- Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.
– Where’s the future?
– It’s right here.
– Whose life is this?
– Mine.
– So what are you gonna do with it?
– Live it…by any means necessary.
Às vezes The Flash lembra que, por mais repetitivo que seja, o drama da morte e o medo do futuro é o cerne da construção do personagem, seja nos quadrinhos, seja na série de TV. Armageddon, Part 3 resgata, sem medo, o básico que retoma uma qualidade inspirada no drama dos bons atores e na boa dose de autoajuda heroica, que se legitima quando os problemas são realmente grandes e desesperadores. Se o Armageddon não havia começado, esse episódio faz o dever bem feito de ir atrás dele, como uma boa série de herói de um velocista faria.
As frases de efeito na conversa entre Jefferson Pierce e Flash exposta acima resume o drama do episódio, mas que depende bastante da boa montagem da história com Cecile traumatizada pela morte de Joe e Iris West sendo a razão em meio a inseguranças. O vai e vem acumula bem os momentos dramáticos para chegar nas cenas que os dois super-heróis conversam, pois a proposta do episódio provoca uma cabo de guerra entre o peso do passado em ser exposto ou não – em relação a morte de Joe – e a desistência do futuro pelo avassalador presente trágico. Isso fica mais claro quando Despero se movimenta nessas blocos de história, além de observar com seu terceiro olho nas cenas mais escuras do episódio. Nessa toada, é como se a série entendesse o tempo e as medidas dos seus dramas novelescos, acertando em colocar trilhas sonoras ainda mais tristes, sem medo, ironicamente, de serem felizes em errar o grau ou não do limite do espectador com a apelação sonora.
Realmente fica subjetivo. Cecile tendo uma discussão de relacionamento com Iris West por uma longa duração, de gritos, de intensidades teatrais da atriz Danielle Nicolet sobre seu trauma com a perda de Joe é quase a mesma proporção de Barry de Grant Gustin “esperneando” para que Jefferson tirasse seus poderes. Não tem muito espaço para fugir de super dramas em Armageddon, Part 3. No entanto, existe uma base bem estabelecida no roteiro que reforça e sustenta esses momentos bem novelescos. Joe é um personagem muito relevante para série e o futuro realmente deu medo em Armageddon, Part 2, criando uma justificativa para que nossa experiência seja mais nada menos que consequência intensa e rápida das descobertas do episódio anterior. Nada mais justo e objetivo tratar dessa forma, em vista que o evento Armageddon propõe essa imersão no tempo mais uma vez na série, quando Flash pode ser perigoso no futuro e se quer evitar uma morte. É a mesma ideia que nós iniciamos a série, mas delicadamente invertida, pois não conhecíamos Nora Allen como conhecemos Joe, e não sabíamos tanto o quão perigoso poderia ser o futuro e as viagens no tempo, pois era algo que ainda iríamos descobrir.
Assim, a decisão de Armageddon, Part 3 ir para o futuro e encontrar uma reunião alternativa da família West como gancho desesperador é a fuga sendo confrontada e a expectativa se tornando descoberta. A reviravolta dramática do evento é que o futuro não chega, vai-se atrás dele, mesmo com medo. Enquanto o passado vai se revelando no trauma, mesmo que não se queira lembrar dele. Por isso a conversa de Jefferson e Barry é tão relevante, pois resume a lição moral heroica do episódio e dá um passo para o Armageddon iniciar novos dramas e desesperos com esse futuro de Eobard Thawne com Iris West? Eobard West? Eis a nossa boa novela.
The Flash – 8X03: Armageddon, Part 3 — EUA, 30 de novembro de 2021
Direção: Chris Peppe
Roteiro: Sam Chalsen
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Jesse L. Martin, Chyler Leigh, Cress Williams, Javicia Leslie, Osric Chau, Christian Magby, Ashley Rickards, Jon Cor, Tony Curran, Tom Cavanagh
Duração: 43 min.