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Crítica | Gavião Arqueiro – 1X06: So This Is Christmas?

Um presente de Natal!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios.

O que mais poderíamos esperar do episódio de encerramento de Gavião Arqueiro do que o clímax da parceria entre Clint Barton e Kate Bishop repleto de doses generosas de tudo aquilo que faz desta, para mim, a segunda melhor série do primeiro ano da Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel, atrás apenas de WandaVision? Temos a leveza natalina que dá um sabor descompromissado a tudo o que vemos; a simpatia contagiante de Hailee Steinfeld contrastando com a rabugice de Jeremy Renner; sequências de ação grandiosas, mas sem trair o espírito do que veio antes; reviravoltas mais do que esperadas, mas não menos interessantes por causa disso e, claro, Vincent D’Onofrio, desta vez em carne, osso e muita gordura como o Rei do Crime novamente.

O verdadeiro grande valor da série é saber trabalhar seus protagonistas e criar uma ótima história de origem para Kate Bishop, para quem Clint Barton passa a tocha de Gavião Arqueiro, além de fazer uma bela homenagem ao sacrifício da Viúva Negra, cuja morte acompanha Clint e pesa em seus ombros, com sua catarse chegando pelo perdão – ou compreensão – de ninguém menos do que Yelena Belova, irmã de Natasha. Houve até espaço para a introdução de Maya Lopez que, sob o codinome Eco, inexplicavelmente, pois a personagem não diz a que veio, ganhará série spin-off em breve. É bem verdade que o impulso narrativo baseado em peças do vestuário – o uniforme de Ronin e o relógio Rolex que, como é revelado ao final, é de Laura, que foi Agente da S.H.I.E.L.D. – nos faz coçar um pouco a cabeça por ser um tanto bobinho, mas, se pensarmos bem, a série é bobinha e é isso que faz dela uma obra tão divertida, então está tudo em casa.

So This Is Christmas? é, basicamente, uma única e longa sequência de ação a partir do momento em que Clint reconhece que Kate é sim sua parceira e parte para fabricar suas trick arrows que são generosamente usadas no coitado do Rockefeller Center, com direito até mesmo à derrubada da icônica e gigantesca árvore de Natal. Não há muito espaço para diálogos, mas o que existem dão conta do recado e abrem o espaço para a pancadaria light com um monte de cenas impossíveis tiradas diretamente do Manual dos Clichês Cinematográficos, incluindo a sempre hilária chegada de uma quantidade absurdamente interminável de vilões agasalhados para levarem flechadas da dupla no ringue de patinação, valendo destaque, claro, para o furgão que é encolhido por Kate e, quando ela pergunta algo como “e agora?”, eis que vem uma coruja e leva o Matchbox embora!

Entre uma coisa e outra, aprendemos o que já sabíamos, ou seja, que Eleanor havia se bandeado para uma vida criminosa sob as asas do Rei do Crime e, quando ela tenta largar tudo para trás, o poderoso chefão resolve acabar com toda essa palhaçada, o que inclui até mesmo eliminar sua filha adotiva Maya. Em oposição a isso, Jack é inocentado e hilariamente portando uma espada em uma festa beneficente, usa-a para ajudar os Gaviões, basicamente colocando o Espadachim no lado dos mocinhos. Fica a esperança, aliás, que ele volte em alguma outra série ou filme (aliás, pensando aqui com os meus botões, eu preferiria muito mais uma série solo spin-off só dele do que de Eco, mas tudo bem…).

Tenho plena consciência, porém, que tenho que abordar o elefante na sala (he, he, he…). Afinal, que Rei do Crime foi esse vestido de camisa havaiana e chapéu de palha, com escritório em um restaurante/boate (ou sei lá o que) com aquelas cortinas de contas coloridas? As incongruências em relação à série do Demolidor da infelizmente finada parceria Marvel-Netflix são gigantescas e, francamente, inconciliáveis. Até admito que o que vemos não exatamente nega o que em tese veio antes, mas o objetivo parece ter sido pelo menos ignorar as temporadas, o que é, muito sinceramente, perfeitamente esperado. Portanto, no final das contas, mesmo que em um mundo ideal tudo pudesse viver em harmonia, a grande verdade é que o UCM tem um norte e esse norte, por enquanto, me parece justificar essa versão do Rei do Crime que vemos aqui, gostando dela ou não. Duas coisas, porém, são certas: (1) D’Onofrio continua sendo sensacional como o personagem e (2) esse é o Rei do Crime da série Gavião Arqueiro, ou seja, no mesmo exato tom do que está ao seu redor. Ah, se ele morreu? Pode ser que sim, pode ser que não, muito pelo contrário, mas sou partidário da tese que “sem corpo, sem morte”.

Em escala menor, o mesmo pode ser dito de Laura Barton. Afinal, o relógio muito claramente indica que ela é a Agente 19, ninguém menos do que Barbara “Bobbi” Morse, codinome Harpia, esposa de Clint Barton também nos quadrinhos. Acontece que Bobbi já apareceu em Agents of S.H.I.E.L.D., lá vivida por Adrianne Palicki. Isso quer dizer que AoS foi negada ou apagada do cânone? Não sei e, muito sinceramente, não importa. O que importa é que AoS existe e é ótima do mesmo jeito que Gavião Arqueiro existe e é ótima. Nada mudará isso nunca, seja o que Kevin Feige fizer ou deixar de fazer com ela e mesmo que muita gente surte tentando conciliar as coisas ou se descabele porque o mundo acabou…

Seja como for, Gavião Arqueiro acabou muito bem – e aquele número musical ao final só me fez ter mais vontade ainda que o Marvel Studios produza Rogers: The Musical – e deixou gostinho de “quero mais”. Mesmo que a ideia, lá para a frente, seja fazer com que Kate Bishop migre para o cinema, esta série tem muito mais potencial para continuar do que Loki, por exemplo, e não seria nada mal se uma segunda temporada fosse anunciada.

Gavião Arqueiro – 1X06: So This Is Christmas? (Hawkeye, EUA – 22 de dezembro de 2021)
Criação e desenvolvimento: Jonathan Igla
Direção: Rhys Thomas
Roteiro: Jonathan Igla, Elisa Climent
Elenco: Jeremy Renner, Hailee Steinfeld, Tony Dalton, Fra Fee, Brian d’Arcy James, Aleks Paunovic, Piotr Adamczyk, Linda Cardellini, Simon Callow, Vera Farmiga, Alaqua Cox, Zahn McClarnon, Florence Pugh, Ava Russo, Ben Sakamoto, Cade Woodward, Jolt, Clara Stack, Zahn McClarnon, Vincent D’Onofrio
Duração: 60 min.

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