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Crítica | Capitão América: A Escolha

por Luiz Santiago
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A Escolha foi um quadrinho que surgiu na esteira do projeto O Fim, empreendido pela Marvel, onde autores muito ligados a determinados personagens escreviam aquela que poderia ser a “última aventura” de determinado herói, heroína ou equipe. No caso do Capitão América, porém, a editora arriscou alto, entregando o roteiro para David Morrell, mais conhecido pela excelente narrativa de ação militar com seu personagem Rambo, que estreou no livro Primeiro Sangue, em 1972.

Apesar da escolha diferente em relação ao autor do projeto, a ideia geral de criação se manteve. David Morrell precisava escrever uma história que fosse “a última do Sentinela da Liberdade“, uma responsabilidade e tanto. Todas as histórias desse projeto jogavam com a ideia de legado, algo que fica ainda mais intenso quando falamos do Capitão América, que representa um caminhão de ideias e feitos, além de marcar com muita força o pensamento americano ao longo dos anos. Colocar um fim na vida desse personagem exigia uma passagem de manto e escudo muito bem pensada e construída. E em alguns aspectos, é isso o que temos aqui.

A parte militar da obra acontece no Afeganistão, e esse espaço, essa guerra, certamente traz opiniões bem diferentes dependendo do olhar político ou da análise de conjuntura feita pelo leitor. De qualquer forma, a exposição do roteiro está inteiramente focada em uma dimensão pessoal, destacando um soldado que está sendo visitado mentalmente pelo Capitão América, enquanto este padece de uma doença que os médicos não conseguem combater. Da história, tudo o que se relacionou a essa doença foi o “elo frágil” para mim. A premissa do soro do supersoldado ter uma “data de validade” é interessante, mas o tratamento para isso e a tal habilidade mental do Capitão simplesmente não colaram. O bom é que isso não torna menos impactante o significado da minissérie.

A arte de Mitch Breitweiser e as cores de Brian Reber nos transportam diretamente para o Afeganistão e nos fazem sentir a quentura, o sufocamento após o desabamento da caverna e o tipo de cenário doentio e mortal que esses soldados estão vivendo. A angústia do militar visitado mentalmente pelo Capitão é compartilhada conosco sob um duplo ponto de vista. Vemos o seu lado, o lado de alguém traumatizado achando que está enlouquecendo; e também o lado do Capitão, utilizando todas as suas forças para falar com esse indivíduo e, como saberemos depois, passar para ele e também para muitos outros “heróis do dia a dia” a missão de continuar o trabalhado.

Algumas pessoas afirmam que foi muito clichê a escalação dos heróis cotidianos para seguirem os passos do Capitão, mas é importante destacar que o foco da minissérie foi justamente o soldado em campanha na Ásia. No fim das contas, existe, em meio a todos os outros, uma pessoa que em profissão e em atos irá dar continuidade às ideias do Bandeiroso, servindo de inspiração para muitos outros, começando por seu próprio destacamento. As mensagens individuais aqui são muito bonitas e o ideal de legado do Capitão América, idem. Minha frustração é isso vir embrulhado num tipo de projeção + explicação que não gosto tanto. Além de um ato final — o que foi aquilo do infiltrado querendo matar o presidente? — que estica a corda da paciência mais do que deveria.

Capitão América: A Escolha (Captain America: The Chosen) — EUA, novembro de 2007 a março de 2008
No Brasil:
Panini (2020), Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel, A n°55 (Salvat, 2014)
Roteiro: David Morrell
Arte: Mitch Breitweiser
Arte-final: Mitch Breitweiser
Cores: Brian Reber
Letras: Cory Petit
Capas: Mitch Breitweiser
Editoria: Andy Schmidt, Alejandro Arbona
148 páginas

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