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Crítica | Invencível – Vol. 16: Laços Familiares

Um vírus maldito.

por Kevin Rick
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Laços Familiares continua a abordagem narrativa do volume anterior em relação à questionamentos morais e reflexões sobre o que verdadeiramente é heroísmo e o velho debate do “bem maior” para justificar escolhas controversas. Kirkman aumenta o escopo da discussão terráquea sobre os atos do Dinosaurus para nível universal com as decisões discutíveis de Allen, agora líder da Coalizão de Planetas. O conflito da história circula o acordo de Mark e Nolan com os Viltrumitas na Terra, visto por Allen como um problema a longo prazo, decidindo erradicar os antagonistas restantes com um vírus, arriscando extinguir a humanidade no processo.

O tratamento do texto é extremamente ambíguo, dispondo de muitas conversações e conflitos morais entre os personagens principais. Gosto bastante do aspecto mais maduro que isso proporciona aos dramas narrativos, indo por diferentes camadas, desde o escopo épico de uma ópera espacial, também com uma leve linha política nos diferentes jogos de interesses e réplicas do elenco, até a questão mais intimista com as discussões rondando dinâmicas entre amigos e familiares. Nesse processo, é preciso enaltecer o trabalho de Kirkman com diálogos na sua história com mais balões de fala, aparentemente emprestando dos seus ótimos embates éticos e de sobrevivência de The Walking Dead, sendo possível notar como o volume se torna gradualmente realista, também enfatizado pela arte seca de John Rauch em três edições, substituindo o visual lúdico de FCO Plascencia.

Carrego uma reclamação do volume anterior, porém, em relação a como algumas decisões de personagens soam deslocadas para suas personalidades e ações até aqui, anteriormente com Mark libertando Dinosaurus, e agora com Allen arriscando a vida de bilhões de pessoas. Parecem escolhas convenientes para a história e nem tanto para o que conhecemos dos personagens, mas funciona para estabelecer os ótimos conflitos que acompanhamos. No fim, os frutos rendidos compensam o pequeno estranhamento, trazendo pontos de reflexões e rupturas dramáticas bem encorpadas e que recontextualizam os temas da série de maneira mais amadurecida e precisa em seus diferentes contrastes, em especial entre Mark e Oliver.

Além dos irmãos, Kirkman é excelente na distribuição de tempo para diferentes figuras pontuando suas ideologias, egoísmos e vantagens, como pontuei no início da crítica. De Nolan no começo volume, até a surpreendente participação ativa de Thragg na situação, todos os personagens ganham seus momentos de brilho, também sobrando louvores para a maravilhosa construção do Dinousaurus, rapidamente subindo no ranking de melhores personagens da série. Como sempre, Kirkman também encontra espaço para diluir pequenas subtramas e elementos importantes, como a descoberta da linhagem de Mark, que terão futuro impacto e já criam boas intrigas na história em questão – a descoberta também proporciona uma leve similaridade para tramas palacianas. Por fim, Laços Familiares é uma das narrativas mais maduras de Invencível, encharcada de ambiguidade e debates éticos/morais que vão além da violência visual, também voltadas para camadas íntimas e relacionamentos pessoais da casta de indivíduos da obra.

Invencível – Vol. 16: Laços Familiares (Invincible – Vol. 16: Family Ties) – EUA, 2012
Contendo:
Invencível #85 a 90
Roteiro: Robert Kirkman
Arte: Ryan Ottley, Cory Walker
Colorista: John Rauch, FCO Plascencia
Letras: Rus Wooton
Editora original: Image Comics
Páginas: 198

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