Com a nova animação da Disney, Raya e o Último Dragão, recém-estreada nos cinemas e na plataforma de streaming Disney+, surgiu a oportunidade de fazer mais uma lista daquelas condizentes com nosso rótulo de completos megalomaníacos: um ranking de TODAS as 59 animações da Disney, incluindo, também, o recente lançamento. Para esta missão, foi enviada somente a dupla buddy cop deste novo perfil híbrido que é aqui apresentado, composta pelo experiente, velho e ranzinza editor Ritter Fan, junto ao jovem, temperamental e impulsivo colunista Iann Jeliel, que uniram forças, trocaram farpas e, depois de um hercúleo esforço, chegaram num veredito sobre a questão.
Brincadeiras à parte, a lista foi democrática, seguindo um simples critério: cada posição correspondia à quantidade de pontos equivalente ao inverso da quantidade de filmes (ou seja, 1° lugar = 59 pontos, 2° lugar = 58 pontos e por aí vai). A soma de pontos feita nos dois rankings gerava a ordem final. Em caso de empate, a maior posição alcançada pelo filme, em qualquer uma das listas, prevaleceria. Fica aí o desafio para vocês leitores deixarem o ranking completo abaixo nos comentários, ou no mínimo, ranquear todos aqueles vistos por vocês. Abaixo, seguirão alguns comentários de Iann sobre cada um dos filmes, justificando um pouco sua colocação, mas vocês podem conferir opiniões mais completas e detalhadas acessando nossas críticas (que, vejam bem, nem sempre baterão com as colocações, pois podem ter sido feitas por redatores diferentes – faz parte!), bastando clicar no link de cada título.
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OS RUINS
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59° Lugar: O Galinho Chicken Little (2005)
2 pontos
O nosso ex-colunista Gabriel Carvalho que nos perdoe, porque a única unanimidade entre mim e o Ritter foi que este é o pior filme da Disney. Personagens pavorosos, tom “infantiloide” e uma narrativa de condução para lá de duvidosa.
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58° Lugar: Tempo de Melodia (1948)
6 pontos
Parte de um pacote de filmes duvidosos dos anos 40 da Disney focando em um conjunto de curtas com personagens consolidados, e musicalidade popular à época, que hoje soam praticamente insuportáveis. O último deles foi Tempo de Melodia que, honestamente, parece um filme feito nas coxas de tão mal-acabado.
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57° Lugar: Música, Maestro! (1946)
8 pontos
Outro dos musicais formatados com inspiração em Fantasia, mas totalmente sem inspiração. Curtas genéricos e nada uniformes que caíram no esquecimento.
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56° Lugar: A Família do Futuro (2007)
14 pontos
Um desperdício de uma premissa interessante e vistosa, mas que escolhe os piores direcionamentos possíveis que não aproveitam o potencial do seu universo. A moral da mensagem central é até pertinente, mas não é acompanhada de um bom filme.
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OS FRACOS
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55° Lugar: Como É Bom Se Divertir (1947)
15 pontos
Eu me divertia bem com o curta de Mickey, Pateta e Donald no conto de João e o Pé de Feijão. É uma aventura dinâmica que consegue imaginar bem os personagens em termos adaptativos. Pena que o curta inicial, protagonizado pelo Grilo Falante, de Pinóquio, não tenha a mesma qualidade, além de ser enjoado pelo aspecto musical.
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54° Lugar: As Aventuras de Ichabod e o Sr. Sapo (1949)
20 pontos
Mais um filme-pacote prejudicado por um lado da moeda. No caso, o conto do Sr. Sapo está entre os mais datados da Disney, considerando que sua jornada de transformação moral não é comprável dentro do seu caráter fútil. Ao menos, o conto adaptado de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça é melhor, pelo menos em termos visuais, e é marcante, embora também não seja lá essas coisas. Mas, claro, o Ritter acha justamente o contrário…
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53° Lugar: Oliver e sua Turma (1988)
21 pontos
A melhor coisa do filme é a canção do início, aquele carnaval nas ruas. Seria um curta sensacional se fosse só aquilo. Infelizmente, existe todo um resto honestamente bem chato de se acompanhar, com bichinhos fofos sobrevivendo a intempéries das ruas com imensa facilidade. No geral, é um derivado de um filme mais ou menos da própria Disney.
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52° Lugar: Wi-Fi Ralph: Quebrando a Internet (2018)
22 pontos
A continuação de Detona Ralph tinha milhões de possibilidades, mas acaba buscando a forma mais preguiçosa de conversar com a geração atual sobre deficiências óbvias que o ambiente virtual proporciona, tais como relações tóxicas, para proporcionar um arco de evolução ilógico para sua dupla de protagonistas que já estava muito bem estabelecida
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51° Lugar: Aristogatas (1970)
25 pontos
Um Oliver e Sua Turma melhorado, porque explora os contrastes sociais de seus personagens e vai na temática que a Disney historicamente sempre trabalhou muito bem: a noção da família.
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50° Lugar: Você Já Foi à Bahia? (1944)
28 pontos
Tudo bem que o que vemos não é propriamente a Bahia ou um Brasil fora de seus estereótipos característicos ao olhar norte-americano, mas é um exercício imaginativo interessante de didatismo geográfico por meio de personagens carismáticos.
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49° Lugar: Dinossauro (2000)
28 pontos (Vantagem – Melhor Posição Iann)
Um dos que Ritter mais detesta, mas que eu guardo com algum carinho por fazer parte de um repertório que me fez ser fanático por dinossauros. O 3D do filme está datado? Sem dúvidas. Mas para além da tecnologia, a jornada jurássica tem coração em seus personagens e bons desafios para tornar a trama emocionante.
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48° Lugar: Pocahontas (1995)
30 pontos
O pior da era da Renascença da Disney por romantizar uma história que não tinha brechas para tal romantização. As músicas são lindas, bem como o visual, mas não deixa de ser incômodo o romance impossível entre o colonizador e o colonizado por princípios primordialmente carnais (o loiro e a indígena, princesa). É um filme corajoso, mas que não tinha total noção das margens temáticas com que estava lidando.
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OS REGULARES
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47° Lugar: Alô Amigos (1942)
30 pontos (Vantagem – Melhor Posição Iann)
O melhor dos filmes-pacote, fora Fantasia da Disney. O grande motivador disso talvez seja a montagem, que não separa os curtas demasiadamente a ponto de não parecem um organismo fílmico. Existe toda uma sequência coerente de narrativas que vão puxando umas as outras, dentro de segmentos carismáticos dos personagens “mãe” do estúdio.
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46° Lugar: Robin Hood (1973)
37 pontos
Inofensivo, a lenda do ladrão que rouba dos ricos para dar aos pobres na versão bichinhos da Disney tem carisma, embora pouquíssima substância narrativa para sustentar um apreço a longo prazo. É um filme tão básico em tudo o que toca que por vezes parece burocrático, sem uma marca icônica a se destacar.
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45° Lugar: Mogli: O Menino Lobo (1967)
39 pontos
Primeira posição mais polêmica da lista? A verdade é que existe uma memória afetiva aos personagens em vários filmes da Disney que coloca o filme em uma prateleira à qual não corresponde. Experimente rever Mogli hoje, mesmo com o prisma visando a enxergar a época, e vai se deparar com um filme que rasteja em ritmo e não possui nenhuma organização coerente de acontecimentos. É o símbolo de um método que não dava mais, permeando um longa muito mais episódico do que deveria, em que nem as boas músicas garantem um divertimento síncrono na duração.
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44° Lugar: Nem Que a Vaca Tussa (2004)
40 pontos
Ok. Eu ADORAVA este filme na infância. Devo ter visto umas 50 vezes. Por que eu fui inventar de rever adulto? Só para prejudicá-lo na lista. Enfim, continuo achando engraçadíssimo de modo geral. É um tipo de politicamente incorreto aleatório bem Shrek da vida, só que muito inconstante. Há piadas excelentes e outras terríveis, com uma história bem meia-boca, mas ao mesmo tempo, divertida de acompanhar.
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43° Lugar: Bolt – Supercão (2008)
42 pontos
Em algum nível considero esta animação subestimada. A jornada de Bolt é um educativo interessante de como sair de uma bolha para valorizar a realidade ao seu redor, pena que é feita numa estrutura tão derivada. É um filme que gostaria muito que fosse da Pixar para apelar ao velho “voltar para a casa” com aprendizado, ao invés de explorar mais o interessantíssimo jogo de contrastes do personagem que acredita viver numa ilusão.
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42° Lugar: A Bela Adormecida (1959)
43 pontos
Até compreendo o apelo imagético deste filme. Realmente, ele possui quadros icônicos no imaginário popular, além da história ser o mais clássico conto de fadas possível, o que acaba inevitavelmente sendo estimulante. No entanto, não deixa de ser uma animação em que sua princesa é uma mera secundária da própria história, uma princesa completamente passiva ao homem ter de resgatá-la da representação de bruxa mais maniqueísta possível. Não teria problema se houvesse algum desenvolvimento disso, mas não, são apenas acontecimentos em blocos que não se sustentam por também envelhecerem muito mal no ritmo.
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41° Lugar: Atlantis: O Reino Perdido (2001)
45 pontos
O voto “cult” do Ritter acabou custando uma posição muito acima para este filme na lista do que eu imaginava. Até gostava dele na infância, principalmente pela concepção visual do universo de Atlantis, mas infelizmente, depois de rever, o filme caiu bastante, principalmente pelo pouquíssimo aproveitamento do universo, especialmente no pouco senso de vislumbre dele. Acaba sendo gravíssimo para uma ficção científica que simplifica demais, até visualmente, seus interessantes conceitos.
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OS BONS
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40° Lugar: Operação Big Hero (2014)
46 pontos
Um bom filme de super-herói com o bônus do que vem sendo bem característico na fase “pós-moderna” da Disney, a valorização de outras culturas. Há um senso de aventura deslumbrante com ótima construção emocional da relação do protagonista com a excelente mascote BayMax. No entanto, dos bons filmes da Disney desta nova leva, talvez seja o que menos cria memória afetiva.
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39° Lugar: Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus (1990)
48 pontos
A primeira continuação oficial da Disney não chega a transformar seus personagens, nem mesmo modernizá-los, mas os coloca em um cenário diferente de ser explorado com uma mensagem ambiental edificante.
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38° Lugar: Frozen – Uma Aventura Congelante (2013)
50 pontos
Representa o início desta nova era de ouro da Disney, retomando a musicalidade dentro de desconstruções de sua própria narrativa clássica. Inclusive, é bem perceptível essa preocupação pela reinvenção, uma ansiedade ao ter que quebrar paradigmas que dá muita energia ao filme e ao mesmo tempo o expõe demasiadamente, tornando-o bem divisivo entre opiniões alheias. O Ritter odeia e eu adoro, assim, ficou na metade da lista.
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37° Lugar: Fantasia 2000 (2000)
52 pontos
É um Fantasia com mais tecnologia envolvida. O encanto já não é mais do experimentalismo sensorial, mas das possibilidades digitais a se fazer com o 3D. Além de, claro, prestar homenagem ao clássico que dividiu águas e que é até reprisado nesse filme no conto O Mickey Feiticeiro, remasterizado.
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36° Lugar: Detona Ralph (2012)
52 pontos (Vantagem – Melhor Posição Ritter)
Uma típica aventura “Toy Storiana”, confrontando o nostálgico com a modernidade, na literal gamificação de sua animação. Até o espírito saudosista parece o mesmo ao idealizar um mundo abstrato em favor, desta vez, da revisita a elementos clássicos de jogos antigos, nos quais o roteiro sustenta o apreço, e a partir daí, tenta desconstruir estereótipos da jornada do herói. Infelizmente, em algum momento se perde em um entretenimento puramente espiritual de memórias, enfraquecendo a história que é até cativante, mas poderia ser mais emblemática.
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35° Lugar: Enrolados (2010)
54 pontos
O primeiro filme 3D de princesa, iniciando o processo de transição para as versões definitivamente modernas de protagonistas femininas independentes. Nada melhor do que insinuar esse processo reconstruindo o conto clássico da Rapunzel com muita liberdade criativa, embora não tão icônico pela falta da musicalidade.
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34° Lugar: Frozen 2 (2019)
56 pontos
O filme, por meio das duas, passa o aprendizado para as crianças de que a quebra de preceitos antigos um dia será a responsável pela resolução de pendências históricas, equilibrando a paz entre diferentes povos e ideologias que, ainda assim, podem ser unidos por uma família, mas não a tradicional que força a hereditariedade monárquica, e sim aquela formada pelo amor verdadeiro ligado ao sangue. Assim, Frozen 2 traz o discurso mais sutilmente encaixado e honesto de toda fase recente da Disney, embora isso não tenha sido suficiente para o Ritter colocar mais acima na sua lista.
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33° Lugar: Irmão Urso (2003)
58 pontos
Costumava ser um dos meus favoritos de infância, principalmente por todo o impacto relacionado ao terceiro ato, deliberadamente traumatizante para qualquer criança. O conto dos irmãos, no entanto, não possui uma aventura tão envolvente no desenvolvimento, ou pelo menos, não tão mágico quanto poderia. Isso acaba desperdiçando nuances de seus valores discursivos, principalmente na dicotomia homem vs. natureza. No entanto, ainda continua um filme marcante.
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32° Lugar: O Caldeirão Mágico (1985)
58 pontos (Vantagem – Melhor Posição Iann)
Talvez o filme mais sombrio da Disney, em todos os sentidos possíveis. No melhor deles, esteticamente se comporta como um dos mais diferentes da maioria lúdica brilhante do histórico do camundongo. É uma animação suja, medieval, dark, capaz de ser visualmente assustadora pela caracterização da direção de arte e especialmente do vilão. Em termos narrativos, há muitas limitações na construção da jornada do herói e saltos de ritmo desordenados, ainda assim, traz o seu nível de encanto e impacto, principalmente em seu marcante final.
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31° Lugar: A Princesa e o Sapo (2009)
58 pontos (Vantagem – Melhor Posição Ritter)
A última das fábulas realmente clássicas da Disney, ainda que traga a primeira princesa negra para dar a abertura de um novo discurso dali para a frente. Por vezes, muitas vezes, as duas ideias acabam convergindo em incongruências narrativas, mas Tiana e os personagens compensam numa narrativa carismática.
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30° Lugar: As Aventuras do Ursinho Pooh (1977)
59 pontos
Três aventurinhas simples sem interligação por serem curtas, com situações completamente inocentes que passam uma trivialidade encantadora. O poder do Ursinho Pooh é sua ingenuidade natural. É infantil, mas esse infantil não é bobo, muito pelo contrário, os personagens que tanto marcaram são honestos em suas personalidades para preservar o espírito de encanto ao simples.
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29° Lugar: O Cão e a Raposa (1981)
60 pontos
História de amigos que crescem e se distanciam, quem nunca viu? O maior mérito aqui é como a construção linear consegue ir do micro ao macro emocional com muita sutileza na transição da amizade para diferenças ideológicas que se finalizam num conflito de reais consequências. Se falta algo, talvez seja o senso aventuresco melhor trabalhado para um clímax que surge meio aleatoriamente, ainda assim, é uma belíssima animação.
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28° Lugar: O Ursinho Pooh (2011)
61 pontos
A última animação em 2D da Disney fechou o seu ciclo no seu representante mais simples. É outro filme quase homenagem, que preserva a linguagem ingênua ao máximo, mas sem querer passar uma linha necessariamente nostálgica, ficando num delinear preciso da despretensão com a despedida iminente de um estilo que esses personagens tão bem representam.
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27° Lugar: A Espada Era Lei (1963)
61 pontos (Vantagem – Melhor Posição Ritter)
Diferente de Mogli, aqui o caráter disperso e episódico da narrativa é o charme para destacar esta das outras adaptações das lendas arturianas. A melhor coisa do filme é esse vai e vem da história com fundos educativos explícitos, com Merlin ensinando sobre o mundo para Arthur. É o diferencial desta história, que infantiliza o conto sem deixá-lo besta.
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26° Lugar: As Peripécias do Ratinho Detetive (1986)
62 pontos
Não deixa de ser Sherlock Holmes antropomorfo, mas é muito interessante a Disney propor um filme investigativo num universo de animações que pouco se arriscam fora da fantasia do conto de fadas. O senso participativo ao mistério é o grande atrativo aqui, convidando o espectador a resolver o quebra-cabeça e entrar no jogo de gato e rato, ou melhor, de rato e rato, que possui uma boa dose de suspense, comédia e aventura.
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OS ÓTIMOS
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25° Lugar: A Dama e o Vagabundo (1955)
63 pontos
A luta de classes em um romance fofo de cachorros, num caso de amor raramente tão bem cuidado no universo da Disney, que geralmente platoniza muito rapidamente seus casais. Um grande mérito, visto a agilidade rítmica dessa desenvoltura que valoriza diversos momentos pequenos enquanto explora a urbanização do contexto da história, utensílio essencial aos olhos infantis no exercício de compreensão dos diferentes modos de vida e do que representa o equilíbrio entre eles.
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24° Lugar: Bernardo e Bianca (1977)
66 pontos
Aventura honesta, simples e simpática de um casal igualmente carismático de ratinhos. A dinâmica dos dois dá gás a basicamente todo o filme, que possui flertes interessantes com o suspense investigativo, mas essencialmente sabe aproveitar muito a dimensão dos personagens para sempre sequenciar um próximo desafio à narrativa. Em termos rítmicos, um dos que mais bem envelheceram do estúdio.
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23° Lugar: Alice no País das Maravilhas (1951)
70 pontos
O lúdico do desenho permite que a psicodelia do conto original tome diversas formas visuais excêntricas, que aglutinam uma experiência visualmente complexa e primorosamente imersiva. É a animação mais complicada da Disney, porque segue aquela estruturação episódica de sua segunda era de ouro, com esquetes sem medo de abraçar o absurdo. Um filme que confunde, mas marca pela sua estranheza de maneira inesquecível.
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22° Lugar: Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (2016)
73 pontos
Como se a mistura única de gêneros (aventura, drama, ação, comédia, suspense investigativo e até terror) dentro da Disney não fosse o suficiente, a maturação da mistura de dois estúdios muito criativos cria um universo particular recheado de personagens cativantes e mensagens relevantes para toda uma geração. Distanciando-se de romantismos baratos, Zootopia consegue ser único e extremamente importante com um brilhante, didático e amplo estudo de uma sociedade que precisa ser desconstruída de dentro para fora.
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21° Lugar: Dumbo (1941)
74 pontos
O abandono infantil que leva o indivíduo a seguir os passos do meio que o prejudicou; a inversão de limitações físicas para talento diferenciado. Dumbo é um filme que pode ser levado para vários lados numa análise semiótica, inclusive ao negativo no que diz respeito à reprodução de estereótipos raciais. Independentemente dessa cena, é uma história inegavelmente cativante e inspiradora.
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20° Lugar: Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
75 pontos
O início de tudo tinha que estar entre os 20 primeiros. Lógico, depois de mais de 80 anos, a primeira animação da história não está hoje na mesma forma. Há diversas limitações, rítmicas e narrativas, mas que de nenhuma maneira são anuladas ou diminuídas pelo poder imensurável e atemporal de suas imagens, que quase por um milagre conseguiram ser juntadas em um longa-metragem coeso. O resto é história!
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19° Lugar: 101 Dálmatas (1961)
76 pontos
Família + animais. Esses foram os principais ingredientes da Disney na sua fórmula mágica do século passado. 101 Dálmatas junta as duas coisas em sua premissa, quando Cruela, uma das melhores vilãs da Disney, sequestra uma família de cãezinhos, forçando todos ao redor a tentar resgatá-los, inclusive, eles próprios. E nessa dinâmica, bem simples e direta, o filme nos conquista por nunca deixar a história cair em redundância e sempre criar uma nova situação interessante para os personagens superarem.
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18° Lugar: Bambi (1942)
79 pontos
Um coming of age contemplativo sem medo de impor a dureza dos obstáculos repentinos da vida. Bambi é muito marcado por uma traumatizante morte no meio do filme, que força o protagonista a ter que assumir uma responsabilidade que não cabia a sua idade, mas precisou caber. Só por ela já vale a alta posição, que só não é maior porque no clímax perde um pouco o passo e não sabe como fechar a história. Contudo, representa o auge de uma Disney corajosa em decisões narrativas que marcariam para sempre a infância.
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17° Lugar: Fantasia (1940)
79 pontos (Vantagem – Melhor Posição Ritter)
Uma ópera visual, um desafio artístico ímpar, uma nova forma de entretenimento. Fantasia é tudo isso e muito mais. Uma série de oito curtas hipnóticos, transcendentais imagética e sonoramente que compõem a unidade da mágica Disney. Um espetáculo que a introduz com toda a ambição do mundo.
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16° Lugar: A Nova Onda do Imperador (2000)
81 pontos
A animação mais engraçada da Disney em termos de comédia. Muito por conta da liberdade da montagem, que permite ao narrador-protagonista se inserir na própria contagem da história, quebrando a quarta parede de um modo inteligente, sem interferir na simplicidade ingênua de sua jornada de redenção. É um filme que conquista por isso.
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OS MELHORES
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15° Lugar: Hércules (1997)
81 pontos (Vantagem – Melhor Posição Ritter)
O maior símbolo da masculinidade reduzido a um bobão, de pouca inteligência, é verdade, mas primordialmente para ser um cavalheiro. É a desconstrução do estereótipo da masculinidade perfeita do conto de fadas, que começa a se tornar um mito que é valido de ser usado num universo mitológico. Aproveitando a Grécia como poucos filmes em geral, através de músicas chicletes maravilhosas, Hércules está entre os mais divertidos filmes da Disney.
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14° Lugar: Mulan (1998)
84 pontos
Depois de milhões de princesas que escolheram homens como desejo para uma vida feliz, Mulan é a guerreira de classe baixa que salva a China por sua família, com seus méritos, e no caminho se apaixona por sua escolha. Simbolicamente, é a máxima do caminho aberto pela era da renascença de princesas ainda clássicas, mas cada vez mais independentes e humanas.
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13° Lugar: Planeta do Tesouro (2002)
88 pontos
Definitivamente o filme mais subestimado da Disney. Visualmente está entre os mais criativos do estúdio, toda a concepção conceitual de um mar no meio do espaço traz um filme de piratas riquíssimo em possibilidades valorizadas pela animação, principalmente na ação espetacular do longa. Contudo, não se deixe enganar: o vislumbre da história passa aos olhos de um protagonista bem-desenvolvido, sonhador e esforçado, daqueles por quem dá gosto de torcer, mesmo que faça a companhia a outros ótimos personagens para deixar toda a climática final de quem vai ficar com o tesouro ainda mais emocionante.
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12° Lugar: O Corcunda de Notre Dame (1996)
88 pontos (Vantagem – Melhor Posição Ritter)
Um conto de fadas onde o sonho é simplesmente conseguir ser visto. A maturidade e sensibilidade de O Corcunda de Notre Dame para tratar de desigualdade social, intolerância religiosa e preconceito contra minorias sem perder o tom infantil, mas mantendo a seriedade, é um feito para poucas animações. Poderia ter um final mais justo em se tratando de uma fantasia, mas não deixa de ser real dentro de uma realidade que nem assim pode ser mudada totalmente. O caminho para a justiça ainda é longo!
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11° Lugar: A Bela e a Fera (1991)
89 pontos
Infelizmente, o número um particular de nosso querido Ritter morreu na praia e não entrou no top 10 – por motivos justos. Revendo hoje, A Bela e a Fera possui um ritmo inegavelmente atropelado, em que os acontecimentos vão surgindo de maneira repentina, de modo a dificultar um pouco a absorção da construção dos sentimentos do romance. Ainda assim, esta consegue ser muito bem-construída, principalmente nas pequenas desconstruções sociais proporcionadas pela mulher inteligente que não liga para aparências na hora de se apaixonar. É uma animação histórica, não sem querer foi a primeira capaz de competir a melhor filme no Oscar, e com justiça, por sua incrível qualidade técnica, narrativa e musical.
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10° lugar: Raya e o Último Dragão (2021)
91 pontos
Mesmo estreando esses dias, Raya já é digníssima de entrar entre as 10 melhores. A confirmação de um novo conceito de conto de fadas, no qual a fantasia não é mais a realização de desejos individuais amorosos, mas um desejo coletivo e humanitário capaz de quebrar ciclos de passados nebulosos. Uma animação de casca, daquelas que marcarão uma geração por envolvimento emocional, cenas icônicas, personagens complexos e mensagens relevantes e (a)temporais bem passadas.
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9° Lugar: Peter Pan (1953)
92 pontos
Como é bom ser criança e poder viver as histórias criadas pela nossa imaginação. O amadurecimento tardio é ruim? Ou será que é a sua falta que nos torna mais humanos? Já que a humanidade vem diretamente ou não da ingenuidade. E aí reside a essência de Peter Pan: um filme jovem para sempre, assim como seu personagem.
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8° Lugar: Lilo & Stitch (2002)
102 pontos
“Ohana quer dizer família”. O verdadeiro significado da família, que pode ser fora da configuração tradicional, pode superar o abandono por luto e as diferenças sanguíneas, até mesmo planetárias. Sensibilidade é o que não falta nesta animação que de tão simples consegue ser muito poderosa, quando vai provar no íntimo de seu drama que família são aqueles com quem criamos laços. E que laços foram criados entre Lilo & Stitch, não é mesmo?!
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7° Lugar: Cinderela (1950)
105 pontos
É a perfeita execução da jornada clássica de uma princesa na fantasia, onde as intersecções de seu destino vão sendo exponenciais ao seu “merecimento”, dentro do que faz na história. Se a empatia pela sua humildade vai fazendo a gente torcer para que seus desejos se tornem realidade, na prática, eles vão chegando no momento certo, até mesmo para moldar uma personalidade de atitude em Cinderela para o que ela realmente quer. É uma construção sutil, mas extremamente encantadora.
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6° Lugar: Aladdin (1992)
106 pontos
Personagens, ritmo, músicas, emoção, Aladdin tem de tudo e mais um pouco. É um dos filmes que praticamente definem a criatividade mágica da Disney em nos envolver por meio de histórias que irão nos marcar no olhar infantil e criar uma sensação nostálgica ainda mais forte em olhares adultos. Um conto de fadas encorpado em uma execução mais sagaz, modernamente atemporal e tão mágica quanto a lâmpada. Inesquecível define.
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05° Lugar: Pinóquio (1940)
107 pontos
Nunca mais vão aparecer animações como Pinóquio, com lições de moral quase agressivas movidas por punições a escolhas erradas. É uma visão construída de forma fascinante para a época, um conto infantil sobre as dubiedades de uma sociedade perigosa. Simplesmente o ápice da era de ouro da Disney não podia ficar de fora de um top 5.
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4° Lugar: Moana: Um Mar de Aventuras (2016)
108 pontos
A evolução da proposta de uma princesa autossustentável que decide salvar seu reino por si própria, e desta vez, sem a interferência de um par romântico para ajudá-la em sua motivação, quanto menos para resolver seus problemas. Com uma musicalidade fantástica, cenas de ação deslumbrantes e protagonizada pela melhor princesa do estúdio, mesmo sendo tão recente, Moana merece estar tão no topo!
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3° Lugar: O Rei Leão (1994)
109 pontos
“Naaaaaaats ingonyaaaaaaaa ba bagithi Baba”! Poucos contos se iniciam de uma maneira tão impactante, ecoando o grito de um novo ciclo começando, a chegada de um futuro novo rei no mundo animal que terá seu caminho cessado pelo tio vingativo. A jornada do herói relutante, fugindo da perda, para voltar assumindo a culpa de seus erros, aprendendo com eles a lidar com a responsabilidade que lhe foi guardada. O Rei Leão só não é o primeiro por detalhes, já que para muitos é a obra-prima definitiva da Disney, e com justiça.
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02° Lugar: Tarzan (1999)
111 pontos
Meu número um particular, a animação da minha infância, minha animação favorita, forever and ever. Sempre choro, me emociono, me arrepio, me empolgo, repito cada uma das falas, canto cada uma das canções de Phill Collins. É um sentimento de carinho que não muda, mesmo já revendo por mais de 200 vezes. Felizmente, o Ritter também adora, o que possibilitou que quase alcançasse o pódio, mas o segundo lugar está mais do que justo.
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01° Lugar: A Pequena Sereia (1989)
113 pontos
Para a sua surpresa, para a minha surpresa e para a surpresa até do Ritter, A Pequena Sereia foi o grande selecionado para o pódio e, pasmem, o único filme em comum a entrar no top 5 de ambos da dupla. Mas foi com toda a justiça, não só por sua inquestionável importância histórica ao dar start à era da Renascença da Disney, que basicamente inspirou a modernização da animação norte-americana de um modo geral, mas por toda a sua construção fílmica também. É o equilíbrio perfeito entre a narrativa clássica e mágica característica da Disney de conto de fadas e a futura linguagem moderna de caráter desconstrutivo. Um divisor de águas capaz de ser símbolo gigante do estúdio, tanto para trás quanto para frente.