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Crítica | Pânico ao Anoitecer

Um misterioso maníaco que certamente inspirou Sexta-Feira 13 Parte 2.

por Leonardo Campos
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Será a inspiração para o visual de Jason em Sexta-Feira 13 parte 2? Foi essa a pergunta que me fiz ao longo dos 90 minutos do morno, mas curiosamente macabro Pânico ao Anoitecer, filme que se coloca como um dos representantes do proto-slasher, fase de formação do subgênero que se delineia cabalmente em Halloween: A Noite do Terror, de 1978, transformando-se ao longo das décadas seguintes e atravessando fases bem específicas nos desdobramentos de sua história enquanto segmento rentável do cinema de terror. Dirigida por Charles B. Pierce, cineasta que se guia pelo texto dramático de Earl E. Smith, a narrativa nos apresenta o básico enredo de um assassino misterioso e mascarado, a deixar uma trilha de corpos numa cidade aparentemente tranquila, conhecida por amenidades, encontros furtivos e eventos de pequeno porte. Com o estabelecimento das mortes sem uma explicação detalhada, um clima de medo e histeria se desenvolve e a sensação de todos é a possibilidade de ser a próxima vítima.

Nos desdobramentos de Pânico ao Anoitecer, temos um texto dramático com muito potencial para ser uma daquelas histórias desesperadoras de deixar os espectadores roendo as unhas, haja vista a proximidade com o realismo de sua situação, isto é, um antagonista de carne e osso, sem toques sobrenaturais, a espalhar o medo por onde passa. É algo que pode acontecer com qualquer um, do lado de cá da minha tela ou do seu, enquanto leitor. Há, no entanto, um ritmo frágil que impede mais emprego de emoção no desenvolvimento deste proto-slasher. É o que chamo de potencial desperdiçado. Na trama, o tal assassino que usa um saco de tecido branco na cabeça, com furos no lugar dos olhos, aniquila as vítimas indefesas de Texarkansa, cidade situada na divisa entre o Arkansas e o Texas, na região sul dos Estados Unidos. A história é inspirada nos crimes ocorridos entre fevereiro e maio de 1946, atribuídos ao psicopata chamado de Fantasma, uma figura que nunca foi encontrada, numa história de horror sem solução.

Os realizadores tentam imprimir um tom de verdade já na abertura, trazendo uma narração sobre os acontecimentos na voz de Vern Stierman, um locutor de textura firme, ideal para o estabelecimento do clima de Pânico ao Anoitecer. Ele expõe as características da cidade, versa sobre as incertezas do local no pós-guerra, comenta a confiança de um futuro com perspectiva positiva, numa existência com tranquilidade até o momento de início dos crimes sem explicação. Tudo isso, com a direção de fotografia semidocumental de James W. Roberson, setor que assegura o bom tom nos primeiros momentos deste slasher. A sua observação dos ataques também consegue construir passagens relevantes, acompanhadas pela trilha sonora de Jaime Mendonza, setores que cumprem bem o esperado de um filme do segmento, produção que só se perde com o arrastar demasiado para o estabelecimento dos acontecimentos.

O primeiro casal a ser atacado consegue garantir a sobrevivência. O aviso, no entanto, já estava dado. Alguém disposto a tirar a paz e a sensação de segurança passava pela região e o recolhimento e o cuidado redobrado eram mais que necessários. O xerife Baker (Robert Aquino), o chefe Sullivan (Jim City) e o delegado Norman Ramsey (Andrew Pine), representantes da lei, ficam com os radares ligados, antenados com a possibilidade de um novo ataque. Como toda cidade, a juventude parece querer desafiar o perigo e o próximo casal atacado é morto. Depois outros jovens na saída de uma formatura. O assassino, mais ousado, ataca uma família dentro de sua própria casa. Desta maneira, nenhum lugar é seguro e, para ajudar os policiais, temos a entrada do patrulheiro JD Morales (Ben Johnson), figura que ajudará na caçada do antagonista que não é encontrado, numa história que termina com o sumiço misterioso do psicopata e deixa precedentes para a continuação direta da Blumhouse, Assassino Invisível, lançada em 2015.

Pânico ao Anoitecer (The Town That Dreaded Sundown, EUA – 1976)
Direção: Charles B. Pierce
Roteiro: Earl E. Smith
Elenco: Ben Johnson, Andrew Pine, Dawn Wells, Jimmy Clem, Jim Citty
Duração: 86 min.

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