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Crítica | Dexter: New Blood – 1X07: Skin of Her Teeth

E o cerco se fecha.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Agora não é mais possível dizer que Dexter: New Blood não avança em sua história a passos largos. Skin of Her Teeth vem para criar o que muito claramente é o começo do fim, com a convergência de todas as linhas narrativas, ainda que não acerte sempre, exigindo alguns pulos de lógica razoavelmente incômodos aqui e ali. Mas é sem dúvida um episódio que tira o véu de diversas dúvidas e já deixa entrever as linhas gerais do que pode vir por aí nos três episódios finais.

Começando imediatamente a partir do final de Too Many Tuna Sandwiches, vemos Dexter Morgan ser abertamente ele mesmo ao vestir as luvas de técnico forense e analisar o corpo semi-mumificado de Iris, amiga de Angela desaparecida há 25 anos. Não é uma cena muito longa e ela não contém elementos ligados diretamente à especialidade maior do personagem, ou seja, a análise de padrões de manchas de sangue, mas foi nostalgicamente gratificante ter um vislumbre do velho Dexter de outros tempos ajudando a polícia a solucionar crimes. E, interessantemente, é como se o próprio Dexter, ao fazer o que faz, estivesse ele próprio começando a cavar sua cova, já que é a partir de suas deduções que as engrenagens começam a andar não só para mirar os holofotes em Kurt, como nele mesmo.

O roteiro de Veronica West e Kirsa Rein até tem tempo de fazer finta e por diversos minutos nos deixa achando que Kurt está encalacrado e que Dexter conseguirá escapar mais uma vez, mas logo fazendo o jogo começar a virar não só em razão da estranheza que é Angela revelar sua suspeita para Dexter e ele não imediatamente reagir falando da cabana isolada de Kurt que visitara no dia anterior para salvar Molly, como também com a própria Molly, ao conversar com Angela, jogar mais fogo na fogueira ao provar que Dexter mentiu mais uma vez. E, é claro, para esfregar sal na ferida, recebemos a bombástica revelação surpresa de que Kurt sabe – ou no mínimo desconfia fortemente – que Dexter matou seu filho.

É esse último aspecto que me causa um pouco de estranheza. Não sei se compro as deduções para lá de sherlockianas de um Kurt bêbado que vai da neve que não é neve até a fornalha onde Dexter incinerou os pedaços de Matt Caldwell e de lá até o próprio Dexter. E isso é particularmente estranho considerando que em momento algum Kurt mostrou saber de algo, continuando a tratar “Jim” normalmente. Pode ser, mas não me parece que a aproximação de Kurt a Harrison fazia parte de algum projeto de vingança do serial killer nativo de Iron Lake e que ele estava guardando algo na manga para usar contra Dexter no momento em que isso fosse conveniente. São muitas peças móveis para permitir um lógica infalível à concatenação de eventos, ainda que futuros acontecimentos possam suavizar minha dificuldade em aceitar o que somos obrigados a aceitar aqui.

Seja como for, ver a “origem” de Kurt foi interessante, mesmo que talvez ela tenha sido um pouco apressada demais e, mesmo considerando a natureza psicótica do assassino em série em formação, um tanto quanto bizarra. Afinal, o Kurt mais jovem era marinheiro de primeira viagem ali e atirar em Iris no meio da rodovia me pareceu outra ponte ilógica que precisamos simplesmente aceitar para que tudo funcione sem maiores percalços, quase como se a dupla de roteiristas estivesse sem paciência para criar algo mais elaborado para esse flashback de relativa importância.

Claro que a continuada relação tensa entre Dexter e Harrison é outro ponto de destaque. Não gosto que a terapia foi defenestrada como opção viável, mas gosto que a ambiguidade sobre a natureza dos distúrbios de Harrions continua. Nada de defini-lo como isso ou aquilo. O que vemos, para todos os efeitos é um jovem traumatizado que teve suas memórias em tenra idade (uma micro ponta de John Lithgow como o Trinity Killer é sempre coisa boa de se ver!) reavivadas pelo podcast de Molly e que está reagindo a isso da única maneira que sabe, ou seja, com o uso da violência que, pelo visto, sempre foi seu único recurso disponível considerando a vida difícil que teve. Se a decisão de Dexter de revelar quem ele é de fato é o melhor caminho a se seguir – isso se ele tiver tempo e oportunidade para ter essa conversa, claro -, teremos que aguardar para ver.

Skin of Her Teeth, apesar de avançar a trama com velocidade vertiginosa, faz isso em detrimento de deduções mais cadenciadas por todos os envolvidos. Há facilitações de roteiro que cansam um pouco, mesmo que ver Dexter ser Dexter perante terceiros pela primeira vez na série seja um deleite e mesmo que a conexão entre pai e filho continue seguindo um bom caminho. Não tenho certeza, mas diria que as “férias” alongadas de Dexter em Iron Lake estão chegando a seu sangrento fim.

Dexter: New Blood – 1X07: Skin of Her Teeth (EUA, 19 de dezembro de 2021)
Desenvolvimento e showrunner: Clyde Phillips (baseado em obra de Jeff Lindsay)
Direção: Sanford Bookstaver
Roteiro: Veronica West, Kirsa Rein (baseado em história de Veronica West, Kirsa Rein e Alexandra Salerno)
Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones, Johnny Sequoyah, Alano Miller, Jennifer Carpenter, Michael Cyril Creighton, Steve M. Robertson, Fredric Lehne, Clancy Brown, Jamie Chung, John Lithgow
Duração: 45 min.

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