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Crítica | Nova Luta Sem Código de Honra: A Cabeça do Chefe

por Ritter Fan
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A Cabeça do Chefe – minha tradução literal da versão em inglês do título do filme, já que ele não foi lançado no Brasil – é o segundo longa da série cinematográfica japonesa Nova Luta Sem Código de Honra, que sucede a pentalogia Luta Sem Código de Honra, ou The Yakuza Papers, como conhecida no Ocidente. Mais uma vez, Kinji Fukasaku comanda o longa, seu sétimo sobre o mesmo tema em apenas três anos, só que, desta feita, trocando o roteirista para Susumu Saji depois de uma primeira versão de Kôji Takada, de Episódio Final, que não agradou completamente.

Nessa segunda série sobre a máfia no Japão, uma trilogia, os filmes são independentes, cada um contando uma história completa, mas todos com Bunta Sugawara, a estrela da pentalogia original, como protagonista, cada filme com o seu. Se no primeiro Nova Luta Sem Código de Honra o ator não teve espaço algum para criar algo diferente de seu clássico Shozo Hirono, em A Cabeça do Chefe ele começa substancialmente diferente como Shuji Kuroda um jogador itinerante e bandido de ocasião que acaba terminando um trabalho de assassinato que Tetsuya Kusunoki (Tsutomu Yamazaki), genro do chefe Tokuji Owada (Kō Nishimura), não consegue fazer, cumprindo pena na prisão sob a promessa de que, quando saísse, ele seria recompensado.

No entanto, anos depois, quando ele finalmente é libertado e procura Kusunoki, a situação toda mudou e ele precisa lutar para conseguir seu dinheiro, o que o faz, então, galgar os degraus da Yakuza que está, como sempre, em meio a um conflito interno. O longa é o primeiro de toda a franquia a oferecer uma progressão narrativa focada em apenas um personagem e que pode ser chamada de bastante objetiva considerando o estilo cinético de Fukasaku atrás das câmeras. Da mesma maneira, esse é o primeiro longa que não se passa em Hiroshima e o primeiro a não depender de uma estrutura rígida de telejornalismo. Ainda há as apresentações com quadros congelados e nomes na forma de legenda, mas as narrações em off foram eliminadas, até porque seriam redundantes e desnecessárias.

Sugawara, por seu turno, talvez tenha sua melhor performance em sete filmes, tudo em razão de um roteiro contido e focado, que mantém seu personagem na mira constantemente, sem digressões e sem perder o fio da meada. Com isso, o ator consegue convincentemente estabelecer seu crescimento dentro da organização e também como pessoa, partindo de um malandro oportunista e chegando ao ponto de um respeitado membro da família. Lógico que, quando ele chega em seu ponto mais alto, as comparações com seu Shozo Hirono são inevitáveis, mas, a essa altura, o espectador já conseguiu separar um personagem do outro com bastante facilidade, algo que, por exemplo, não é tão fácil no filme anterior.

Mesmo com as diversas diferenças em relação ao material que veio antes, Fukasaku mantém sua inovadora assinatura visual na forma das filmagens das lutas e tiroteios de maneira a colocar o espectador em meio à ação, com todo o desnorteamento e frenesi que isso significa. E, aqui, ele consegue impor esse seu tratamento até mesmo a perseguições automobilísticas, algo que ele poliria e chegaria ao máximo da técnica no filme seguinte, o último da franquia sob sua gestão (pois ela continuaria por outros três filmes ainda).

A Cabeça do Chefe é uma ótima “novidade” na série que lida bem com o que faz diferente e extrai o máximo de Bunta Sugawara, mas sem trair seu passado e sem perder o sabor característico que torna esta uma série especial e diferente especialmente para espectadores do Ocidente. No entanto, Fukasaku voltaria logo no ano seguinte para encerrar com chave de ouro seu trabalho para a Toei nessa série.

Nova Luta Sem Código de Honra: A Cabeça do Chefe (Shin Jingi Naki Tatakai: Kumicho no Kubi, Japão – 1975)
Direção: Kinji Fukasaku
Roteiro: Susumu Saji, Kôji Takada
Elenco: Bunta Sugawara, Mikio Narita, Tsutomu Yamazaki, Kō Nishimura, Tsunehiko Watase, Junkichi Orimoto, Yuriko Hishimi, Meiko Kaji, Nenji Kobayashi, Kan Mikami, Asao Uchida, Hideo Murota, Nobuo Yana, Seizō Fukumoto, Takuzo Kawatani, Sanae Nakahara, Masako Araki, Michimaro Otabe, Shinichi Chiba (Sonny Chiba)
Duração: 94 min.

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