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Crítica | The Expanse – 5X09: Winnipesaukee

por Ritter Fan
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  • Há spoilers da série de TV, mas não dos livros (mantenham assim nos comentários, por favor). Leiam, aqui, as críticas das demais temporadas.

É muito interessante como a expectativa sobre algo pode afetar nosso julgamento se não soubermos deixá-la em xeque. Já cansei de argumentar com leitores que aquilo que ansiamos ver em um filme ou série não deveria ser levado em consideração para o julgamento da referida obra, pois é o mesmo que determinarmos, de maneira bastante egoísta, que aquilo que achamos que deve acontecer é o certo, muitas vezes fechando-nos para outras possibilidades. Senti-me assim em Winnipesaukee, pois, considerando o magistral final de Hard Vacuum, eu só queria saber do destino de Naomi na Chetzemoka e mais nada.

Mesmo plenamente ciente que um episódio com esse título só poderia mesmo ser focado em Amos e Clarissa, já que ela sugerira o roubo de uma nave sub-orbital dos ricos dessa região, tinha ainda esperança de que o resgate de Naomi acontecesse de alguma maneira, o que, claro, nem de longe ocorre. Acontece que, considerando a estrutura da temporada, essa escolha faz todo sentido e deixar a convergência final se não de todos, pelo menos de quase todos os tripulantes da Rocinante para o derradeiro episódio é a melhor opção. Com isso, restava mesmo focar na dupla perdida na Terra saindo do planeta.

Mas, diferente do episódio anterior, que basicamente só teve olhos – ou câmeras – para Naomi, aqui aquele cuidadoso equilíbrio entre núcleos, uma das mais impressionantes características da série, é mais uma vez usado, ainda que com parcimônia. Se pouco vemos de Naomi, Holden e Alex e Bobbi, pelo menos somos brindados com a certeza de que todos estão na mesma página agora e que aquela mensagem desesperada realmente chegou aos ouvidos de todos, ainda que com resultados diversos. Camina Drummer e seu núcleo, por seu turno, ganha novamente mais um empurrãozinho para a potencial virada de mesa contra Marco Inaros com a revelação para a capitã de que Naomi pode estar viva na Chetzemoka. Espero que Drummer tenha a oportunidade de chutar Karal para fora de sua nave, mas desconfio que alguma desgraça maior acontecerá. Seja como for, há até mesmo espaço para uma breve manobra sentimental de Marco em cima de seu facilmente manipulável filho, levando-o de vez para o lado sombrio com o propalado “segundo abandono” deles por Naomi em uma daquelas cenas que dá vontade de pular na tela para esmurrar o terrorista supostamente revolucionário.

Da mesma forma, Avasarala, que teve participação indireta de segundos no episódio anterior, tem excelentes momentos em Winnipesaukee. Assim como Amos, a ex-Secretária Geral da ONU mudou bastante. Aquela frieza que guiava suas ações abriu de vez espaço para seus sentimentos, especialmente considerando a morte de seu marido com os ataques de Inaros. Sua recusa em aceitar o contra-ataque contra Belters inocentes, com a consequente renúncia a seu cargo no gabinete de David Paster pareceu-me genuína e não algo parte de uma manobra política maquiavélica para chegar ao ponto em que chegou ao final, sendo chamada de volta como candidata ao governo depois de um voto de não confiança contra o Secretário-Geral. E o mesmo vale para seu convite para que o Almirante Felix Delgado, arquiteto da destruição de Pallas, componha seu gabinete, já que ela realmente parece precisar de gente com personalidade que saiba dizer não quando necessário. Em outras palavras, todo o tabuleiro está posto para que Avasarala lidere uma caçada a Inaros na próxima temporada que também será a final.

E, com isso, voltamos a Amos Burton, um homem definitivamente muito mudado desde que o vimos como um guarda-costas ultraviolento, frio e sanguinário de Naomi lá atrás na 1ª temporada. Seu arco de redenção, por assim dizer, chega ao que parece ser o ponto máximo aqui neste episódio e não pelo que ele faz, mas sim pelo que ele não faz. Não expulsar os empregados das casas das ricaços que foram abandonados à sua sorte e não imediatamente matar os mercenários que chegam ali fazendo exigências certamente exigiu enorme autocontrole, algo que ele já vinha exercendo há bastante tempo, basicamente desde a 4ª temporada.

Tudo bem que sua conexão estilo mestre-pupilo com uma das pessoas do grupo de Erich e o final telegrafado de que ela seria baleada não foi a coisa mais cuidadosamente desenvolvida do mundo, assim como seu momento eureka em que ele descobre o que há de errado com a nave, mas estes são pontos negativos que tendem a ser mais facilmente aceitos quando lembramos da trajetória de Amos até o momento, com Wes Chatham realmente impressionando com seu trabalho dramatúrgico e com o brinde estilístico da direção de Breck Eisner que se diverte com um belíssimo plano sequência alongado que segue Amos desde o ataque dos mercenários até sua entrada na nave. Não me parece ter sido uma tomada verdadeiramente sem cortes, mas, mesmo assim, a batalha em tempo real, os ângulos de câmera escolhidos, a forma como toda a ação transcorre, inclusive com a escolha de “esconder” o momento berzerk de Peaches e como a montagem foi disfarçada, resultou em um trabalho exemplarmente conduzido, especialmente considerando a geografia complexa da mansão e a quantidade de extras envolvidos.

Winnipesaukee, mesmo adiando a reunião dos tripulantes da Rocinante, nos deixa com o coração na mão, mas de maneira bem diferente da pegada mais intimista e quase exclusivamente focada em Naomi de Hard Vacuum. Mesmo assim, foi uma preparação muito digna para um final de temporada – por sua vez preparatória do encerramento da série – que promete ser memorável.

The Expanse – 5X09: Winnipesaukee (EUA – 27 de janeiro de 2021)
Showrunners:
 Mark Fergus, Hawk Ostby (baseado em romances de James S. A. Corey, nom de plume de Daniel Abraham e Ty Franck)
Direção: Breck Eisner
Roteiro: Daniel Abraham, Ty Franck, Naren Shankar
Elenco: Steven Strait, Cas Anvar, Dominique Tipper, Wes Chatham, Shohreh Aghdashloo, Frankie Adams, Jasai Chase Owens, Keon Alexander, Frankie Faison, Michael Irby, Anna Hopkins, Brent Sexton, Sandrine Holt, Olunike Adeliyi, Sugith Varughese, Nadine Nicole, Jacob Mundell
Duração: 52 min.

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