Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Nathan Never – Vol. 17: Sobrevivência Zero

Crítica | Nathan Never – Vol. 17: Sobrevivência Zero

por Luiz Santiago
358 views

Alguns desaparecimentos misteriosos ocorrem nas proximidades de Brown Hill, uma região na fronteira do Território (lugar já explorado na série, no arco Terra Queimada e Os Predadores do Deserto). Contratado por Christen Smith, jovem que teve seus pais e seu irmão sequestrados, o agente Nathan Never inicia uma investigação já com coisas muito estranhas acontecendo à sua volta. Desde as primeiras páginas dessa história, o leitor tem a forte impressão de que os vilões estão controlando absolutamente tudo e que não há muito espaço para o mocinho trabalhar. Até mesmo quando o eremita Hepzibah, que acredita estar fazendo contato com marcianos através de ondas de rádio, entra em cena, o leitor não tem muita esperança de que uma informação fornecida “sem querer” irá derrubar essa misteriosa uma organização militar com uma base secreta e experimentos com vírus desconhecidos.

O toque épico da aventura vem pela forte semelhança desse roteiro de Michele Medda com filmes de espionagem envolvendo armas biológicas e um mistério ainda maior, possivelmente com a mão oculta do governo, embora a gente não tenha nada no texto que nos guie exatamente para esse lado… apenas uma sugestão. Tendo como base o livro O Enigma de Andrômeda, de Michael Crichton, a camada do texto que explora a contaminação pelo vírus deixa tudo um pouco mais assustador, somando à força bélica e aberta desumanidade desses cientistas militares, a possibilidade de verdadeiras armas mortais se espalharem e contaminarem muita gente, escalando a situação para níveis impensáveis.

O que falta aqui, em essência, é uma motivação maior e melhor explorada para os vilões. “Apenas” a descoberta por acaso do vírus parece ter impulsionado a tal pesquisa, e mesmo que algumas coisas ligadas à especulação imobiliária causada por uma contaminação acidental apareça aqui, nada de mais sólido surge para justificar um investimento tão grande como o que uma determinada empresa está fazendo para esta causa. É evidente que a gente pode aludir a algumas dezenas de motivos óbvios, mas se eles não estão na história como impulsionadores narrativos, então são apenas hipóteses pessoais, aí não contam para melhorar o enredo.

Encontramos na casa de Hepzibah algumas referências visuais a Star Wars Star Trek (em forma de brinquedos) e Blade Runner e Alien (em forma de cartazes), coisas que ajudam a formar uma sensação de cenário futuro povoado por elementos culturais e problemas sociais que conhecemos muito bem em nosso momento presente. No todo, porém, Sobrevivência Zero  não se fortalece porque falta-lhe algo que melhor explique a atuação dos vilões. E também é válido dizer que o salvamento final dos mocinhos foi um conveniente e chateante Deus Ex Machina. Não uma das melhores, mas ainda assim, trata-se de uma boa trama de Nathan Never.

Nathan Never #17: Sopravvivenza zero (Itália, outubro de 1992)
Sergio Bonelli Editore

Roteiro: Michele Medda
Arte: Francesco Bastianoni
Capa: Claudio Castellini
100 páginas

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais