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Crítica | The Expanse – 6X02: Azure Dragon

O começo do contra-ataque.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers da série de TV, mas não dos livros (mantenham assim nos comentários, por favor). Leiam, aqui, as críticas das demais temporadas.

Se eu tiver que ser realmente honesto, seria forçado a concluir que Azure Dragon foi o verdadeiro começo da derradeira temporada de The Expanse, já que Strange Dogs não introduziu nada de realmente novo à série, não sendo mais do que uma espécie de resumo do status quo. E, como eu disse na crítica anterior, isso é um problema para uma série que ao mesmo tempo ainda tem muito o que contar e só tem seis episódios mais curtos que a média geral para isso. Mas pelo menos o segundo capítulo realmente avança a história e recoloca a série nos eixos.

Sem perder muito tempo, Bobbie embarca na Rocinante sob ordens de Avasarala não de ajudar a destruir a Azure Dragon, nave que controla os asteroides de Inaros que ameaçam a Terra, mas sim de capturá-la de forma que seus dados sejam extraídos para efetivamente eliminar a vantagem do revolucionário/terrorista. Apesar de essa “nova” Bobbie ser talvez fria demais com seus colegas, algo que pode ser fruto do tempo em que passou ao lado da Secretária-Geral das Nações Unidas, sua entrada altera um pouco a dinâmica da tripulação, de certa forma colocando em xeque a liderança de Holden, ao mesmo tempo que, para fins, narrativos, acelera sobremaneira a ação, já alcançando seu objetivo sem maiores delongas.

E as sequências de ação são, mais uma vez, o ponto alto da série, com uma perseguição espacial realista – ou que pelo menos convence por parecer realista – que usa a física dos objetos no vácuo do jeito clássico da série, trabalhando ângulos, distâncias, arquitetura sonora e tudo mais que compõe sua linguagem audiovisual de forma a subverter as expectativas de uma abordagem tipicamente hollywoodiana para a ficção científica. Aqui, o menos é mais e a condução da direção de Jeff Woolnough é exemplar mais uma vez, já que ele faz questão de deixar em evidência o elenco mesmo considerando a dificuldade desse feito em meio a trajes e capacetes espaciais e a velocidade com que tudo acontece.

Outro cuidado valioso, desta vez graças ao roteiro de Daniel Abraham e Ty Franck, a dupla de autores dos romances em que a série é baseada e que assinam com o nome único de James S.A. Corey, é trabalhar as sequelas psicológicas que o “pulo espacial” de Naomi na temporada passada deixou na personagem, impedindo-a de abordar a Azure Dragon como planejado, o que leva Peaches a substituí-la sem que ela, porém, siga, a hierarquia de comando. São pequenos detalhes como esse – e as consequências desses pequenos detalhes – que realmente dão corpo à sequência de ação como um todo, retirando-a do simples em tese lugar-comum que já vimos antes na própria série.

Na outra ponta, a ironia não passa despercebida quando as consequências do ato mortal de Filip são relativizadas por seu pai, agora todo-poderoso e, como toda pessoa em posição de poder, corrompido por ele e fazendo de tudo para dar seu próprio jeito para a coisa, ou seja, a boa e velha carteirada. Ver Marco Inaros concluir que a vergonha que seu filho certamente sente pelo que se tornou é suficiente como seu castigo é um momento embaraçoso para o líder da revolta e que pode marcar o começo de sua queda, algo que, claro, pode ser precipitado pelo fim de sua vantagem bélica em razão da captura da Azure Dragon.

Outro aspecto que parece conspirar contra Inaros é o plano que começa a se formar na mente de Drummer de usar aliados hesitantes e escanteados da Marinha Livre para possivelmente enfraquecer ainda mais a rebelião, com a destruição de reservas estratégicas de seu líder. Creio ser razoável concluir, a julgar pelo ritmo do episódio sob discussão, que teremos desenvolvimentos igualmente céleres nessa seara, o que certamente colocará pressão sobre Inaros e, consequentemente, tenderá a esgarçar sua coalizão.

Finalmente, é interessante notar que a história da menina em um dos planetas além do anel continua aqui, o que parece ser a tendência da temporada, dando-nos um vislumbre da colonização que vem ocorrendo por lá como uma forma de abordar, mesmo que de maneira discreta e “menor”, todo esse lado que certamente não ganhará espaço muito grande nos episódios que faltam. Confesso que chego a ficar com pena da jovem, pois ela não dá uma dentro e, depois de envenenar uma das criaturinhas, tenta salvar seus filhotes somente para destruir o drone de sua família e, ainda por cima, deixar o “cachorro estranho” fazer um lanche com o corpo da ave(?) que matou. Coitada da menina!

Depois de um começo menos do que perfeito, Azure Dragon traz The Expanse de volta à sua forma usual ao começar a empurrar Marco Inaros para a guerra aberta, sem os subterfúgios que vinha usando para manter as frotas da Terra e de Marte em compasso de espera. Mesmo faltando pouquíssimos episódios, quer parecer que o foco foi achado e os showrunners, agora, só precisam entregar um desfecho lógico desse conflito principal para encerrar a série com chave de ouro.

The Expanse – 6X02: Azure Dragon (EUA – 17 de dezembro de 2021)
Showrunners:
 Mark Fergus, Hawk Ostby (baseado em romances de James S. A. Corey, nom de plume de Daniel Abraham e Ty Franck)
Direção: Jeff Woolnough
Roteiro: Daniel Abraham, Ty Franck
Elenco: Steven Strait, Dominique Tipper, Wes Chatham, Shohreh Aghdashloo, Frankie Adams, Jasai Chase Owens, Keon Alexander, Frankie Faison, Michael Irby, Anna Hopkins, Brent Sexton, Sandrine Holt, Olunike Adeliyi, Sugith Varughese, Nadine Nicole, Jacob Mundell, José Zúñiga
Duração: 45 min.

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