Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | A Corrida das Sete Flechas (Zagor #300)

Crítica | A Corrida das Sete Flechas (Zagor #300)

por Luiz Santiago
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O povo Hidatsa (Hiraacá) é um grupo sioux pertencente à Nação Mandan, Hidatsa e Arikara (também conhecida como Três Tribos Afiliadas) cujas terras nativas se estendiam pela bacia do rio Missouri, atualmente indo do Estado de Dakota do Norte até o oeste dos Estados de Montana e Wyoming. Não é um povo que aparece muito frequentemente em ficções western, mas que está bem representado aqui em A Corrida das Sete Flechas (1990), terceiro Especial centenário da série regular de Zagor.

Escrita por Marcello Toninelli e desenhada por Gallieno Ferri, esta aventura coloca o Espírito da Machadinha em uma situação de grande responsabilidade, em um assunto que ele não tinha nada a ver para começo de conversa. Na abertura do volume vemos Zagor e Chico atendendo ao funeral de um líder Hidatsa, onde logo depois se define quem deverá ser o novo chefe local. Dois homens se candidatam para o cargo. Um jovem que pretende manter os acordos de paz fechados pelo chefe anterior e um homem maduro, corrupto e em contato com criminosos brancos que pretende recolocar seu povo no centro de novas guerras. E pelos costumes locais, é necessário que os candidatos participem de uma competição, a tal ‘corrida das sete flechas’ do título, para saber quem assumira o posto máximo da tribo.

Como o roteiro não esconde em nenhum momento o perigo que o jovem indígena está correndo, o leitor foca no guerreiro maduro e espera acompanhar cada um de seus passos, mas Toninelli e Ferri não permitem isso. É muito interessante ver os planos do indígena infame acontecer às escondidas e os homens brancos (ajudados depois por outros nativos corruptos) assumirem os riscos e prepararem as armadilhas. Nós pouco vemos o conspirador, na verdade, e entendo isso como um ponto parcialmente negativo na história. Por um lado, é compreensível que Zagor tenha a real atenção aqui, mas por se tratar de uma competição, seria muito mais interessante, para o propósito da aventura, que tivéssemos a oportunidade de ver os dois candidatos (Zagor aqui está representando o jovem ferido, que se fez seu irmão de sangue) vencendo obstáculos e se aproximando do “pódio”.

Ao longo da edição o roteiro de Toninelli não apresenta nenhum tipo de trama secundária, como acontece frequentemente nas histórias de Zagor. O foco está realmente na corrida e nos obstáculos criminosos que o Espírito da Machadinha precisa enfrentar até conseguir o seu objetivo. É um desenvolvimento divertido, mas creio que com menos impacto do que poderia ter, primeiro pelo motivo que citei no parágrafo anterior, e depois porque a falta de um maior suporte para toda essa jornada, ligando-a à tribo, dá a clara sensação de que falta algo ali no meio. O autor até tenta preencher esse buraco quando a esposa do jovem indígena ferido salva Zagor lançando uma flecha em um dos bandidos que o ameaçava, mas é uma intervenção fechada em si mesma e sem uma boa ligação quando as pontas se amarram no desfecho do Especial.

A Corrida das Sete Flechas é uma história de irmandade entre indivíduos de diferentes etnias em um tempo onde o conflito entre brancos e indígenas era a regra. A trama mostra o respeito, mas também a preocupação de Zagor pelo andamento da política de alguns povos de Darkwood, o que o faz aceitar assumir o lugar de um candidato a líder ferido antes mesmo de começar a disputa. É um especial bastante ágil e, no todo, interessante, encerrando-se com uma bela comemoração e uma boa piada para relaxar os nervos depois de tanta tensão.

Zagor #300: A Corrida das Sete Flechas (La corsa delle sette frecce) — Itália, 1990
No Brasil: Zagor Especial n°4 (Mythos, 2005)
Roteiro: Marcello Toninelli
Arte: Gallieno Ferri
Capa: Gallieno Ferri
100 páginas

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