Surpreendentemente estranho. Essa é uma das características mais adequadas para explicarmos A Invasão das Rãs, horror ecológico dos anos 1970 repleto de momentos de humor mega involuntário, com uma avalanche de ataques animais que na verdade são menos protagonizados pelos anfíbios e mais perpetrados por serpentes, aranhas, lagartixas e até mesmo uma tartaruga. Sim, aqui a cultura do excesso de prolifera em cenas absurdas, mas tomadas por uma postura de seriedade, empregada pela direção de George McGowan, cineasta que teve como base, o roteiro escrito por Robert Hutchison, texto dramático que teve colaboração de Robert Blees para o estabelecimento do argumento geral. Na trama, um grupo de pessoas se reúne em pleno feriado de 04 de julho para comemorar os festejos de aniversário do dono da propriedade, um idoso rabugento que abomina a natureza, aplica pesticidas em doses desmedidas e causa sérios impactos ambientais pela região onde mora.
O resultado disso tudo? A vingança da natureza ao longo dos 91 minutos dessa narrativa que se arrasta tal como os répteis em revanche, mas não deixa de ser divertida em seu argumento, digamos, “insano”. Na produção, Jason Crockett (Ray Milland) é um milionário idoso com vários problemas pessoais. Ele é tomado por um constante mau-humor e odeia qualquer manifestação da natureza. No dia de desenvolvimento da história em questão, ele recebe os seus convidados para a comemoração, sem sequer sonhar que os animais prepararam uma revanche, projeto que não poupa nenhum dos visitantes da mansão, mortos em circunstâncias diretas ou indiretas envolvendo os animais. A Invasão das Rãs, como já comentado, não traz necessariamente os anfíbios como líderes do antagonismo na narrativa. O horror é orquestrado por diversos animais de origens distintas, criaturas que colocam os humanos para purgar diante dos maus-tratos com a natureza.
Situada na região sul dos Estados Unidos, pantanosa e atmosférica, a família rica passa por momentos de medo e pavor, internamente, para os personagens que vivem a história, obviamente, porque nós, espectadores, purgamos de tédio em diversas passagens demasiadamente lentas e arrastadas. As coisas custam a acontecer a as mortes são desprovidas de expressividade. Logo na abertura, vemos Pickett Smith (Sam Elliott) fazendo fotos para uma revista ecológica e deflagrando o caos ambiental nas imediações da casa do milionário. Após um incidente aquático com Clint Crockett (Adam Rourke), ele é convidado para ir até a mansão se enxugar e descansar um pouco. Lá ele conhece as outras pessoas que estão de plantão para a festa do velho Jason Crockett. Acompanhamos também a ordem do proprietário para seus funcionários espalharem pesticidas numa determinada plantação da área, tendo em vista eliminar formigas e outros insetos. A iniciativa acaba com a morte do empregado por serpentes diabolicamente à espreita para dar o bote e iniciar o projeto de revanche.
Depois disso, só ladeira abaixo. Um dos convidados sai para verificar o funcionamento das cabines telefônicas e é atacado por tarântulas. Um casal é acossado por lagartixas que derrubam uma série de recipientes onde eles estão e acabam promovendo a morte de ambos por envenenamento. Outro é comido por um crocodilo e há até a sabotagem de uma tartaruga, acreditem se quiser, uma lenta e tranquila criatura transformada em assassina vingativa. Acompanhamos essas cenas por meio da trilha sonora exaustivamente barulhenta de Les Baxter, setor responsável por adornar as imagens da direção de fotografia de Mario Tosi, cheia de planos fechados nos animais que em poucas circunstâncias, estão no mesmo quadro que os membros humanos do elenco. O design de som de John Speak reforça o potencial perigosos dos animais, no entanto, algumas qualidades não tornam A Invasão das Rãs um horror ecológico eficientemente assustador como era de se esperar. A crítica socioambiental está lá, em todos os planos, mas a forma como tudo é contado não nos permite levar o filme para um patamar mais alto da coerência narrativa. Este é um dos tantos filmes do segmento da profícua década de 1970, uma era de reinvenção dos argumentos do cinema fantástico dos anos 1950 e 1960.
Roteiro: Robert Blees, Robert Hutchison
Elenco: Joan Van Ark, Lynn Borden, Sam Elliott, Adam Roarke, David Gilliam, George Skaff, Judy Pace, Mae Mercer
Duração: 91 minutos