Com a recente estreia do nono – ênfase no NONO – filme da franquia Velozes e Furiosos, que ainda contém mais um spin-off e sequências confirmadas, nós do Plano Crítico, viciados em listas que somos, aproveitamos a oportunidade – por que não? – de elencar todos os seus filmes do pior ao melhor (ou no caso, seria o menos péssimo?).
Para este ranking, além de mim, Iann Jeliel, colunista que vos fala, o único corajoso o suficiente para ter visto cada um dos dez filmes no tempo de pegar o hype deste novo foi meu amigo Kevin Rick. Juntos, nesse novo perfil em dupla, discutimos sem tantas dificuldades e sob alguns pequenos critérios a ordenação nada definitiva – como qualquer outra lista – desta franquia para lá de medíocre, para não dizer ruim, em sua trajetória. Antes de discutirmos a classificação, vamos falar da seletividade que levou até ela:
- Cada um elaborou seu ranking individual. Em cada ranking, os filmes ganharam uma certa quantidade de pontos, adquiridos de forma inversamente proporcional a sua colocação. Exemplificando: o 1º lugar levou 10 pontos e o 10° lugar, apenas 1 ponto. Com a soma simples dos pontos, chegamos na primeira versão da ordem final;
. - Ainda não definitiva, porque houve dois empates. Para desempatar levamos em conta a pior classificação em ranking individual para os filmes empatados em questão. Desse modo, não precisamos aplicar um novo desempate, caso esse critério fosse levado para o de “melhor posição”;
. - A ordem final pode não refletir na avaliação das críticas, visto que as críticas do site, que vocês podem acessar através dos links nos títulos de cada posição, foram escritas por outros(as) colunistas, ou seja, a divergência opinativa é praticamente inevitável;
. - Os comentários curtos abaixo das posições serão feitos por mim (Iann), representando parte da minha opinião, mas levando em conta a impressão conjunta minha e do Kevin em nossa conversa. Não deixe de ler esses comentários para a justificativa da ordem.
Por fim, deixe seu comentário com respeito, se concorda ou discorda da lista e suas posições, além de expor sua opinião sobre a Fast/Fate/Furious saga. Sem mais delongas, vamos ao ranking.
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10° Lugar: Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio
(3 Pontos)
Talvez o fato de se passar no nosso território é o que mais incomoda, tamanho o grau de cinismo do pseudorrespeito que a tal “família” de Diesel tem pelo “This is Brazil”, ao mesmo tempo em que o estereotipa ao limite do insulto. Mas também, boa parte da parcela se deve ao salto ilógico da escala mentirosa em contraste com as possibilidades do ambiente ao qual eles se adequam. O acréscimo de The Rock só serve para fomentar uma briga de masculinidade frágil enrolativa a uma trama principal, que é confusa e desvinculada de qualquer elemento dramático interessante.
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9° Lugar: Velozes e Furiosos 8
(6 Pontos – Desempate por Pior Colocação)
É interessante perceber que, assim como Transformers: O Último Cavaleiro, esse adota a premissa com a curiosidade de colocar o protagonista heroico como um vilão corrompido, filmes que se passaram no mesmo ano, demonstrando a fragilidade criativa das duas franquias. Enfim, a motivação por trás é exatamente a esperada, e o conflito em si pouco oferece risco, mesmo com a boa vilã da Charlize Theron. É mais um Velozes e Furiosos, como todos os outros, sem peso e com a diversão mais superficial possível.
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8° Lugar: + Velozes + Furiosos
(6 Pontos)
Se antes o racha era um elemento orgânico dentro do universo, agora passa a ser sinônimo de ostentação gratuita. Na ação, a franquia começa a criar situações cada vez mais absurdas e ilógicas comparadas à simplicidade do antecessor, o que consequentemente transforma em meras ostentações também. E o ponto mais fraco, além da fraqueza técnica, é a dupla principal. O que Vin Diesel e Paul Walker não têm de carisma, Tyrence Gibson tem de enfadonho, com um personagem de humor extremamente forçado e disfuncional, combinando perfeitamente com o resto do tom do filme.
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7° Lugar: Velozes e Furiosos 9
(7 Pontos)
Até consegue propor uma autoconsciência falada do quão absurda a série se tornou na ação e dá o mínimo de verossimilhança a isso no universo, como também ao discurso de família que abraçou para si por ser ideologicamente de fácil identificação, integrado à história, tal como o universo da Marvel, interconectando os capítulos em uma unidade compartilhada reafirmando a continuidade da franquia enquanto saga. Acontece que isso é entregue no mínimo, que em outras palavras pode ser resumido em um melodrama barato e autoindulgente, onde o roteiro se acha mais esperto do que realmente é, prejudicando o lado do entretenimento barato teoricamente assumido.
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6° Lugar: Velozes & Furiosos 6
(11 Pontos – Desempate por Pior Colocação)
A cada filme a franquia de fato vinha se assumindo uma galhofa mais honesta, o que não necessariamente aumenta sua eficiência, pelo simples fato de que nem ela é bem orquestrada. A começar que nenhum filme que não quer se levar a sério tenta elaborar uma trama tão detalhista e circular, tal como uma pista de fórmula 1, dando voltas e voltas em si e chegando no mesmo lugar. Ao usar exposição para completar cada volta, até o mais descompromissado do público tem sua inteligência subestimada. Tal complexidade impede que a trama seja genuinamente divertida na natureza brucutu do filme de espionagem.
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5° Lugar: Velozes e Furiosos 4
(11 Pontos)
Os rachas dão lugar a intrigas internacionais de espionagem, é a partir daqui que a franquia começa a chutar o balde para a lógica e se sustentar completamente em comentários superficiais a respeito de uma família que nunca foi situada. Ele talvez não se saia tão mal por ser bastante objetivo, sem querer orquestrar muitas firulas narrativas, tais como reviravoltas “complexas” ou missões secundárias do submundo da luxúria de carros somente pela rixa de ter, mas ainda é um escapismo vazio de emoção.
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4° Lugar: Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio
(12 Pontos)
É o segundo que melhor consegue equilibrar essa proposta ostentativa do universo com um suspense coeso, embora seja basicamente uma repetição evoluída do que o primeiro filme tinha feito, em um outro cenário e com outros personagens. Eles são, de fato, até mais carismáticos que os anteriores, mas ainda assim beiram apenas à superficialidade de seus arquétipos. A ação é até bem dirigida, mas sofre com a falta de urgência, algo que se repete durante toda a franquia, pelo caráter indestrutível de seus protagonistas.
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3° Lugar: Velozes & Furiosos 7
(17 Pontos)
Paul Walker morreu na vida real, mas deu uma sobrevida à franquia na ficção pelo simples fato de alavancar a curiosidade do que aconteceria com seu personagem, ou no mínimo, qual homenagem seria feita a ele. Nesse ponto, é o roteiro menos balela no tratamento da “família” tão superficial, o fator emocional do extrafilme ajudou muito a diferenciar este dos demais, além do acréscimo de um bom vilão e um bom diretor na ação como James Wan, deixando-as com mais energia, embora ainda sem peso numa trama esquecível.
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2° Lugar: Velozes e Furiosos
(18 Pontos)
O primeiro filme da franquia não é muito diferente das dezenas de exemplares genéricos de ação do início dos anos 2000, entretanto, olhando em termos comparativos, ele é até hoje o mais coeso dentro da proposta descompromissada. Ele orquestra um suspense dúbio e eficiente, por ser provavelmente o único consequencial dentre todos os outros, onde os personagens correm riscos reais nas sequências de ação e nas situações, o que deixa a narrativa urgente, embora ela seja tecnicamente datada.
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1° Lugar: Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw
(19 Pontos)
The Rock e Jason Statham sem dúvidas foram os melhores acréscimos à franquia ao longo de seus anos, pelo carisma dos atores e funcionalidade da troca de insultos, ocasionada pela masculinidade frágil disputada entre força bruta de um versus a agilidade intelectual do outro. Eis que eles pegam um filme pra si e um diretor com o talento de David Leitch para fazer milagre na ação, ao conseguir dar o mínimo de peso necessário para que sua grandiosidade funcione, e temos enfim um escapismo banal, aproveitando muito a batalha dos três brucutus que não sustenta as soluções mirabolantes somente em puros milagres que podem acontecer porque sim, há o mínimo de sensibilidade em articular uma lógica badass nos movimentos impossíveis como verdadeiros feitos, algo que é parcialmente muito empolgante na sequência final. Por essas e outras, mesmo ainda sendo um filme mediano, Hobbs & Shaw consegue ser digno do primeiro lugar desta lista.