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Crítica | Dexter: New Blood – 1X03: Smoke Signals

Tem fumaça, mas nenhum fogo.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não sei se estou com expectativas irreais em relação ao revival de Dexter, mas não creio que eu tenha real interesse em ver um episódio inteiro em que ele passa conversando consigo mesmo para decidir em que lugar esconder o corpo do sujeitinho mimado que ele matou, dando azo ao seu Passageiro Sombrio que permanecia domado há dez anos. Afinal, já vimos isso antes várias vezes ao longo de oito temporadas e a impressão que fica é que Clyde Phillips está jogando seguro demais, basicamente repisando o caminho mais viajado que ele mesmo desbravou nas quatro primeiras temporadas da série.

Sim, compreendo que há um elemento disruptivo na série que é justamente a presença surpresa de Harrison, mas mesmo ele não mostrou ainda o que tem a oferecer, além de aceitar com bastante tranquilidade as mentiras do pai e, agora, revelar-se como um defensor dos fracos e oprimidos e um exímio lutador de rua, capaz de paralisar seu oponente com sua versão de um “Force choke” digno de Darth Vader. Cheguei até mesmo a achar que ele se mostraria um excelente mecânico quando o carro de Audrey quebrou no meio da estrada, mas ainda bem que não, que a mecânica é mesmo a menina.

A rotina de a polícia usar a cabana de Dexter como base de operações para a investigação sobre o “sumiço” de Matt Caldwell, apesar de ter começado apenas no episódio anterior, já cansou, assim como já cansou também o quanto o ex-serial killer em recaída está enferrujado em seu hobby, tendo que se preocupar com despistes espertos que contam com uma mina em que mora um simpático urso e a queima do corpo no crematório providencial de uma fábrica. Só falta agora acharem um objeto de Matt em meio às cinzas, para Dexter ter que novamente se desdobrar em alguma situação milagrosa.

Mas notem que eu não estou achando New Blood exatamente ruim. Ver Michael C. Hall novamente na pele de seu icônico personagem é um prazer, assim como é ver Jennifer Carpenter como a fantasma de Debra e até mesmo o jovem Jack Alcott como Harrison (ele cada vez mais se parece com Dexter, não?), além de, lógico, o grande Clancy Brown como o pesaroso Kurt Caldwell, mas isso não é suficiente para sustentar a série. Nem mesmo a abrupta chegada da sempre agradável Jamie Chung como uma podcaster de crimes reais (coincidência ou não, essa é a terceira série em pouco tempo que lida, de uma forma ou de outra, com essa “profissão”, as outras sendo Truth Be Told e Only Murders in the Building) ajuda em algo para retirar a temporada de uma certa mesmice que quase que literalmente apenas troca céu azul e dias ensolarados em uma cidade grande por tempo nublado e muita neve em uma cidade minúscula.

Não ajuda muito a existência de um serial killer ali, aliás, pois não só é algo improvável dado o tamanho da população, como sua paciência, técnica e sadismo parecem querer forçar a criação de um grande “vilão” a ser colocado em antítese a Dexter de forma que possamos, mais uma vez, encarar o protagonista como um “herói”. E isso sem contar com a maneira um tanto quanto didática que o diretor encontrou para nos fazer reduzir nossas suspeitas aos mais óbvios nomes, o próprio Kurt ou o escorregadio magnata do petróleo Edward Olsen, o que será interessante apenas – e apenas se – for mesmo um dos dois como todas as pistas indicam, pois tirar outro maluco da cartola, mesmo dentre os personagens já apresentados, será o ponto alto da aleatoriedade.

Smoke Signals é apenas o terceiro episódio da temporada de 10, mas o “novo sangue” que o título prometeu ainda não apareceu de verdade. O que temos é um mais do mesmo que podemos chamar folgadamente de simpático em razão do apelo nostálgico de se ter Dexter Morgan de volta, mas por enquanto é só. Será necessário algo consideravelmente mais interessante para que o showrunner prove que trazer o personagem criado por Jeff Lindsay de volta às telinhas tem mais valor do que apenas o de face, que é, claro, a produtora cavoucando suas propriedades antigas para achar algo que pode ser recauchutado e vendido como novo.

Dexter: New Blood – 1X03: Smoke Signals (EUA, 21 de novembro de 2021)
Desenvolvimento e showrunner: Clyde Phillips (baseado em obra de Jeff Lindsay)
Direção: Sanford Bookstaver
Roteiro: David McMillan
Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones, Johnny Sequoyah, Alano Miller, Jennifer Carpenter, Michael Cyril Creighton, Steve M. Robertson, Fredric Lehne, Clancy Brown, Jamie Chung
Duração: 51 min.

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