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Crítica | Pacificador – 1X07: Stop Dragon My Heart Around

Pacificando a dor.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Sei que a tosquidão está no coração de Pacificador, assim como esteve no de O Esquadrão Suicida e isso, para mim, dentro do conceito geral, faz parte do charme da série. Mas Stop Dragon My Heart é James Gunn sendo extra-tosco, com seu roteiro basicamente retratando o que mais próximo chegaremos, aqui, de uma luta de um super-herói contra um super-vilão, só que sem nenhum tipo de heroísmo e sem nenhuma grande cena que nos acostumamos a esperar de um conflito assim. E Brad Anderson, na direção, entra perfeitamente no espírito da coisa toda.

Nem mesmo o Dragão Branco abalroando o furgão com o Pacificador, Vigilante, Economos e Eagly, que poderia ser uma cena cheia de fogos de artifício, é mostrado em sua glória, com o vilão, todo paramentado com sua armadura à la Tony Stark, graças ao sacrifício um tanto quando idiota (mas de acordo com o personagem) do Vigilante, logo não passando de mais um sujeito que corre a pé atrás de suas vítimas juntamente com um pequeno grupo de supremacistas brancos com capuzes de saco de estopa branco – com chifre, para combinar com o chefe – na cabeça. É, para todos os efeitos, a versão propositalmente tosca para esse tipo de briga, com direito a guaxinim (Rocket, é você?) levando o capacete do Pacificador amarrado para despistar os manés.

Mas o que realmente destaca o episódio é que, apesar de toda a sua comicidade inerente, recheada de humor corporal como Economos entrando no carro com esforço, Eagly logo atrás bicando-o e, em seguida, ele saindo se arrastando, é que tudo é construído para ser o momento verdadeiramente catártico de Christopher Smith. Não só finalmente temos a oportunidade de saber exatamente o que aconteceu com seu irmão – e é mais horrível do que poderíamos imaginar, com Auggie fazendo rinha de galo, com direito a apostas, com os filhos -, como o fim de tudo é mesmo o fim de tudo, sem que Gunn tentasse passar um verniz de recém-adquirida fortaleza moral do protagonista, fazendo-o deixar o pai viver. Aqui, o Pacificador é o Pacificador que esperávamos ele ser desde o começo da série, só que, agora, com verdadeiro significado e não só zoeira. O tiro na cabeça do pai pelo filho é o filho lidando com seu trauma da única maneira que ele sabia lidar, ou seja, acrescentando mais trauma à sua vida.

Claro que Gunn é Gunn e ele soube inserir um “momento-fofura” não muito tempo depois, em que vemos Smith rezando por Eagly, com a águia levantando-se e mais uma vez abraçando seu parceiro, para a completa estupefação de Adebayo, que a tudo observava. Mas mesmo esse momento é bem inserido e também tem significado dentro da história, marcando o ponto em que a filha de Amanda Waller realmente – mas realmente mesmo – encontra seu propósito. Confesso que essas duas cenas – a execução de Auggie por Smith e Adebayo encontrando-se – ou, melhor dizendo, a forma como essas duas cenas são abordadas no episódio me surpreendeu. Em meio a todo o escracho, toda a tosquidão do que veio antes aqui e nos capítulos anteriores, essa “reviravolta” de pegada sóbria fez bem à série, com Anderson empregando lentes até solenes, que não fazem troça de nada e deixam os momentos falarem por si mesmos.

Nesse contexto todo, a história macro dos Borboletas perde a importância, como deveria perder mesmo, aliás. Claro que a bizarrice da “vaca leiteira” ao final certamente teve como objetivo trazer um sorriso aos rostos dos espectadores – sorriso de nojo, no meu caso… – e tornar a série ainda mais próxima à estrutura de O Esquadrão Suicida, criando todo o potencial para o final ser um festival corpos humanos e alienígenas empilhando-se em velocidade vertiginosa, mas essa será a cereja no bolo apenas. Para todos os efeitos, o que a série tinha de importante para dizer – e a surpresa é ela ter algo de importante para dizer – ela disse aqui, muito claramente, pelo menos para mim, o melhor episódio da temporada até agora.

Stop Dragon My Heart Around é Gunn sendo a melhor versão de Gunn que ele consegue ser. Em outras palavras, aqui vemos o roteirista encontrando equilíbrio entre humor descerebrado e drama relevante e o diretor que sabe abrir mão do ofício para entregar a alguém que, talvez, fizesse um trabalho melhor. Com o dever cumprido, agora é esperar para ver a gosmeira e o morticínio do final apocalíptico.

Pacificador – 1X07: Stop Dragon My Heart Around (Peacemaker – EUA, 10 de fevereiro de 2022)
Criação: James Gunn
Direção: Brad Anderson
Roteiro: James Gunn
Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma, Chukwudi Iwuji, Jennifer Holland, Steve Agee, Robert Patrick, Annie Chang, Lochlyn Munro, Elizabeth Ludlow, Rizwan Manji, Alison Araya, Lenny Jacobson, Nhut Le, Antonio Cupo
Duração: 46 min.

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