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Crítica | Mulher-Maravilha (Trilha Sonora Original)

por Davi Lima
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Maravilha

  • Confira aqui, nossas críticas do filme com e sem spoilers, e aqui, o índice para todo nosso material da Mulher-Maravilha.

Necessita-se mais uma vez conciliar a ideia que a trilha sonora original de um filme pertence ao filme, logo, ela apresenta mais lógica com as cenas. Embora algumas sejam mais simbióticas que outras, as Original Motion Picture Soundtrack por muitas vezes são regidas ao som do movimento que incita a criatividade de criar novos sons de origem realmente musical. E o caso da trilha sonora do compositor Rupert Gregson Williams para o filme Mulher Maravilha a incidência/secundarização da música como acompanhamento e crescimento narrativo nada se relaciona com o tema roqueiro de Junkie XL, mas ajuda a diretora Patty Jenkins a ter uma heroína epopeica com a percussão.

Is She With You, elaborada pelo compositor Junkie XL na trilha sonora de Batman V Superman primordialmente desenvolvida por Hans Zimmer, é o que torna No Man’s Land, o track de Rupert, um diferencial na trilha toda. A inserção é bem feita, não soa um roque aleatório, mas por ser uma faixa longa de 6 minutos que acompanha todo o percurso de Diana Prince de um momento de câmera lenta, contemplativo, até uma cena de ação. A presença de Wonder Woman’s Wrath contempla os fans da trilha de Junkie XL bem mais, que se torna tão deslocado quanto o pretume do ato final do filme, apesar que a faixa que realmente tende a diferenciar a narrativa se chama The God of War de 8 minutos, com uns sonidos tecnológicos e uma atmosfera num intento constante de alcançar um grande conflito. Até vozes de coral surgem, o violino fica mais rápido e o violoncelo toma conta do grave. Mas é preciso se voltar para No Man’s Land.

Essa faixa se torna central porque assim como a diretora Patty Jenkins regravou várias vezes o momento auge da protagonista no tiroteio em câmera lenta, Rupert Gregson Williams acredita em como incidental pode plenamente ser o secundário relevante. Ao retirar a imagem e colocar a trilha original apenas como obra a ser criticada sobra uma medíocre linha convencional de drama, ação e romance, temáticas presente num blockbuster, por exemplo. Mas a trilha central já citada contém uma narrativa além que se espalha para as outras faixas. Lightning Strikes, a estereotipada alemã Ludendorff, Enought! e a chamativa pelo título Amazons of Themyscira criam até um ar mais temático pelo corpo sonoro que No Man’s Land enfatiza como original. 

Focando especificamente na faixa, o exercício é imaginar uma narrativa de início, meio e fim. Como uma epopeia, e compreendendo a base mitológica grega de Diana Prince, a Mulher Maravilha, ela vai se apresentando, dando o contexto. E é assim que as cordas iniciam e vão acentuando as notas mais finas, aumentando o volume. Depois a percussão entra por trás, o desafio sendo proposto. Após quase 1 minuto e 30 segundos a percussão e as cordas criam um drama epopeico, o incidental se tornando mais relevante, até chegar na pausa, ditando compassos mais audíveis, explícitos, agora na junção entre o tímpano e um trompete, ou outro instrumento de sopro. A faixa tem 8 minutos, mas diferente de The God of War parece realmente haver minutagem bem aproveitada, quando no minuto 3 a percussão e o reverb da guitarra inspirado em Junkie XL se apresentam para o combate.

Rupert Gregson não aposta no tema, realmente recoloca esse combate no seu estilo incidental, ao ponto que no minuto 6 é um drama heróico/suspense que Danny Elfman ensinou o cinema a fazer. E para fechar o terceiro ato as cordas são introduzidas pela percussão, e apontam para algo sonoramente “zimmeriano”, como Rupert bem aprendeu com seu mestre, que fomenta uma grande trilha com um final que nunca indica o fim, em vista que é uma faixa de meio. Dessa forma se cria uma epopeia narrativa com um track, com muita percussão e categoricamente incidental, sem grandes temas a se lembrar.

Desse jeito, Rupert Gregson Williams dá uma nota de como ser incidental sem ser esquecido na experiência fílmica. O drama e aspecto epopeico está na faixa Amazons, o suspense está em Ludendorff e a sensação de finalização está em Lightning, basicamente formando um incidental temático. É nesse ponto que o compositor acerta, especialmente pela expectativa envolta da força roqueira que tanto tematizou a heroína título. Mas para o espectador decepcionado sobra até mesmo Action Reaction como tema à parte digna de créditos finais.

Mulher-Maravilha (Trilha Sonora Original)
Artista: 
Rupert Gregson-Williams
País: 
Estados Unidos
Lançamento: 
26 de maio de 2017
Gravadora: 
Watertower
Estilo: 
Trilha Sonora

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