido nada, o fato de ela internalizar a novidade de maneira adulta como deveria ser, apenas seguindo sua vida e engolindo a frustração por terem mentido para ela por praticamente sua vida toda, foi um acerto do roteiro de Rina Mimoun.

Mais do que isso, ela somente soltar o verbo em cima de Lois Lane, por ter construído a amizade entre elas sob falso pretexto – o que pode ser visto como um exagero, mas, na verdade, não é – foi uma excelente maneira de lidar de verdade com a revelação. Lana entende o porquê do segredo, mas não consegue aceitar, com a mesma facilidade, que ela tenha sido mantida no escuro quando o casal voltou à Smallville. Da mesma forma, apreciei que Lana tenha compreendido a dificuldade de se contar algo assim para seus entes queridos não pela reação deles, mas sim pelo que eles então seriam obrigados a omitir a partir da revelação. Diferente da maneira boba com que o segredo é mantido e que abordei em detalhes na crítica anterior, o que se vê é Lana se recusando a perpetuar a cadeia de mentiras e, no processo, exigindo que a conexão entre as famílias seja cortada, algo que, claro, não durará muito tempo, mas que é importante que ocorra logo de cara.

Poucas séries de super-heróis da linha de Superman & Lois (só para diferenciar da pegada de obras como Patrulha do Destino, Legion e algumas poucas outras que ficam algumas prateleiras acima) teriam coragem de lidar de maneira tão adulta – e, portanto, naturalmente anticlimática – com assunto em tese tão explosivo. Foi assim com a separação de Lana e Kyle que, aliás, ganha mais uma simpática camada de conexão do pai com sua filha que, quase como um passe de mágica, tornou-se compositora e cantora, e, agora, com a identidade do Superman, mesmo que eu não enxergue um potencial dramático muito amplo para isso no momento.

Falando em potencial dramático, já quero logo dizer que Tal-Rho trabalhando ao lado de Kal-El é sensacional. A acidez dos comentários do ex-magnata em contraste com aquela inocência típica de seu meio-irmão é uma dinâmica excelente e creio que a série só tem a se beneficiar disso, mesmo que, aqui, na prática, aquela historinha de destruir o talismã tenha sido bastante preguiçosa, com uma solução tão óbvia para um problema apresentado como tão complexo, que chegou a ser ridícula. E não ajudou em nada que a versão superpoderosa de Ally Alston, aproximando-se da versão feminina do Parasita dos quadrinhos, seja estupendamente desapontadora. Se ela, antes, não me convencia como vilã, agora basicamente sendo uma supermulher com o poder extra de absorver poderes dos outros não me parece cumprir a promessa do tão citado endeusamento da junção das “duas metades” de uma mesma pessoa. Se alguma coisa, o que vemos foi, na melhor das hipóteses, legalzinho e, na pior delas, completamente genérico e sem graça.

Lies That Bind consegue desamarrar bem o anticlímax bisonho que foi a revelação da identidade secreta do Superman, trazendo a história para um lado bem pessoal, além de novamente colocar os irmãos kryptonianos trabalhando juntos, com a promessa de Jonathan Kent ganhar poderes por intermédio da armadura criada secretamente (porque seu pai deve ser muito avoado para não perceber…) por Natalie. Fica a torcida para que os três episódios restantes venham mesmo nas três próximas semanas e não ao longo de mais sei lá quanto tempo de enrolação.

Superman & Lois – 2X12: Lies That Bind (EUA, 31 de maio de 2022)
Criação: Todd Helbing
Direção: David Mahmoudieh
Roteiro: Rina Mimoun
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner, Jenna Dewan
Duração: 42 min.

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