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Crítica | Link – O Animal Assassino

por Leonardo Campos
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Pouco sangue. Muita atmosfera. Esse é o estilo e ritmo de Link – O Animal Assassino, horror ecológico com altas doses de suspense, lançado em 1986 e pouco conhecido no mercado brasileiro, comentado em circuitos bem alternativos na seara do consumo internacional. Como já expressado na análise de Congo e Shakman – A Fúria Assassina, os macacos, gorilas, chimpanzés, babuínos e demais animais próximos foram de pouca expressão quando os comparamos aos tubarões, serpentes, felinos e outros predadores da natureza. Dirigido por Richard Franklin, cineasta que teve como base, o texto de Lee David Zlotoff, Tom Ackerman e Everett De Roche, o filme segue a linha da experiência científica e testes com animais, abordagem humana inescrupulosa que acaba por criar novas possibilidades “comportamentais” em criaturas manipuladas, situação que abre precedentes para surpresas nada agradáveis para quem se propõe a ser parte do desenvolvimento narrativo cheio de reviravoltas.

Na trama deste cult moderno britânico, somos apresentados, ao longo de seus 103 minutos, a trajetória de pesquisa do Dr. Steven Phillip (Terence Stamp), antropólogo que mora numa mansão na costa da Inglaterra, espaço sabiamente construído pelo design de produção de Norman Garwood, setor que estabelece uma atmosfera quase gótica, bastante remissiva ao clima de Alfred Hitchcock em Psicose. Importante salientar que estas escolhas provavelmente passam pela devoção de Richard Franklin pelo mestre do suspense, sendo ele o diretor responsável por Psicose 2, fã absoluto do manipulador de plateias. Em Link – O Animal Assassino, ele e sua equipe deixam dúvidas pairando no ar e um clima de mistério intrigante, apesar do tom mediano da narrativa. Em sua pesquisa, o cientista investiga a possível conexão entre macacos e seres humanos. Certo dia, ele recebe a visita da zoóloga estadunidense Jane Chase (Elisabeth Shue), jovem interessada na tal pesquisa, rumo ao local para desenvolver um trabalho como assistente. Logo na chegada, é recepcionada pelo chimpanzé com roupa de mordomo. Treinados e inteligentes, os animais passam a fascinação ideal para Jane.

Saberemos, no entanto, que mais adiante, as coisas não são exatamente promissoras para a personagem e qualquer outra figura ficcional que atrevesse a história, com ou sem subtrama substancial. Com o sumiço repentino do mentor da pesquisa, Jane começa a perceber que as criaturas apresentam um comportamento diferenciado, extremamente agressivo, alvo de suspeitas. Em perigo, a jovem percebe que os animais tomaram conta da situação e dominaram o território em questão, a casa do Dr. Steven Phillip. Sem saber a decisão certa a ser tomada, a zoóloga só sabe que precisará ser astuta para batalhar por sua sobrevivência. Em seu baixo nível de sangue jorrado em tela, Link – O Animal Assassino traz três bichos ameaçadores: Voodoo, chimpanzé fêmea enjaulada por causa de sua natureza agressiva; Jump, filhote que possui o hábito de matar outros animais; e a agressiva Carrie. Pombos e gatos mortos pelo caminho ao longo do filme indicam que há algo de muito errado com os macacos, possíveis monstros nesta história focada no velho embate entre humanidade e forças da natureza.

Descrito na época de seu lançamento como um filme moderno com aspecto visual do romance Jane Eyre, a produção demorou bastante para se transformar e ser lançada. Desde 1979, os realizadores já tinham escrito um texto dramático que foi tratado como a mescla de Tubarão com chimpanzés. Inspirado no artigo sobre a violência dos chimpanzés, publicado pela especialista Jane Goodoll, na revista National Geographic, o projeto que traz o habitual contraste entre primitivismo animal e valores humanos, comum nos filmes do segmento horror ecológico, aguardou alguns anos até ser aprovado e filmado. E o resultado é uma narrativa com boa atmosfera, mas um tanto pecaminosa em seu ritmo. Lyle Conway, responsável pela supervisão dos efeitos das criaturas, adota os orangotangos como a espécie para desempenho dramático depois de alguns truques de bastidores para fazer com que o animal fosse próximo dos chimpanzés. Sintetizada aos extremos, a trilha sonora assinada pelo experiente Jerry Goldsmith reflete o estilo musical para composição de texturas nos anos 1980, acompanhamento auditivo para as imagens da direção de fotografia imersiva de Mike Mollay, setor com seus bons momentos, mas nada muito memorável. Ademais, um filme razoável.

Link – O Animal Assassino (Link, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte – 1986)
Direção: Richard Franklin
Roteiro: Everett De Roche, Lee David Zlotoff
Elenco: Elisabeth Shue, Terence Stamp, Caroline John, David O’Hara (I), Geoffrey Beevers, Joe Belcher, Kevin Lloyd, Linus Roache, Richard Garnett
Duração: 103 minutos

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