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Crítica | A Morte Convida Para Dançar (1980)

Slasher dos anos 1980 é uma grande lição de tédio e humor involuntário.

por Leonardo Campos
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Conhecido por determinadas gerações que viveram a efusiva e divertida era dos filmes assistidos exclusivamente na televisão aberta, quando anunciados com estardalhaços pelas emissoras, A Morte Convida Para Dançar é uma daquelas produções respeitadas em nossa memória até o momento em que decidimos revisitá-la. Arrastado e ineficiente na construção da tensão, o slasher trouxe Jamie Lee Curtis mais uma vez como intérprete de uma personagem protagonista e perseguida por um assassino mascarado. Nem a presença da atriz e de outros nomes acima da média, como Leslie Nielsen, conseguem tornar a trajetória de 92 minutos do filme interessantes. As suas cenas de ação beiram ao bizarro, o antagonista não oferece medo o suficiente para deixar os personagens e, consequentemente, nós espectadores, mergulhados numa atmosfera de medo e horror como promete o seu título. Ademais, guiado por uma direção pouco firme, o slasher por ausência de emoção suficiente, problema que evidencia todos os seus defeitos.

Dirigido por Paul Lynch e escrito por William Gray e Robert Guza Jr., A Morte Convida Para Dançar é, como já mencionado em outras palavras, demasiadamente irregular. Vejamos a trama: basicamente, um assassino em série segue as regras básicas do subgênero em questão ao passo que cria uma trilha de corpos pelo caminho que atravessa. Os meios de comunicação noticiam que um maníaco sexual desfigurado após um acidente de carro, evento ocorrido durante sua tentativa de fuga, escapou do hospício e se encontra solto, um perigo para as pessoas da região que podem se tornar vítimas incautas desta figura altamente periculosa. Quando os crimes começam a acontecer, as suspeitas são todas direcionadas para este personagem, mas nós sabemos que ele talvez não seja o grande responsável pelos macabros crimes que vão ocorrer na noite do baile de formatura. Sim, mesmo diante do perigo, como já é de se esperar, os jovens da cidade não querem cancelar a festa de jeito nenhum.

É uma oportunidade para sexo, bebidas alcoólicas e dança. E, por falar em coreografia e gingado, vamos combinar que as dancinhas expostas no filme são bastante constrangedoras. Assista e tire você mesmo as suas próprias conclusões, caro leitor. Combinado? Voltemos: nesta mesma ocasião, os tais jovens começam a receber ligações estranhas de alguém que não se identifica, mas deixa apenas uma mensagem de ameaça. Quem será? Há algo que os jovens devem e que pode ser cobrado no tempo presente da narrativa? Seguindo os elementos básicos do slasher, A Morte Convida Para Dançar nos reforça as regras do subgênero. Um acontecimento do passado, isto é, a morte de uma criança depois de uma fatídica brincadeira inadequada de seu grupo, pode ser o motivo para o retorno de alguém que pretende relembrar tal dia e colocar em ordem os seus planos de vingança. Os anos se passaram, mas as lembranças ainda permanecem vivas, transformadas em combustível para os crimes expostos em cena pelo viés da relativamente assertiva supervisão de maquiagem e efeitos da equipe de Warren Keillor.

Contemplamos este terrível acontecimento na abertura, antes da apresentação de Kim (Curtis), filha do personagem interpretado por Leslie Nielsen, uma jovem como qualquer outra da época, movida pelos sonhos de ingressar na faculdade, das escolhas que precisam ser feitas e das curtições de alguém que está com a vida adulta apenas começando. Neste misto de emoções, por sua vez, alguém parece interessado em encurtar a sua trajetória e a dos demais que integram o seu ambiente de amigos e colegas. A figura antagonista, trajada com uma máscara de esqui, atravessa a narrativa cometendo crimes bizarros, acompanhado da trilha sonora badalada de Paul Zaza e Carl Zittrer, numa produção que brinca com alguns ângulos interessantes, parte integrante da direção de fotografia de Robert C. New. O final, anticlimático e pouco convincente, torna a produção ainda mais tosca do que já estava sendo. Transformado em franquia, foi chamado aqui no Brasil de Baile de Formatura e inseriu elementos sobrenaturais que em nada se conectam com a proposta de seu ponto de partida. Ah, ganhou refilmagem em 2008, também bastante irregular, mas que ainda consegue ser melhor que este slasher morno e bobo.

A Morte Convida Para Dançar (Prom Night/Estados Unidos– 1980)
Direção: Paul Lynch
Roteiro: William Gray, Robert Guza Jr.
Elenco: Jamie Lee Curtis, Leslie Nielsen, Casey Stevens, Anne-Marie Martin, Antoniette Bower
Duração: 89 min.

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