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Crítica | Olhos Assassinos

Slasher Safra 1981 expõe os horrores de um sádico assassino misógino.

por Leonardo Campos
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Escrever sobre Olhos Assassinos, slasher integrante da rentável Safra de 1981 foi retornar aos meandros da memória e observar o quão assustador foi a minha jornada preambular de cinéfilo. Assistido pela primeira vez na televisão aberta, lá pelos idos dos anos 1990, a narrativa de assassinatos em sequência e perspectiva psicótica misógina deixou marcas profundas por duas situações em específico: a morte de um dos namorados de uma das vítimas, figura ficcional que teve a sua cabeça colocada dentro de um aquário, além da perseguição final com a irmã da protagonista, uma garota cega, surda e muda, sobrevivente de uma situação do passado que a deixou nesta complexa condição que em meu ponto de vista, era assustadoramente insuportável de se pensar. Muitos anos depois, numa pesquisa pelos recursos de varredura do Google, redescobri esta narrativa que é a cara dos filmes de suspense exibidos no saudoso Super Cine, conteúdo de uma época mais “porra louca” da televisão aberta, onde produções de terror passavam sem muitos filtros e preocupações com o impacto diante do espectador.

Quando soube que Olhos Assassinos era um slasher, confesso que fiquei um pouco reticente. A sua afirmação como parte deste subgênero está ainda mais forte, haja vista o seu lançamento em mídia física recente no mercado brasileiro, associado numa coleção especifica sobre este subgênero, já em sua décima primeira edição que resgata clássicos para nós, amantes dos filmes de terror. Inicialmente achei que faltava a máscara, o segredo do passado envolvendo o assassino, a vingança e a perspectiva gótica de local afastado e assombroso, mas ao passo que fui desvendando o subgênero nos artigos sobre as suas fases, pude observar que ser um slasher é fazer parte de um esquema repleto de variações. Diante do exposto, as mortes de mulheres em sequência, um maníaco impiedoso e a busca da protagonista por aniquilação do mal e reestabelecimento da ordem colocava esta produção de 84 minutos dentro do segmento. Por ter Tom Savini na supervisão da maquiagem e dos efeitos, o elo estava ainda mais garantido.

Na trama, dirigida por Ken Wiederhorn, cineasta guiado pelo roteiro de Eric L. Bloom e Ron Kurz, somos apresentados ao cotidiano de Jane (Lauren Tewes), uma âncora que atua no telejornalismo e se mostra completamente abalada por assassinatos em sequência que estão aterrorizando a cidade. O primeiro deles não é apresentado em cena, mas já surge na abertura, quando um fotógrafo ambientalista encontra um cadáver numa de suas jornadas de trabalho. O caso vai para a mídia, o colega de bancada de Jane, um homem que aparentemente não se importa verdadeiramente com o tom misógino dos crimes, tenta criar um tom otimista para a sociedade, mas a personagem sempre toma as rédeas e dá ao caso um destaque que está de fora do roteiro do jornal. Ela fica intrigada, ainda mais depois de ver o seu vizinho chegando na garagem, trocando de roupa e jogando coisas no lixo. Ela começa a desconfiar dele, um homem comum, chamado Stanley (John DiSanti) antagonista que nós sabemos ser o psicopata da história, responsável pela série de mortes expostas em cena.

Sem os habituais traumas que motivam os assassinatos, ele é apenas um homem comum, corpulento e impiedoso, viciado em matar, tendo nas mulheres as suas principais vítimas. Os personagens masculinos que morrem é porque estão no caminho e funcionam como obstáculos para a sua sanha assassina com facas, cutelos e outras armas, utilizadas para criar temor e facilitar a sua ação que ainda envolve estupro, cenas demonstradas com detalhismo, numa narrativa que não poupa a violência contra as mulheres, tampouco as cenas de nudez feminina, o velho e clássico olhar voyeur deste tipo de narrativa. Jane tem uma preocupação extra para o seu cotidiano, pois a sua irmã Tracy (Jennifer Jason Leigh), no passado, foi vítima de uma figura semelhante, motivação para a sua situação física atual. Ela se tornará um dos alvos de Stanley, principalmente depois que Jane faz uma ligação ameaçadora e o maníaco só reconhece a voz após assistir ao telejornal e identifica-la. Acompanhamos tudo isso pelo ponto de vista assertivo da direção de fotografia de Mini Roja, adornada pela curiosa trilha de Richard Einhorn, bem a cara de um melodrama na maioria das passagens de Olhos Assassinos. Ademais, há um “quê” de Alfred Hitchcock na trama, em especial, Frenesi, um de seus últimos filmes. Para quem curte o subgênero, devo dizer que este é um dos melhores da profícua fase de 1981.

Olhos Assassinos (Eyes of a Stranger, EUA – 1981)
Direção: Ken Wiederhorn
Roteiro: Rosemary Ritvo, Alfred Sole
Elenco: Bob Small, Lauren Tewes, John DiSanti, Ted Richert, Gwen Lewis, Kitty Lunn, Peter DuPre, Timothy Hawkins, Toni Crabtree, Jennifer Jason Leigh
Duração: 85 min.

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