Home FilmesCríticas Crítica | Paris, 13º Distrito (2021)

Crítica | Paris, 13º Distrito (2021)

Os encontros e desencontros da juventude parisiense.

por Roberto Honorato
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Depois de ter conseguido uma visibilidade maior por conta de Ferrugem e Osso, Jacques Audiard passou pela experiência de dirigir uma grande produção de alto orçamento com o divertido Os Irmãos Sisters, que contou com produção de vários países e um elenco de peso, com Joaquin Phoenix e Jake Gyllenhaal. Para seu próximo longa, decidiu retornar para a França e focar em um projeto de menor escala, mas não menos importante, uma comédia romântica sobre os encontros e desencontros da juventude parisiense em uma história sobre descoberta sexual e a própria identidade.

Procurando alguém com quem dividir o aluguel do apartamento, Émilie (Lucie Zhang) conhece o estudante Camille (Makita Samba), com quem acaba se envolvendo, mas entra em um acordo de nunca mudar o status de sua relação, permanecendo colegas de quarto, mas mantendo o sexo. Quando a relação parece estar ficando séria, Camille vai embora, mas acaba se apaixonando por Nora (Noémie Merlant), com quem trabalha e tem uma relação ainda mais complexa. Assim, Émilie precisa lidar com a separação, além de outros problemas familiares, enquanto Camille avalia suas opções e Nora passa por uma jornada de autodescoberta.

Por conta da proposta, o filme pode seguir mais de um caminho na execução da trama, e decide uma abordagem que pode confundir no começo, mas logo passa a fazer sentido. Ao invés de alternar entre os núcleos dramáticos de princípio, o filme passa sua primeira meia hora focando em uma trama, mas quando revela outros núcleos e personagens, adota uma montagem mais linear, alternando entre as histórias, que tem Camille como o ponto de conexão entre Émilie e Nora.

Depois de um tempo, a trama de Nora parece controlar o filme, em uma narrativa com mais reviravoltas e relações complexas, enquanto Émilie lida com um dilema que, por mais instigante seja a promessa, não tem o mesmo fôlego, e passa a ser o núcleo menos envolvente ao longo do caminho – isso pode ser apenas a minha impressão por conta da interpretação de Noémie Merlant (Retrato de uma Jovem em Chamas), uma ótima atriz assumindo o papel mais “complexo e delicado” do longa. Camille, que funciona como o fio condutor entre as duas personagens, precisa se adaptar constantemente, o que cria uma inconsistência em suas ações, mas nesse caso podemos considerar uma vantagem por conta dos debates que a obra traz sobre inseguranças, solidão e sexo.

Com personagens interessantes como esses, a estrutura narrativa não compromete tanto o ritmo, sem contar que há um ótimo trabalho de ambientação por conta da direção de arte de Paul Guilhaume e a música original do compositor Rone. Ambos exploram Paris como um ponto cultural, cheio de possibilidades românticas e encontros carregados de paixão, com cada relacionamento carregando uma idiossincrasia marcante que deixa a experiência bem mais natural.

Em uma cidade tão grande, não faltam pessoas à procura de conexões, e elas podem se encontrar no universo de Paris, 13º Distrito, embora isso não garanta que deixarão de se sentir perdidas. Mas essa é a graça, a descoberta – e Jacques Audiard sabe bem disso.

Paris, 13º Distrito (Les Olympiades) – França, 2021
Direção: Jacques Audiard
Roteiro: Jacques Audiard e Léa Mysius
Elenco: Lucie Zhang, Makita Samba, Noémie Merlant, Jehnny Beth, Oceane Cairaty, Pol White, Geneviève Doang, Xing Xing Cheng, Anaïde Rozam, Rong-Ying Yang, Fabienne Galula, Lilian Nze Nong, Tony Zola
Duração: 115 minutos

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