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Crítica | The Expanse – 5X05: Down and Out

por Ritter Fan
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  • Há spoilers da série de TV, mas não dos livros (mantenham assim nos comentários, por favor). Leiam, aqui, as críticas das demais temporadas.

É impressionante como, além de ser uma das melhores séries sci-fi já produzidas, The Expanse consegue mostrar excelência até mesmo na estrutura mais do que batida de desenvolvimento de núcleos separados que é usada no audiovisual desde tempos imemoriais. Se puxarmos pela memória, poderemos até mesmo concluir que essa é uma característica tão importante quanto a abordagem realista da ficção científica na série, já que os tripulantes da Rocinante começaram separados, juntaram-se e volta e meia são obrigados a se separar novamente, como parece ser o mote da integralidade – ou quase isso – da 5ª temporada.

Na mesma medida em que é fascinante (e refrescante) ver perseguições espaciais que nem de longe se parecem com dog fights, com muito uso de espaço vazio, manobras que cobram caro de pilotos e tripulantes e assim por diante, é interessantíssimo acompanhar como os roteiros, sob o comando preciso de Mark Fergus e Hawk Otsby, conseguem fazer como que haja uma fluidez perfeita entre cada grupo de personagens, com o corte de um para o outro acontecendo no momento exato e com um desenvolvimento tal que é perfeitamente possível ao espectador pelo menos delinear como é que um influenciará o outro, mesmo considerando as enormes distâncias. Depois do choque que foi Gaugamela, episódio que estabeleceu o gênio estratégico de Marco Inaros, Down and Out não perde tempo e, mesmo “eliminando” um núcleo – o de Avasarala – lida ao mesmo tempo com as consequências do bombardeio da Terra e a continuidade direta das narrativas de Amos, Naomi, James, Alex e Bobbi, com direito a alguns importantes segundos dedicados a Drummer, sem que o episódio pareça confuso ou cheio de informação.

Se a odisseia de Amos e Clarissa para escapar da prisão em ruínas depois do impacto de um dos asteroides de Inaros é, pela falta de palavra melhor, comum e um tanto quanto econômica em termos de cenário, particularmente quando eles chegam à superfície em que os escombros parecem falsos mais do que deveriam, mesmo assim é possível perceber seu valor pela maneira humana como os personagens são tratados. Definitivamente, esse Amos Burton de agora é um homem muito diferente daquele que começou a série. Mesmo que ainda seja capaz de atos violentos, eles são muito mais comedidos e pensados agora, com o personagem realmente mostrando carinho por Clarissa e também pela guarda carcerária. De todos os arcos narrativos, este é o que menos tem comunicação direta com os demais mostrados neste episódio, ainda que, claro, haja uma ponte entre eles representada por Avasarala na Lua.

Por seu turno, Naomi não consegue sequer pensar direito depois que o plano de Inaros chegou à fruição e ela percebeu que seu filho Filip está realmente perdido. Sua greve de fome, sua tentativa atabalhoada de matar o líder da revolução do Cinturão e sua aparência lívida, quase como uma morta-viva, estão aí exatamente para reiterar essa humanidade e falibilidade de todos. Em qualquer sério menos preocupada com esses aspectos, Naomi já bolaria um plano infalível ou para escapar ou para criar problemas para os planos de seu ex-amante. A personagem só consegue sair de seu torpor quando o orgulho de todos ao seu redor pelos atos que estão cometendo a permite enxergar uma ameaça a James Holden na Rocinante, gerando um momento excelente – e simples – de ação em que ela consegue avisá-lo de sabotagem. Confesso que fiquei bastante incomodado por Holden sequer desconfiar que a traidora da estação Tycho, que foi mostrada trabalhando na Rocinante diversas vezes, que Inaros tentaria algo diretamente contra ele também, mas os momentos tensos de Down and Out e a belíssima atuação de Dominique Tipper conseguiram compensar o problema.

Alex e Bobbi, à caça da nave marciana Barkeith, têm participações mais ingratas e distantes. Afinal, eles não podem se movimentar livremente, ficando limitados a conversas muito rápida e objetivas sem sequer uma interação efetiva. Mesmo assim, no melhor estilo da série, a dupla não só consegue descobrir informações ainda mais valiosas – e preocupantes – que imaginavam, como são descobertos e passam a ser perseguidos inclementemente, criando o leve cliffhanger a ser provavelmente resolvido no próximo episódio. Desconfio que será a partir deles que a Rocinante (uma vez livre da sabotagem) poderá traçar um caminho até Inaros e Naomi, quiçá reunindo parte da equipe já em futuro bem próximo.

Por fim, a breve participação de Drummer, sentindo-se culpada por ter tido a chance de eliminar Inaros, será provavelmente essencial para o futuro da temporada, já que, com o convite que recebeu do líder rebelde – mesmo que seja uma armadilha, não sei – terá a chance de mais rapidamente descobrir onde ele estará. Resta saber se ela conseguira manter a cabeça fria quando encontrá-lo, no lugar de tentar matá-lo imediatamente como Naomi.

Down and Out é outro baita episódio que marca a metade desta temporada que definitivamente não tem tempo a perder para levar a ação até o limite, especialmente considerando que, com o anúncio do final da série na 6ª temporada, será necessário que todo o tabuleiro seja deixado devidamente armado. Agora é aguardar para ver se a ameaça de Inaros será neutralizada ainda aqui ou se ele continuará como o grande vilão até o final.

The Expanse – 5X05: Down and Out (EUA – 30 de dezembro de 2020)
Showrunners:
 Mark Fergus, Hawk Ostby (baseado em romances de James S. A. Corey, nom de plume de Daniel Abraham e Ty Franck)
Direção: Jeff Woolnough
Roteiro: Matthew Rasmussen
Elenco: Steven Strait, Cas Anvar, Dominique Tipper, Wes Chatham, Shohreh Aghdashloo, Frankie Adams, Jasai Chase Owens, Keon Alexander, Frankie Faison, Michael Irby, Anna Hopkins
Duração: 49 min.

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