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Crítica | “Slippery When Wet” – Bon Jovi

por Iann Jeliel
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Slippery When Wet

Depois de muita rebeldia nos dois primeiros álbuns, Bon Jovi somente com três anos de existência já converteria a intensidade romântica jovial inteligentemente à maturidade do hard rock, sem, contudo, abandonar a extravagância idealizadora dos tempos da discoteca. Pelo contrário, a mistura alcançada em Slippery When Wet, é cirurgicamente precisa, no ápice estilístico e letrista da banda, montando a identidade definitiva que a marcaria.

Destrinchando parcialmente as características, temos uma narrativa interligada ao conflito de urbanização com natureza a temática do ultrarromantismo, sem, contudo, cada música deixar de constituir sua própria história, remetente ao primeiro álbum. Já sobre o segundo, é puxada a jocosidade organizada de refrãos intitulados, diversas músicas que planejam a repetição do título de forma impactante na troca de sonoridade entre solos e efeitos. Na mistura, as construções das letras tornam a chegada a estrofe principal mais apoteótica, seguindo uma linha própria a cada canção, às vezes puxando refrãos transicionais – como Wanted Dead or Alive –, ou desleixados de continuidade – como em Let it Rock. O álbum é bem livre, na verdade, sendo difícil taxá-lo numa fórmula específica como os dois primeiros, que manifestamente ficam numa linha oitentista baladeira.

Aqui existe o mesmo pressuposto recheado de baladas, mas com um teor mais detalhista e harmônico nas letras. Era o auge da dupla Jon Bon Jovi e Riche Sambora como letristas, mas que contou com ampla colaboração de Desmond Child – ex-Kiss – nas composições desse disco. A união traz um sentimento de evolucionismo contido, natural, que fala por si só nas músicas, hits únicos que corroboraram ainda mais com seu impacto. Estamos falando de um álbum com a trinca Livin’ on a Prayer, You Give Love a Bad Name e Wanted Dead Or Alive, três das obras-primas musicais mais influentes dos anos oitenta. Duas delas, as principais, feitas em parceria a Child. Ambas foram números um da “Top 10 Billboard Hot 100 hits”, a primeira banda de hard rock na história a ter dois singles consecutivos em primeiro e a ter quatro canções – incluindo às três mencionadas, e Never Say Goodbye, outra obra-prima – de um mesmo álbum figurando às dez maiores. Dois feitos inéditos que alavancaram a banda de uma vez por todas no hall das grandes na história

É difícil até descrever música a música com tamanho peso, porque não só o quarteto mágico, quanto as demais, são essencialmente, canções simples em lírica e instrumentalidade, mas possuem desenvolvimentos extremamente empolgantes. Em geral, trabalham uma forte aliança do teclado introdutório de David Bryan – mais econômico nos sintetizadores, embora mais presente na inserção de backings  –, abrindo caminho a guitarra mais pesada de Richie Sambora, transitando objetivamente os momentos chaves. Esse combo de sonoridade consegue ser criar um instrumental tão grudento quanto o título a ser consolidado no refrão. Uns mais e outros menos. Em canções com uma atmosfera mais hard rock, como Social Disease, Raise Your Hands e Wild In The Streets, a guitarra é mais enfática para dar os refrãos aquele apelo de palco clássico. Em canções mais melosas, como Never Say Goodbye, Without Love e I’d Die for You, a guitarra é reduzida para o teclado potencializar o caráter idealista do coro, torná-lo mais tocante.

Há claro, as equilibradas entre a utilização de ambos conforme a música, como You Give Love A Bad Name, que começa com o refrão sem nenhum acompanhamento instrumental e ainda consegue ter um impacto imediato com ele, sustentado sobre cada repetição de “Shot through the heart and you’re to blame // Darlin’ you give love, a bad name” pela crescente consciente da mistura. A abertura da subestimada Let it Rock e a gigante Livin’ on a Prayer como um todo, são os maiores exemplos do amadurecimento da mescla. É como se a junção se tornasse um instrumento só, tamanha a sincronia da utilização conjunto. A exceção, vai para minha favorita do álbum, Wanted Dead or Alive, que fica primordialmente no violão acústico para conceber uma atmosfera de faroeste inconfundível – talvez seja a canção no mundo que melhor te transporta para uma ambientação country de velho-oeste – e utiliza os outros instrumentos mais em separado para funções internas da música. O teclado ajuda a compor a atmosfera com efeitos sutis junto e a guitarra só aparece num momento oportuno do clímax música, onde encontramos um dos grandes solos da história do rock.

Slippery When Wet consolida o estilo de Bon Jovi, aquele que iria influenciar uma parcela de bandas posteriormente a adotarem o rock romântico, tais como Europe, Poison, Aerosmith, Whitesnake, dentre outras. Um disco marco, revolucionário em certa medida, um sucesso estrondoso que corresponde a fama, um clássico absolutamente obrigatório.

Curiosidade: Originalmente Jon Bon Jovi e seu grupo compuseram cerca de 30 músicas para o Slippery When Wet, mas acabaram selecionando apenas 10 para o final – e que seleção! – conforme a receptividade do público. Apenas duas delas, Borderline e Edge Of A Broken Heart, ganharam visibilidade em versões posteriores. Vale destacar isso, porque são duas excelentes músicas também.

Aumenta!: Livin’ on a Prayer, You Give Love a Bad Name, Wanted Dead Or Alive
Diminui!: Without Love
Minha Canção Favorita do álbum!: Wanted Dead Or Alive

Slippery When Wet
Artista: Bon Jovi
País: Reino Unido, EUA
Lançamento: 18 de agosto de 1986
Gravadora: Vertigo Records
Estilo: Rock, Hard Rock, Glam Metal

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