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Crítica | Star Wars: Visions – 1ª Temporada

por Kevin Rick
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Avaliação geral
(não é uma média)

  • Há spoilers leves.

Remontando às suas origens nas décadas de 70/80, a franquia Star Wars teve inspiração tonal e visual nos filmes de samurai e outras obras de cineastas japoneses como Akira Kurosawa. Às vezes sutil e às vezes impressionante, essas homenagens foram perfeitamente tecidas na proposta de Space Opera da mitologia expansiva de George Lucas, ambientada em uma galáxia muito, muito distante.

Desde a saída de George Lucas, no entanto, a franquia cinematográfica tem se tornado uma órbita estreita em torno de um formalismo estilístico e narrativo nostálgico. A história serializada da família Skywalker se tornou o aspecto principal de uma obra inicialmente sobre universo, liberdade, expansão e, bem, infinito. Saindo dos longas-metragens, podemos ver a riqueza de histórias que existem fora da Saga Skywalker, demonstrando que Star Wars está frequentemente no seu melhor ao explorar novos enredos, mergulhar em personagens e planetas dos quais nunca ouvimos falar e fazer experiências com universos alternativos.

É fácil culpar a Disney e Kathleen Kennedy pela restrição criativa nos últimos filmes, causada pela maximização de lucros ao entregar o mais do mesmo nostálgico que abarrota cadeiras de cinemas ao redor do mundo (nem tanto para Han Solo, não é mesmo?). Contudo, grande parcela dessa culpa reside no fandom tóxico de Star Wars, intimamente preocupados e ofendidos quando não há “coerência de mitologia e lore” ou então quando veem seus personagens de infância serem “descaracterizados” em tela. Porque, claro, ninguém pode ferir o sagrado cânone de SW, pois não é sobre experiência e inovação, mas sim saudosismo, não é mesmo? Rian Johnson que o diga…

Então, que fantástico é assistir a nova antologia animada da Disney+, Star Wars: Visions, composta por nove curtas animados com duração de 13 a 21 minutos produzidos por sete estúdios japoneses. Livres de sequências temporais, do superestimado conceito lógico de cânone, e de estilos visuais comuns da franquia, a série abraça a maravilha ilimitada desta galáxia, reafirmando-a como SW é uma experiência de Universo o qual retornamos em uma viagem expansionista para conhecer personagens e narrativas onde tudo pode acontecer.

O único tecido conectivo real entre seus episódios é um amor pela essência e temas de Star Wars, desde as várias homenagens e referências ao Cinema nipônico que inspirou George Lucas, até a representação/celebração de elementos caros à franquia, comentando e reinterpretando seus próprios mitos em um estilo visual totalmente diferente. Pode soar presunçoso afirmar isso, mas George Lucas provavelmente está orgulhoso.

Dito isso, vamos às minhas críticas por episódio – com exceção de Balada de Tatooine, escrita por meu colega Davi Lima, que teve uma leitura bem mais interessante que a minha aversão à animação chibi e os quatro primeiros colocados, escritos pelo Ritter depois que eu implorei de joelhos e fiz uma oferenda a ele -, ranqueados do menos melhor ao melhor. Digam o que acharam da temporada e deixem seus rankings!

9º Lugar:
Os Gêmeos

Provavelmente o episódio que mais se inspira em elementos de animes, Os Gêmeos é praticamente uma reinterpretação shonen de Luke e Leia, caso tivessem caídos nas mãos dos Sith. A história acompanha Karre (Neil Patrick Harris) e Am (Alison Brie), dois irmãos gêmeos que cresceram no lado sombrio da Força, e acabam se enfrentando quando um deles decide seguir um novo caminho.

Entre o visual exagerado dos poderes quase Super Sayajins em batalhas espaciais épicas, o curta contém algumas das sequências mais bem coreografadas da temporada. Confesso ser extremamente divertido acompanhar legiões de fãs reclamando de lógica das leis da física no combate dos personagens – eles respiram no espaço, que ultraje! -, mas dentro da proposta shonen de lutas tresloucadas, o curta é um dos mais inventivos e corajosos em relação a utilizar o contexto não-canônico da série para pirar no estilo – talvez a animação mais cinemática da série? Especialmente no desfecho da batalha.

Há também uma metáfora e algumas simbologias interessantes em relação à batalha contínua entre os lados da Força com a questão familiar, colocando a dualidade tanto no esquema de cores, discursos opostos e, claro, ao fato deles serem gêmeos. Contudo, justamente por ser o curta que mais lembra a linguagem de animes atuais, o episódio carrega alguns cacoetes do “gênero”, como os diálogos super expositivos e pouco convincentes, monólogos clichês e a necessidade de explicar cada sentimento, ação e próxima situação – tem um flashfoward dentro de um curta(?) -, deixando o episódio sem qualquer resquício de substância ou construção de personagem que não seja apenas o (divertido) visual.

Os Gêmeos (The Twins) – Japão, EUA
Direção: Hiroyuki Imaishi
Roteiro: Hiromi Wakabayashi (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Neil Patrick Harris, Alison Brie, Jonathan Lipow, Marc Thompson
Estúdio:
Studio Trigger
Duração: 17 min.

8º Lugar:
Balada de Tatooine

O segundo episódio chamado Balada de Tatooine, na verdade, é uma tradução que esconde do título inglês original Tatooine Rhapsody a artéria operística épica que o diretor Taku Kimura busca alcançar para contar uma história lúdica de amizade intensa com o rock metal. Se Star Wars é um Space Opera, essa segunda visão japonesa da série sobre as possibilidades do universo de George Lucas é crente no potencial musical que delineia as emoções que tanto John Williams acreditou, mas agora menos Space orquestral e sim Rock Opera. Sendo o rock intricado com uma filosofia de liberdade e expurgação emocional, do que a costumeira apreciação mais conservadora da orquestra, esse episódio estilo chibi produzido pelo Studio Colorido é o misto da inocência infantil de Star Wars com a Força na música.

Em vista dos episódios da série Star Wars Visions não serem canônicos, mesmo conversando com as linhas do tempo e base mitológica com base de interpretação artística, o diretor Taku Kimura parece projetar a história audiovisual mais diferenciada dentre os nove episódios, quando troca as inspirações japonesas mais diretas dos Jedi pela música como transformação sobrenatural no universo. Quando o personagem Jay (Joseph Gordon-Levitt), um padawan sobrevivente do Purgo Jedi, escolhe a música como seu futuro para trazer paz à galáxia, o grande conflito presente na narrativa é ter a criatividade de como um sabre de luz pode ser um microfone. 

Para alguns fãs a música se tornar diegética em Star Wars, tocada e ouvida pelos personagens, sempre foi pano de fundo, como os flautistas na Cantina e as sessões musicais no palácio do Jabba, como um costume de Tatooine. Mas, quando a banda Star Waver – formada por pelo vocalista e guitarrista Jay, o baixista Geezer (Bobby Moynihan), o baterista Lan (Marc Thompson), a K-344 (Shelby Young) com duas guitarras elétricas e droid V-5 mixando o som – é central em lutar contra Boba Fett (Temuera Morrison) pequenininho em formato chibi, a Ópera Rock se torna muito mais que incidente para compor o episódio.

Assim, quando a história de amizade entre Geezer, um Hutt, e Jay, um Jedi, envolve ambos quanto ao passado de cada um, a alvorada após a chuva noturna revela como a música é o ponto de libertação em meio às negociações “starwasticas” e opera anti-escravista representada em Tatooine. Alguns podem não gostar tanto de rock metal quanto o diretor Taku Kimura, ou não se engajarem com o visual chibi infantil lúdico da animação, porém, quando em reação a música Jabba move sua cauda, Boba move a cabeça, e principalmente as crianças se animam assistindo a banda no palco da corrida de pods e pedem mais de Star Waver tocando, é como se Star Wars tivesse entrado no ritmo que só a música libera. Sem estar preso à nostalgia, a convenções musicais e ao passado que é, sim, importante em Star Wars, Balada de Tatooine tem um reverb digno de uma galáxia tão, tão distante.

 Escrito por: Davi Lima

Balada de Tatooine (Tatooine Rhapsody) – Japão, EUA
Direção: Taku Kimura
Roteiro: Yasumi Atarashi (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Bobby Moynihan, Marc Thompson, Shelby Young, Temuera Morrison, Jonathan Lipow
Estúdio:
Studio Colorido
Duração: 14 min.

7º Lugar:
T0-B1

T0-B1 é uma aula de como fazer homenagem e referências sem soar gratuito ou vazio. Pagando tributo a Osamu Tezuka e sua obra Astro Boy, o curta no apresenta o personagem-título, um andróide infantil em um planeta desolado que ouviu falar dos Jedi e sonha em se tornar um algum dia. Entre a paleta leve de cores, a abundância de robôs e o charme da ingenuidade e inocência de T0-B1, o curta é pura simpatia na releitura de Astro Boy com a atmosfera de SW.

Dispondo de uma história e estética com um olhar infantil (ainda que surpreendentemente dramática na relação mestre-pupilo/criador-filho), o capítulo utiliza o tributo à Tezuka como meio de refletir o impacto inspirador de Star Wars pelo otimismo infantil, assim como sugerir que mesmo um dróide pode ser um jedi. É muito interessante como o episódio também consegue vincular a mitologia das duas obras.

Vemos isso no aspecto futurista – ainda que recreativo – de Tezuka (bem mais que SW) com os problemas naturais que acompanham a franquia de George Lucas (trazendo temas naturalistas à temporada, como no sonho em salvar o planeta), e também na mistura de mestre jedi com o relacionamento paternal com um robô. Vejo isso também, ainda que em menor medida, na relação entre se tornar um Jedi ao ouvir o seu próprio nome (questão de identidade extremamente cara à Tezuka). O diretor Abel Gongora e o roteirista Yuchiro Kido pagam tributo as dois criadores lendários e a seus Universos em uma linda história sobre infância, sonhos e autodescoberta.

T0-B1 (Idem) – Japão, EUA
Direção: Abel Gongora
Roteiro: Yuchiro Kido (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Kyle Chandler, Jaden Waldman
Estúdio:
Studio Colorido
Duração: 14 min.

6º Lugar:
Lop & Ochô

Lop & Ochô é talvez o curta que melhor reflete a proposta de Visions. Ao acompanharmos a história da fugitiva do Império, Lop, uma espécie de coelha antropomórfica que é adotada por Ochô e seu pai, o episódio nos situa de uma história sobre família com críticas sociopolíticas, ambos temas caros à franquia. Explorando o formato da série que trabalha com a essência temática de SW com visuais e narrativas diversas, o oitavo episódio é uma das histórias mais versáteis esteticamente e tematicamente na temporada.

Uma ótima reflexão condensada em 23 minutos da industrialização e de abusos políticos, o conto politicamente complexo remete ao Xogunato – especialmente pensando em relação a períodos de transição tecnológica e exploração de recurso naturais e humanos. Mesclando o figurino (quimonos) e a natureza (árvores de cerejeira, por exemplo), além das casas Minka, a trilha sonora suave, simbologias da cultura japonesa e as características lutas de espadas, com o aspecto futurista de SW, até me lembrando gráficos de videogame, o curta tem um dos designs e cenários mais criativos do compilado.

Narrativamente falando, o curta parece um piloto ou um pitch de uma futura série ou filme, o que torna algumas escolhas do roteiro súbitas e corridas para estabelecer o final inconclusivo e cliffhanger, mas é um conto que se resolve muito bem no desenvolvimento dramático familiar entre as irmãs e o pai – além dos já citados subtexto e simbologias políticas e feudais –, nos levando a um desfecho puramente Star Wars. A traição familiar, o nascimento de uma Jedi e de uma vilã do Império, e o possível início de uma pequena lenda na gigantesca galáxia.

Lop & Ochô (Idem) – Japão, EUA
Direção: Yuki Igarashi
Roteiro: Sayawaka (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Seiran Kobayashi, Risa Shimizu, Tadahisa Fujimura, Taisuke Nakano, Tomomichi Nishimura, Setsuji Sato, Atsushi Imaruoka, Jun Yokoyama, Yusuke Kanie, Tsuritani Nobuki, Makoto Sahara
Estúdio:
Geno Studios
Duração: 20 min.

5º Lugar:
A Noiva Aldeã

A Noiva Aldeã tem uma abordagem mais discreta dentro de uma temporada cheia de ação. Ao acompanharmos uma Jedi e seu aliado como exploradores e observadores culturais no episódio, o foco está na narrativa melancólica e contemplativa que apresenta a relação entre natureza, humano e a Força, de maneira ritualística e tribal, me lembrando Xintoísmo (a importância dos elementos naturais) e Budismo em vários momentos da filosofia zen que faz parte da caracterização dos Jedi.

Utilizando-se de uma trilha sonora com instrumentos clássicos japoneses, a parte musical do episódio anda de mãos dadas com o viés naturalista e a linha filosófica em observação, manuseando sinfonias suaves e poéticas. Gosto bastante da direção observacional, quase minimalista, do curta (somos praticamente colocados no mesmo papel da Jedi), em que acompanhamos costumes e cerimônias reverenciando o meio ambiente. Me lembra a conexão mais autêntica e naturalista com a Força do primeiro SW, antes do escopo gigantesco da Ópera Espacial tomar as rédeas da franquia.

De muitas formas também parece uma homenagem a Hayao Miyazaki e ao Estúdio Ghibli nessa procura de uma história do essencial. O conflito militar e separatista no ato final vai de encontro com a base de guerra que há na franquia, mas mantém a pequena escala (com ótimos diálogos filosóficos) como elemento principal de uma história à procura de raízes e a absorção do entorno. Além disso, traz novamente o papel do Jedi não como um super-herói, mas um interventor para manter a paz.

A Noiva Aldeã (The Village Bride) – Japão, EUA
Direção: Hitoshi Haga
Roteiro: Takahito Oonishi, Hitoshi Haga (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Karen Fukuhara, Andrew Kishino, Nichole Sakura, Christopher Sean, Stephanie Sheh, Adam Sietz, Cary-Hiroyuki Tagawa
Estúdio:
Kinema Citrus
Duração: 18 min.

4º Lugar:
O Ancião

 

O Ancião é um curta construído em cima de pontos de interrogação que ele não tem intenção alguma em responder, o que poderia levar muita gente a concluir que a obra não é mais do que um fragmento, um teaser de algo potencialmente maior. E essa sensação talvez proceda e talvez seja mais saliente aqui, em razão do final completamente aberto sobre quem, afinal de contas, é o tal ancião do título, mas, se formos parar para pensar, essa é basicamente a natureza de Star Wars: Visions em sua grande parte e isso faz parte do jogo.

Por outro lado, essa impressão pode ser fruto, também, de nossa natural dificuldade de aceitar perguntas que permanecem sem respostas. Faz parte de nossa natureza tentar respondê-las ou pelo menos cobrar essas respostas. Acontece que, em muitos casos – e esse sem dúvida é um deles – o mistério é muito mais interessante do que soluções trazidas de bandeja para o espectador. O que se tem, portanto, em O Ancião, é, em seu começo, uma estrutura básica e extremamente familiar de um mestre Jedi experiente e viajado – Tajin, vivido por David Harbour – tutelando um Padawan – Dan, vivido por Jordan Fisher – em uma viagem de rotina até a Orla Exterior. Tudo vai muito bem até que Tajin detecta um distúrbio na Força e pousa no planeta mais próximo para investigar, deparando-se com uma figura caquética portando dois belíssimos sabres de luz vermelhos em formato de cimitarras (voz de James Hong).

O que segue daí são dois conflitos, primeiro com Dan, depois com Tajin e um monte de pistas jogadas sobre o que o particularmente eficiente senhorzinho poderia ser, especialmente considerando que, no universo do curta, os Sith não mais existem. É um pouco forma sobre substância, já que o mistério toma conta de tudo, restando a belíssima animação, especialmente nas sequências dos duelos, uma delas debaixo de chuva e quase sem cor, que imprimem vigor e ao mesmo tempo leveza aos combates que, porém, talvez sejam rápidos demais. Mas o que importa mesmo são as perguntas que ficam sem respostas…

Escrito por: Ritter Fan

O Ancião (The Elder) – Japão, EUA
Direção: Masahiko Otsuka
Roteiro: Masahiko Otsuka (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: David Harbour, James Hong, Jordan Fisher
Estúdio:
Studio Trigger
Duração: 16 min.

3º Lugar:
AKAKIRI

AKAKIRI é, em sua base mais fundamental, uma bela história de amor e sacrifício por esse amor. Ao mesmo tempo, o curta é a versão encurtada – e infinitamente mais eficiente – do arco de Anakin Skywalker na Trilogia Prelúdio ou a versão O Que Aconteceria Se… de Luke Skywalker na Trilogia Original, com o uso de um artifício… hummm… duvidoso criado em A Ascensão Skywalker. Em outras palavras, são 13 minutos que consegue simbolizar toda uma saga cinematográfica, mas sem sofrer de seus altos e baixos e, ainda por cima, fazer uma mesura a uma das inspirações diretas de George Lucas para criar sua saga, o clássico imortal A Fortaleza Escondida.

Na história, que segue a linha geral do citado filme de Akira Kurosawa, Tsubaki (Henry Golding), um Jedi que sofre de visões que o atormentam, vai ao socorro do amor de sua vida, a princesa Misa (Jamie Chung),  que precisa retomar seu castelo de sua tia Masago (Lorraine Toussaint), uma Sith. Guiados por dois camponeses briguentos, um esguio e outro atarracado, eles seguem em uma jornada que os leva até ao encontro mortal que transforma a vida de todos ali em um momento climático muito bem construído e que realmente retira, simplifica e potencializa todos os elementos-chave dos grandes arcos das três trilogias cinematográficas e sem economizar na violência, na dor e do caminho menos simpático, o que é sem dúvida uma ótima notícia.

A animação é belíssima, talvez um meio-termo estético entre o mais radical O Duelo e o mais cartunesco T0-B1, só que esvaído de cor – e de esperança -, com uma transição interessante das tomadas mais abertas, em plano geral, do começo da narrativa, para o castelo claustrofóbico ao final, como se tudo o que vemos acontecer simbolize diretamente a luta interior de Tsubaki contra ele mesmo e as tentações ao seu redor, incluindo aí a própria Misa. De todos os curtas de Visions, AKAKIRI, apesar de não ser o melhor, é possivelmente o que mais completamente envelopa a chamada Saga Skywalker, dando-lhe, porém, novas feições que são tão diferentes quanto similares ao que já conhecemos.

Escrito por: Ritter Fan

AKAKIRI (Idem) – Japão, EUA
Direção: Eunyoung Choi
Roteiro: Yuichiro Kido (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Henry Golding, Jamie Chung, George Takei, Keone Young, Lorraine Toussaint
Estúdio:
Science SARU
Duração: 13 min.

2º Lugar:
O Nono Jedi

De todos os curtas de Visions, O Nono Jedi parece ser o mais carregado de história pregressa que precisa ser abordada no afogadilho nos primeiros minutos, valendo-se, para isso, até mesmo de uma narração em off. Trocando em miúdos, nesse universo muitas gerações após a extinção da Ordem dos Jedi, um misterioso homem mascarado convoca todos aqueles manipuladores da Força para um encontro em um templo em órbita de um planeta para entregar-lhes sabre de luz recém-fabricados, já que não se veem essas armas há décadas.

Mas o que descrevi acima é a visão macro do curta. Na visão micro, temos o drama da jovem Kara (Kimiko Glenn), filha do forjador de sabres de luz Lah Zhima (Simu Liu), que vive na superfície do tal planeta e que precisa entregar os sabres aos seus futuros donos depois que o pai é capturado por Siths. E, dentro dessa história menor, mas central, há o conceito de que os sabres de luz criados por Zhima se adaptam aos seus portadores, inclusive com código de cores, ou seja, se a pessoa que o usa é um Sith, ele será vermelho, enquanto o mesmo sabre será de outra cor se usado por um Jedi. Não sei se gosto do conceito em si, mas ele tem sua serventia no episódio para permitir a reviravolta dupla ao final que é o que sustenta o episódio.

Se algum leitor que chegou até aqui leu com atenção o que escrevi aqui, deve estar coçando a cabeça sobre a colocação de O Nono Jedi em 2° lugar na presente lista. Pois é. Eu também estou. Mas a explicação é simples: apesar de o texto ser meu, a lista é de meu colega Kevin Rick, que deve ter ficado apaixonado por Kara, não sei, e o colocou aqui. Quem sou eu para mexer, não é mesmo? Até porque, se dependesse de mim, era bem provável que eu me inspirasse no numeral ordinal do título do curta para ele ser também sua posição…

Escrito por: Ritter Fan

O Nono Jedi (The Ninth Jedi) – Japão, EUA
Direção: Kenji Kamiyama
Roteiro: Kenji Kamiyama (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Kimiko Glenn, Andrew Kishino, Patrick Seitz, Simu Liu, Masi Oka, Greg Chun, Eva Kaminsky, Neil Kaplan, Michael Sinterniklaas, Adam Sietz, Kyle McCarley
Estúdio:
Production I.G
Duração: 22 min.

1º Lugar:
O Duelo

Reza a lenda que George Lucas teve sua ideia original para Star Wars ao viajar para o futuro e assistir esse curta aqui, que é, basicamente a síntese de tudo o que ele diretamente e, depois, seus sucessores, colocaram e ainda colocam nas telonas e telinhas. O Duelo é Star Wars minimalista em termos narrativos e visuais, basicamente mais uma versão de Yojimbo (que, convenhamos, nunca é demais) com um ronin errante (Brian Tee) e seu androide defendendo um vilarejo de bandidos liderados por uma Sith mortal (Lucy Liu). Não há enrolações, não há digressões, não há complexidade maior do que a que é deixada apenas nas entrelinhas, como a verdadeira natureza do herói, o porquê de ele colecionar cristais kyber e coisas assim que, imagino, serão elucidadas – ou expandidas – no vindouro romance spin-off.

Desenhado com traços “rascunhados” e animados como storyboards em preto e branco com apenas as luzes artificiais ganhando cores, o que, claro, serve para destacar os sabres de luz vermelhos de ambos os lados do conflito, o curta é uma pequena obra de arte que merece ser assistida e reassistida, uma vez pelo menos quadro a quadro para ser possível apreciar os detalhes e as recriações dos mais diversos personagens clássicos, de Stormtroopers aos caçadores de recompensa. Há uma espécie de força (não a Força, ainda que ela esteja bem presente, claro) bruta, de guturalidade em cada movimentação, como se estivéssemos vendo desenhos pré-históricos em cavernas ganhando vida, com o roteiro de Takashi Okazaki preocupando-se única e exclusivamente com a estética. Na verdade, deixe-me ser mais específico: a estética é a narrativa aqui, pelo que Okazaki não troca um pelo outro como acontece muito por aí. Ele cria um equilíbrio exato que Takanobu Mizuno coloca debaixo do braço e, com extrema economia de movimentos, ângulos e arquitetura sonora, acerta em cada movimento como que regendo uma orquestra de 120 músicos.

Ainda que inevitavelmente bebendo do material mais que conhecido por uma legião de fãs, O Duelo é notável por construir, em pouquíssimos minutos, todo um fascinante universo substancialmente novo, diferente do conhecido por seus detalhes e pelo encaixe temporal híbrido que tira a ênfase da tecnologia e parece literalmente retornar no tempo para criar algo que conversa bem tanto com as obras de Akira Kurosawa, Hideo Gosha e outros tantos, quanto com tudo o que Lucas criou a partir da década de 70. A atemporalidade e o detalhamento da estrutura que Uma Nova Esperança construiu ao longo de 121 minutos, Mizuno faz em apenas 14 e, vou arriscar aqui um sacrilégio, com a mesmíssima eficiência…

Escrito por: Ritter Fan

O Duelo (The Duel) – Japão, EUA
Direção: Takanobu Mizuno
Roteiro: Takashi Okazaki (inspirado no Universo Star Wars, de George Lucas)
Elenco: Brian Tee, Lucy Liu, Jaden Waldman
Estúdio:
Kamikaze Douga
Duração: 14 min.

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