Home QuadrinhosMangá Crítica | One Piece – Vols. 8 a 11: Arlong Park (Saga East Blue)

Crítica | One Piece – Vols. 8 a 11: Arlong Park (Saga East Blue)

por Kevin Rick
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Arlong Park

O arco de Arlong Park é comumente rotulado pela legião de fãs de One Piece como um ponto de virada na série, o momento decisivo que Eiichiro Oda sedimenta a qualidade e tom para o resto da obra, assim como a história que conquistou a grande maioria das pessoas a nunca abandonar este vasto Universo. Ainda que goste bastante da narrativa até aqui, especialmente após a releitura, confesso que faço parte desse grupo. Quando se lê Arlong Park, na minha concepção, percebe-se que o mangá não é apenas bom ou até mesmo ótimo, mas sim que se trata de uma obra especial. Uma praticamente impossível de largar, não importa quantas centenas de capítulos venham.

Após os eventos de Baratie, nosso querido bando parte em direção à Vila Cocoyashi para entender o motivo da fuga da ladra Nami, e aos poucos descobrimos a situação prisional que a personagem encontra-se, assim como os moradores da ilha. Na crítica anterior, eu expus como Oda cria uma divertida rotina com os leitores de curiosidade pela próxima ilha e qual será a caracterização fantástica do local e de quem a habita, principal elemento que mantém a longevidade do mangá. Nesse arco, o autor decide chutar o balde e apresentar uma espécie completamente diferente – os Tritões -, utilizando-os para trabalhar preconceito, regimes ditatoriais e corrupção da marinha.

A parte inicial desse arco foca na construção da atmosfera opressora do local, e Oda não economiza na brutalidade da história, no que se configura como a narrativa mais madura e violenta da série até aqui. Vilas destruídas, suborno governamental, assassinato de locais, tudo demonstrado enquanto o bando descobre as conjunturas cruéis da ilha que Nami cresceu. É tudo tão bem feito que um sentimento de tristeza e irritação vai crescendo no leitor, o que confere outra qualidade máxima da escrita de Oda: a maneira que ele nos faz torcer para o bando contra a injustiça, ao mesmo tempo que nunca nega a criminalidade do elenco principal. O flashback horrendo de Nami vem como o último soco no estômago do leitor, em um trágico conto sobre laço familiar além do sangue, orgulho, dinheiro e, especialmente, amor acima de tudo, mesmo frente à morte.

A simbologia de Oda continua a mil, desde a caracterização monstruosa dos antagonistas para melhor transpor a crueldade daqueles que abusam do poder, até a construção do arco pessoal de Nami em torno do dinheiro. Novamente, isso é um artifício comum do autor, visto com Usopp e a mentira, Sanji e a fome/comida, e agora o financeiro como destruição e salvação da navegadora. Temos a pobreza infantil da personagem, a taxa mensal cobrada por Arlong e seu bando, a quantia para comprar a ilha, e assim por diante, com o dinheiro (ou a falta dele) perseguindo Nami. Daí entra um dos grandes conceitos de Oda: o companheirismo – o famoso nakama – como meio de liberdade, continuamente personificado na simplicidade carismática de Luffy.

O embate final termina por ser um paradoxo de experiência na minha opinião. Toda a construção taciturna e melancólica dão o tom dramático do clímax, mas, nossa, como a luta final é divertida e cômica. A dinâmica estúpida do bando – muito por culpa de Luffy – dão um toque humorístico gostoso ao final do arco, ao mesmo tempo que nunca nega a dramaticidade pesada apresentada antes. Arlong Park traz os temas comuns da série e os elevam com uma história madura e sentimental, apresentando o melhor antagonista da obra até aqui – ainda acho Arlong um dos melhores em todo o mangá -, no sensacional arco de Nami em busca de liberdade.

One Piece – Vols. 8 a 11: Arlong Park – Saga East Blue (One Piece – Vols. 8-11: Arlong Park – East Blue Saga) – Japão, 1999
Contendo:  Arlong Park (#69 a 95)
Roteiro: Eiichiro Oda
Arte: Eiichiro Oda
Editora: Shueisha
Revista: Weekly Shōnen Jump
No Brasil: 
One Piece – Vols. 8 a 11 (Panini, 2012/2013)
608 páginas

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