Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Brave and the Bold #28: Estelo, o Conquistador [Primeira Aparição: Liga da Justiça]

Crítica | Brave and the Bold #28: Estelo, o Conquistador [Primeira Aparição: Liga da Justiça]

por Luiz Santiago
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Não há tempo a perder! Preciso convocar a Liga da Justiça para uma reunião de emergência! Podemos precisar dos nossos poderes combinados para combater Starro e seus agentes equinodermos.

Aquaman

…E tudo começou com um vilão ridículo chamado Starro, o Conquistador; uma estrela-do-mar alienígena que chegou à Terra e — vejam só! — tinha a limitação de fazer 3 agentes, três outras inocentes estrelas-do-mar que serviram como seus peões de reconhecimento e obtenção de habilidades: uma delas explode uma bomba atômica e absorve toda a energia para poder ter raios atômicos mortais (ok, isso pareceu ridículo no início, mas depois o uso é muito bom); outra coloca todos os cientistas do Salão da Ciência em animação suspensa e tenta tirar deles o conhecimento necessário para fazer algumas coisas na Terra (premissa interessante mas trabalhada de maneira boba no roteiro) e por fim, a última estrela testa o controle mental da população de uma pequena cidade, a pior de todas as experiências de Starro, que é assumidamente um “Conquistador de primeira viagem”.

Por mais que tenha momentos completamente absurdos, esta primeira aparição da Liga da Justiça nos quadrinhos garante umas boas risadas para o leitor e um senso de aventura incomum, algo menos sério e menos formal que as tramas da Sociedade da Justiça e consequentemente mais… apelativo, mais fantástico, por assim dizer. Tanto que mesmo com ações do vilão e dos heróis que nos fazem perguntar “por que diabos Gardner Fox achou que seria válido colocar uma coisa dessas na revista?“, a nossa percepção final da trama é positiva e, a despeito do insuportável, intragável, bobo e absurdo Snapper Carr (jovenzinho estalador de dedos que, para a nossa mais completa tristeza, é transformado em membro honorário da Liga na reta final da aventura), ficamos empolgados para ler a continuação das aventuras do grupo. Não é nenhum pouco espantoso que a revista tenha sido um hit instantâneo.

Ainda no modelo narrativo de histórias de conjuntos da Era de Ouro (não podemos nos esquecer que Fox não só foi o co-criador da Liga, mas também da Sociedade da Justiça, 20 anos antes), temos aqui a apresentação do problema, com uma conversa entre Aquaman e seu amigo Peter, o Baiacu; o chamado dos membros da Liga para uma reunião (Superman não participa da trama porque está destruindo asteroides próximo à Terra e Batman também não, porque está seguindo uma pista importante de bandidos e não pode interromper isso de jeito nenhum); a divisão de tarefas feita pelo Flash, o líder temporário do grupo; e então as frentes de batalha, que são colocadas no texto como mini-capítulos de ação:

  1. Starro vs. Lanterna Verde (Hal Jordan): a parte da estrela-esporo que “assalta” um poderoso bombardeiro da Força Aérea dos Estados Unidos e rouba uma bomba atômica;
  2. Starro X Mulher-Maravilha e Caçador de Marte: basicamente o melhor bloco de luta da história, com justificativas e explicações mais aceitáveis para tudo o que acontece. E melhor ainda: até o jato invisível da Mulher-Maravilha é bem utilizado!
  3. Starro X Flash! (Barry Allen): a pior parte da pubicação, com uma dominação mental que não tem peso algum e ainda introduz o insuportável Snapper e seu estalar de dedos (pena que Starro não arrancou um por um!).
  4. Starro vs. Liga da Justiça da América: a conclusão, com o verdadeiro Starro e não mais os seus agentes (vencidos nos mini-capítulos anteriores) tentando dominar o mundo com as informações recebidas (essa é a parte legal da “herança” dos agentes), usando até a cor amarela para neutralizar Hal Jordan, mas sendo vencido, no final de tudo, por uso de cal. Isso mesmo. Cal.

Como não existem muitas conversas entre os heróis, já que a história é marcada pela linha de “só-ação”, não temos nenhuma nuance de como eles se relacionam em nível pessoal. Aliás, muito pouco de relacionamento heroico também é mostrado. Há momentos de estratégia que exigem breve planejamento, mas só isso mesmo. Claro que não sentimos falta disso aqui, mas essa ausência pode servir de maior rigor no julgamento da ação contra Starro, pois, se todos os esforços do roteiro foram para mostrar a luta contra essa estrela-do-mar alien, seria realmente interessante que ela tivesse sido melhor estruturada.

Também é importante dizer que não há aqui uma história de origem. Isso só viria um pouco mais adiante, na cronologia Liga, já em seu título solo. Nesta primeira aparição, eles são apresentados como um grupo estruturado, tendo Batman e Superman como eventuais forças de apoio. Esse tipo mais solto de apresentação foi importante, porque a maioria dos heróis da Liga tinham revistas solo na época, tanto que vemos momentos individuais deles antes de se unirem para a luta contra Starro, portanto, o roteiro de Fox acerta nesse trabalho de não prendê-los a um único espaço de luta.

A arte de Mike Sekowsky representa muito bem os espaços de cada herói e faz um bom trabalho com a movimentação deles durante as lutas. A diagramação de páginas e mesmo o ritmo não são exatamente notáveis, mas também não são ruins. Para uma primeira aventura, e especialmente considerando o que este grupo se tornaria no futuro, essa estreia realmente nos chama a atenção. Um novo momento editorial se iniciava para a DC Comics.

The Brave and the Bold Vol.1 #28: Justice League of America: Starro the Conqueror (EUA, fevereiro/março de 1960)
Roteiro: Gardner Fox
Arte: Mike Sekowsky
Arte-final: Bernard Sachs, Joe Giella, Murphy Anderson
Letras: Gaspar Saladino
Capa: Mike Sekowsky, Murphy Anderson, Jack Adler
Editoria: Julius Schwartz

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