- Contém SPOILERS. Leia aqui as críticas das demais temporadas e/ou episódios.
Home foi basicamente um episódio que confirmou todas as minhas teorias. Não só por ter finalizado com o retorno de Jon Snow (Kit Harington) à vida, mas principalmente porque estruturalmente demonstrou que a série realmente sabe para onde quer ir e já começa a traçar os destinos finais de certos personagens, fazendo um belo enxugamento de outros que não terão muito mais prosseguimento na história. Se no episódio anterior isso ficava já evidente com a eliminação de Dorme, aqui fica claro pela eliminação rápida e surpresa de Roose Bolton (Michael McElhatton), nas mãos do filho Ramsay (Iwan Rheon), já pulando várias etapas das pendências que levaram ao inevitável confronto entre o psicopata e Jon Snow pelo domínio do norte – o que deu a justificativa para seu retorno praticamente imediato após ter morrido no final da quinta temporada -, além de ser um ótimo modo de sentirmos mais raiva do personagem até que esse confronto chegue.
É verdade que, para quem assistiu direto, não deu nem tempo de sentir a perda de Snow, mas eu sou a favor de seu retorno porque havia toda uma construção crescente de eventos ao seu redor que culminaria no seu protagonismo improvável. Cessar isso pela “surpresa impactante” seria no mínimo um tiro no pé, narrativamente. Porque a falsa morte não foi colocada ali de graça, e Melisandre (Carice Van Houten) foi muito bem posicionada para dar valor a esse evento como a virada de chave definitiva da série para a fantasia – mais até do que Hardhome. Por isso, Bran (Isaac Hempstead Wright), depois de um hiato de mais de uma temporada sem aparecer, finalmente retorna em sua trama com o corvo de três olhos. Seu núcleo precisava acompanhar esse mesmo ponto-chave de transição, ainda que as cenas do episódio nele não apresentem muita coisa em tela, de algum modo, sinto que a mitologia fantasiosa será mais explorada através desse seu olhar observador ao passado de Westeros com outros personagens. Esperaremos para ver mais, não só dos Starks pequenos como de outros pontos ainda não explorados.
Enquanto isso, vale mencionar o quão bem construída foi a cena da ressurreição de Snow. Se não estivesse tão óbvio que iria acontecer, daria para acreditar na dúvida implementada pela encenação, que realmente vende a ideia daquilo já como um teste falho, porque a feiticeira não acredita mais no possível sucesso daquilo e meio que faz a última tentativa só por fazer, vê que não vai dar certo de novo e abandona a sala, bem como os outros, e aí ele acorda para acabar o episódio. Belo gancho, foi meu núcleo favorito do episódio, a chegada dos selvagens sem pegar guerra e somente prendendo os traidores foi a sacada ideal para confirmar a influência de Jon naquele ambiente. Inimigos mortais historicamente enfim unificados pela morte de um líder em comum, mais um motivo para ele voltar. O resto do episódio vai passear pelos outros núcleos antecessores e dar mais uma ceninha de satisfação, com um pouco mais de avanço da história.
Arya (Maisie Williams), depois de apanhar um pouco mais, finalmente progride na Casa do Preto e Branco e parece que vai voltar a ter visão já no próximo capítulo. Theon (Alfie Allen) se separa de Sansa (Sophie Turner), encomendando seu destino para a ilha dos Homens de Ferro, com um conflito de família logo a sua espera. O rei Balon Greyjoy (Patrick Malahide) morre nas mãos de um novo personagem, também da família, Euron Greyjoy (Pilou Asbæk), sem ninguém saber. Logo, uma possível crise interna será instaurada para o estabelecimento de um novo rei que ficará em disputa, imagino que o próprio Euron com a irmã mais velha de Theon, Yara (Gemma Whelan). Daenerys (Emilia Clarke) não aparece, mas seu núcleo ganha algum progresso com Tyrion (Peter Dinklage) apaziguando os dragões, libertando-os das correntes, numa cena divertidamente tensa, em que o anão poderia facilmente virar banquete se não fosse um personagem tão cascudo.
Por fim, temos um bom destaque em King’s Land que se torna o conflito mais imprevisível da temporada até o momento. Cersei (Lena Headey) enfrenta divergências com o filho (Dean-Charles Chapman) após ele não ir para o enterro da filha, mas acaba se unindo a ele para o embate ao Alto Pardal (Jonathan Pryce), cada vez mais influente naquele ambiente e capaz de intimidar até o Jaime (Nikolaj Coster-Waldau). Resta saber se sua influência como rei vai ser capaz de definhar alguma tramoia para Cersei reconquistar o poder, mas há o elemento Margaery (Natalie Dormer) aí no meio que pode fazer com que essa aliança de mãe e filho não se saia tão bem. Por mais que não goste tanto da maneira como fora apresentada essa situação, é impossível não admitir que estou profundamente curioso em como ela será resolvida, tamanha a bola de neve que se criou. Sei que os fins devem dar os Lannisters como vencedores, mas não faço a menor ideia de como isso pode acontecer.
Home não chega a ser um episódio de alto nível ainda, mas vem encaminhando bem um percurso para que esta temporada retome Game of Thrones a esse posto. Talvez pudesse ter seus eventos unidos com The Red Woman para já em season premiere trazer essa sensação, mas não reclamo de como foi feita a divisão. Se está em uma boa crescente, é o que vale.
Game of Thrones – 6X02: Home | EUA, 1 de Maio de 2016 Home Home
Direção: Jeremy Podeswa
Roteiro: Dave Hill (baseado em obra de George R. R. Martin)
Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Kit Harington, Liam Cunningham, Carice van Houten, Sophie Turner, Nathalie Emmanuel, Maisie Williams, Conleth Hill,Jonathan Pryce, Kristofer Hivju, Alfie Allen, Tom Wlaschiha, Iwan Rheon, Dean-Charles Chapman, Michael McElhatton, Gwendoline Christie, Isaac Hempstead Wright, Max von Sydow, Ben Crompton, Patrick Malahide, Pilou Asbæk, Gemma Whelan, Kristian Nairn, Daniel Portman, Hafþór Júlíus Björnsson
Duração: 54 minutos