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Crítica | Supergirl – 6X04: Lost Souls

por Davi Lima
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Lost Souls

  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

 

No one’s called me that in decades – Kara Zor-El/Supergirl (para Zor-El, após ele chamá-la de “filha” em kryptoniano)

As séries de TV aberta tem sua média de variação de qualidade de episódios, em que na preocupação exacerbada com o encaixe da programação e os movimentos da série muito dependentes das variações do número do público, o trabalho dos showrunners de organizar roteiros e direções em uma unidade artística sobre demanda sofre instabilização a cada temporada de uma série, entre renovações e perigos de cancelamento. Com uma última temporada certa de Supergirl, garantida de produção de 20 episódios, a impressão que um recorte episódico como esse dessa semana, com plot twist, com mais fotografia de plano holandês e com full sci-fi, o heroísmo e o familiar – os temas em volta da protagonista – ganharão proporções densas de um bom drama consistente ao longo dos próximos episódios.

Entre as reclamações de alguns fãs com o arco parado da Zona Fantasma e a empolgação de outros com endgame do shipp Supercorp (Lena Luthor e Supergirl), as consequências reais do heroísmo envolto de sacrifício do reencontro familiar entre Alex Danvers e Kara Danvers supera qualquer artificialidade dramática, ou distração CW, que a série sempre apresentou desde da quarta temporada. Embora muitos a elogiem, foi nessa temporada também que a protagonista Supergirl foi sendo posta em coadjuvante pelo recheio de tramas. Muito desse episódio Lost Souls bebe do que foi trabalhado na terceira temporada com os mesmos showrunners, em que em sequência de episódios um mesmo tema humanista, de descobrir a humanidade como necessário para o heroísmo, carregou tramas dramáticas em um mesmo set de filmagens da antiga DEO. Mas apenas com um episódio dessa sexta temporada, desenvolvendo uma pressão positiva para o andamento da série para o final, não apenas foi entregue bons dramas no nível da terceira temporada, com Brainiac-5 com distúrbios alimentares pela ausência dos bloqueadores emocionais, Alex precisando escolher entre a irmã e o mundo e Kara voltando cada vez mais para a Casa de El, como há um peso unificado sobre um mesmo plot: salvar Supergirl.

Esse é o conceito básico que une os super amigos e provoca conflito em Lena Luthor sobre o que realmente significa heroísmo. Não é apenas mais um drama em que o personagem se machucou e todos os outros personagens choram de maneira imediata. Já são quatro episódios que Supergirl está presa na Zona Fantasma. Mesmo que a justificativa da trama soe bem mais um ajuste de agenda de gravações com a licença maternidade da atriz Melissa Benoist, que faz Supergirl, parece inegável que um episódio como Lost Souls, fechado em pelos menos três resoluções dramáticas e com um gancho de viagem no tempo para resolver o resgate da protagonista, fosse impossível sem o rearranjo escrito e planejado de uma sala de roteiristas “mais tranquila” do que quer nesse final de série.

A cada episódio, como já foi dito na crítica do anterior, cresce o sci-fi como base narrativa. Se em Phantom Menaces Star Trek e Star Wars estavam postos em referências, agora Brainiac-5 cita certeiramente Ghostbusters como cerne da dinâmica do episódio de caçar fantasmas. Mas e o título do episódio? A referência ao filme de 2000, Lost Souls, de suspense e terror, também não parece aleatório, em que a diretora Alysse Leite-Rogers enfatiza entortadas de câmera, os famosos planos holandeses, que vai causando estranheza, suspense e terrorzinho quanto aos fantasmas da Zona Fantasma que tomam mais forma visual. Existe uma linguagem muito clara na direção do episódio, desde do sci-fi na trama, com problema de Crisálida que junta almas e transforma o mundo em fantasmas, a arma de capturar fantasmas e os flashs da Sonhadora com viagem no tempo; à constituição mais técnica do audiovisual, que ajudam no drama do episódio. Até mesmo uma cena meio videogame, da Miss Marte perseguindo uma alma recém saída de uma pessoa contaminada pelos fantasmas, voando por National City, fica empolgante quando há um plot da história que puxa a um único centro: resgatar Kara Danvers.

Assim, quando há o reverso disso, e é necessário não resgatar Kara Danvers, e ela mesma precisa impedir sua saída da Zona Fantasma para impedir a duende vira casaco chamada Myxlgsptinz, há um impacto não apenas do plot twist como há também o heroísmo empolgante e dramático de Alex sacrificando o encontro com a irmã para salvar o mundo, e Kara da mesma forma. Tudo isso é possível, esse sentimento de consequência, pelo acúmulo de centralizar Supergirl como foco da série nessa última temporada e unificar sua linguagem no sci-fi, que normaliza estratégias mirabolantes heróicas sem parecer tosco.

Enfim, é um episódio sem distrações CW, em que os super amigos se tornam Ghostbusters e ensinam sobre heroísmo e familiaridade que tanto Supergirl ensinou para eles. Deixa a história do Lex Luthor para depois, esquenta ela para o final, seguindo um bom planejamento que valoriza dramas reais e palpáveis dos personagens envolta de Supergirl e do sci-fi. Simbora para a viagem no tempo – vocês ouviram o que Nia Nal, vulgo Sonhadora, disse – e ver o que mais a Supergirl vai enfrentar nesta luxuosa e bem renderizada Zona Fantasma que dá gosto de assistir.

Supergirl – 6X04: Lost Souls – EUA, 20 de abril de 2021
Direção: Alysse Leite-Rogers
Roteiro: Karen Maser, Nicki Holcomb
Elenco: Melissa Benoist, Chyler Leigh, Katie McGrath, Jesse Rath, Staz Nair, David Harewood, Jon Cryer, Sharon Leal, Claude Knowlton, Jason Behr, Peta Sergeant
Duração: 43 minutos

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