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Crítica | A Roda do Tempo – 1X05: Sangue Chama Sangue

A roda dos guardiões.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios.

Sangue Chama Sangue faz com que A Roda do Tempo volte à mediocridade depois do ótimo episódio anterior. O quinto capítulo realmente me passou a impressão de que O Dragão Renascido foi um “erro” de percurso na temporada; um pontinho de luz em uma adaptação perdida.  Avançando um mês na linha temporal da série, o episódio se concentra nos personagens principais espalhados que chegam em Tar Valon, a sede da Aes Sedai, em especial no drama do guardião Stepin (Peter Franzén) que perdeu Kerene (Clare Perkins), a Aes Sedai que deveria proteger. A escolha por focar em Stepin, além da maneira como o roteiro desenvolve o resto da narrativa, faz com que tudo que eu elogiei no episódio passado, como montagem do núcleo triplo, construção de mundo e desenvolvimento de personagens, fossem completamente esquecidos.

Para quem gostou do núcleo de Stepin, me desculpem, mas aquilo deveria ter durado cinco minutos, e não tomado a frente da história. O intérprete do guardião é charmoso e consegue oferecer mais emoção em uma única cena do que todos os atores jovens juntos até aqui, mas o coadjuvante do coadjuvante ganhar os holofotes de uma temporada que já passou da metade é indicação de má narrativa. Antes de continuar nessa linha de argumento, apenas gostaria de pontuar que algo de bom saiu disso: o retrato do laço entre as Aes Sedai e seus guardiões, que é muito bem-feito em toda sua ternura e melancolia, resultando em um desfecho surpreendentemente emocionante na cena do funeral – e, para uma série cheia de atores mais ou menos, é preciso tirar o chapéu para Daniel Henney, que rouba cada instante de tela com seu estoico Lan Mandragoran.

Mas, bem, porque estou reclamando do foco em Stepin, então? Simples: a série tem elementos mais importantes e uma porrada de tramas apresentadas que são postas em pano de fundo para o relacionamento entre as feiticeiras e seus protetores ganhar um longo desenvolvimento episódico que facilmente poderia ter sido mais natural – como, aliás, vinha sendo. Notem como esse episódio deixa a temporada estagnada. Quase tudo que acontece nas tramas principais ou é corrido, como o núcleo de Egwene e Perrin que até começa intrigante com o canastrão Eamon Valda – que por algum motivo deixou o ar ameaçador para ser cartunesco e caricato… – mas acaba com uma resolução corrida e bobinha, ou então é irritantemente enfadonho e desinteressante, como no arco do Rand cara-de-paisagem e do Mat definhando. Felizmente, o ogier Loial (Hammed Animashaun) injeta um carisma cômico no núcleo que deixa a experiência levemente menos sonífera.

Em suma, parece que não acontece nada em Sangue Chama SangueÉ como se a roda não estivesse girando (he, he). O núcleo de Stepin, mesmo com toda a qualidade dramática e um bom desfecho, poderia facilmente ser mais econômico para que a narrativa ganhasse mais desenvolvimento da jornada principal e dos protagonistas, considerando que temos apenas mais três episódios para a temporada acabar. Nynaeve e Logain Ablar são descartados; a narrativa política indicada em Tar Valon só fica na sugestão; Rand e Mat poderiam sumir que não fariam falta; todo aquele desenvolvimento de horror religioso para a “Luz” é de um anticlímax de mal gosto com os lobinhos; e até a trama macro contra a escuridão aparentemente não tem importância. E sim, tudo isso (ou parte disso) pode vir a ser retificado nos próximos episódios, mas dificilmente de maneira satisfatória.

A Roda do Tempo é uma série que não flui. E se não há fluxo narrativo, não há imersão na experiência de fantasia. O Dragão Renascido parecia ser uma correção de percurso, dando um norte para a série através da montagem, o desenvolvimento de dramas pessoais durante a jornada que escondia os personagens rasos e a manutenção de aventura com o mal à espreita, seja o Fade” ou o Logain. No entanto, Sangue Chama Sangue prossegue isso fazendo regressão, dando menos espaço para o elenco principal na jornada aventureira e oferecendo pouca substância para os eventos importantes, como a questão do Dragão e desenvolvimento de mitologia. Volto a repetir, a fantasia genérica da série não funciona nesse tipo de narrativa entre quatro paredes, que manifesta as principais falhas da obra. O show não tem bons diálogos ou personagens intrigantes para sustentar isso. O que resulta em um enredo sem direção e uma temporada, agora, estagnada.

A Roda do Tempo (The Wheel of Time) – 1X05: Sangue Chama Sangue (EUA, 03 de dezembro de 2021)
Showrunner: Rafe Judkins
Direção: Salli Richardson-Whitfield
Roteiro: Rafe Judkins, Celine Song (baseado na obra homônima de Robert Jordan)
Elenco: Rosamund Pike, Josha Stradowski, Marcus Rutherford, Zoë Robins, Barney Harris, Madeleine Madden, Daniel Henney, Helena Westerman, Michael McElhatton, Alexandre Willaume, Álvaro Morte, Peter Franzén, Clare Perkins, Hammed Animashaun
Duração: 55 min.

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