Sete anos. 136 episódios. Agents of S.H.I.E.L.D. pode não ter sido a melhor série do mundo e nem mesmo a melhor série baseada em quadrinhos já feita, mas, se considerarmos o quanto ela foi relegada a segundo – talvez terceiro – plano pela própria Marvel com a briga interna na empresa que acabou dividindo o lado da televisão do lado do cinema, o fato de ela ter tido, por cinco de suas temporadas, a malfadada estrutura de mais de 20 episódios e por ter tido um começo cambaleante que afastou uma penca de potenciais fãs (muitos que nunca voltaram e que até hoje resmungam como o Zé Buscapé toda hora que alguém fala bem da série), ela acabou fazendo história. Todo ano era a mesma história de possível cancelamento e todo ano ela voltava mais forte, com histórias melhores e com desenvolvimento de personagem que poucas séries do gênero chegam perto de ter.
Como parte das comemorações pelo seu final triunfal, além das costumeiras críticas por episódio que fiz da última temporada, escrevi uma crítica da temporada completa e preparei três listas: (1) o tradicional ranqueamento dos 13 episódios da temporada final; (2) o ranqueamento das sete temporadas e (3) os 20 melhores momentos da série. Agora, para encerrar a cobertura, a proposta é trazer o ranqueamento dos 10 – sim, apenas 10! – melhores episódios da série como um todo, algo que deu um bom trabalho para fazer, ainda que surpreendentemente menos do que escolher os 20 melhores momentos da série. Para fazer isso, fui o mais técnico possível, não me deixando levar somente pela importância de determinado episódio para a série, mas sim focando em direção, atuação e outros elementos que, juntamente com a história, destacaram os episódios do restante (e sim, eu reassisti todos os 10 – na verdade fui além de 10 – para ter certeza de que era isso mesmo…). E, finalmente, também não me preocupei em ser equânime, garantindo equilíbrio entre temporadas ou mesmo a presença de todas as temporadas no Top 10, tanto que duas delas sequer tiveram representantes lá no panteão.
Mas, antes do Top 10, tomei a liberdade de preparar uma lista prévia daqueles episódios (são 26!) que quase chegaram lá no topo, separando-os por temporada:
Menções Honrosas:
1ª Temporada: 1X14: T.A.H.I.T.I., 1X22: Beginning of the End
2ª Temporada: 2X08: The Things We Bury, 2X10: What They Become, 2X15: One Door Closes, 2X19: The Dirty Half Dozen, 2X21: S.O.S. – Parte Um
3ª Temporada: 3X08: Many Heads, One Tale, 3X09: Closure, 3X17: The Team, 3X18: The Singularity
4ª Temporada: 4X09: Broken Promises, 4X10: The Patriot, 4X11: Wake Up, 4X20: Farewell, Cruel World
5ª Temporada: 5X01: Orientation – Part One, 5X03: A Life Spent, 5X10: Past Life, 5X11: All the Conforts of Home, 5X15: Rise and Shine
6ª Temporada: 6X06: Inescapable, 6X09: Collision Course – Part One, 6X10: Leap
7ª Temporada: 7X03: Alien Commies from the Future!, 7X05: A Trout in the Milk, 7X07: The Totally Excellent Adventures of Mack and The D
Top 10
10º Lugar:
7X04: Out of the Past
Esse é o episódio que, em retrospecto, me arrependo de não ter dado nota máxima quando redigi a crítica. Ele é especial, inteligente, sofisticado, construído ao redor da estrutura de filmes noir e tendo como inspiração principal o clássico Crepúsculo dos Deuses. E o melhor é que a narrativa em off e a fotografia em preto e branco não são apenas recursos bonitinhos, mas sim obedecem uma lógica que o roteiro estabelece, tendo como bônus a inclusão definitiva de Daniel Sousa na equipe como interesse romântico de Daisy, que merecia ser feliz depois de toda a desgraceira que passou.
9º Lugar:
1X17: Turn, Turn, Turn
Ecoando Capitão América: O Soldado Invernal, esse é o episódio que muda o jogo de verdade na série, transformando a até então morna 1ª temporada em algo que começa a delinear o futuro da série, prendendo a atenção do espectador que tivesse conseguido chegar até esse ponto. Afinal, é necessário coragem para transformar um agente de grande importância na equipe em um traidor e, mais do que isso, um assassino frio que não pestaneja matar outros agentes e ninguém menos do que Victoria Hand para salvar seu mentor John Garrett. Mas a cereja nesse bolo é que a construção da tensão nesse capítulo é excepcional, lembrando os melhores filmes setentistas de espionagem.
8º Lugar:
5X22: The End
O primeiro fim de Agents of S.H.I.E.L.D. tinha que estar na lista. Não só temos Daisy turbinada espancando Graviton, como Coulson em paz com May no Tahiti verdadeiro esperando sua morte e, claro, a morte de ninguém menos do que Fitz, em uma jogada arriscada e fascinante de um roteiro que não esmorece sequer por um segundo entre ação, drama e romance. Se a série tivesse acabado nesse ponto – com a esperança de retorno do Fitz que “estava indo para o futuro” – teria me dado como satisfeito. Mas ela continuou e acabou mesmo de maneira ainda melhor.
7º Lugar:
7X13: What We’re Fighting For
E aqui está o final verdadeiro da série em uma temporada exemplar que nos brindou com nostalgia, referências e homenagens. What We’re Fighting For teve a difícil tarefa de dar encerramento digno para a ação envolvendo os Chronicoms e Nathaniel Malick e o fez finalmente trazendo Fitz de volta e freneticamente usando o Reino Quântico para resolver a questão das linhas temporais. Uma direção menos cuidadosa faria o episódio ruir sob seu próprio peso, mas ainda bem que tudo correu muito bem. No entanto, o que faz o episódio ser o que é são seus 10 minutos finais, um ano após a pancadaria acabar, com cada personagem ganhando seu respectivo e perfeito final. Era tudo o que os fãs esperavam.
6º Lugar:
5X05: Rewind
E eis que, em meio a uma metade de temporada passada no espaço e 74 anos no futuro, o quinto ano da série literalmente rebobina a fita e explica o que exatamente aconteceu com Fitz. Trazendo Hunter de volta – ah, que saudades! – e usando uma pegada de humor em um daqueles episódios clássicos “de dupla” que a série sempre se esmerou em entregar, Rewind mantém o ritmo alucinante e prepara o retorno do Fitz original, por assim dizer.
5º Lugar:
4X17: Identity and Change
Mas Fitz também é o destaque de Identify and Change. Na verdade, não o Fitz, mas sua persona genocida amante de Ophelia/Madame Hidra (como resistir, não é mesmo?) e assassino de Agnes Kitsworth, a versão de Aida (que também é Ophelia) que o Dr. Rafcliffe fez para si próprio. Ufa! Esse episódio aqui é o equivalente da chegada do Imperador na Estrela da Morte em O Retorno de Jedi e o Dr. Leopold torna-se, junto com Aida/Ophelia/Madame Hidra, o melhor vilão da série no melhor arco narrativo da série.
4º Lugar:
5X14: The Devil Complex
Mas olha Fitz de volta aqui, no terceiro episódio que gira ao redor dele. Mas, aqui, o importante é que não é Fitz o centro das atenções, mas sim o retorno de ninguém menos do que o próprio Dr. Leopold – e de verdade, não como medinhos materializados! – que chega a fazer uma cirurgia neural em Daisy para reativar os poderes da moça. E será que eu preciso dizer que Iain DeCastecker em papel duplo está simplesmente maravilhoso? Acho que não, né?
3º Lugar:
7X09: As I Have Always Been
Esse episódio poderia muito facilmente cair na categoria do “artifício narrativo batido usado com simpatia, mas não muito mais do que isso”, mas a grande verdade é que a direção de Elizabeth Henstridge (em sua estreia nessa cadeira!) e o roteiro de Drew Z. Greenberg formaram a tempestade perfeita ao manejar o que poderia ser um clichê em um episódio frenético que coloca Daisy em parceria com Coulson tentando quebrar um loop temporal. E, de quebra, temos o belíssimo momento da morte de Enoch que se sacrifica pelo grupo e ainda tem tempo de conversar com a inumana e o LMD – mas na verdade mirando em nós, espectadores – sobre o fim que se aproxima.
2º Lugar:
3X05: 4,722 Hours
Se o terceiro lugar ficou com Henstridge atrás das câmeras, o 2º ficou com ela na frente das câmeras em um episódio solo de Jemma perdida no “planeta azul”, com direito a pesca de monstro cheio de tentáculos, um “novo amor” e muita solidão sempre com fotografia azulada. Atuação de tirar o chapéu – possivelmente a melhor performance de toda a série – em um episódio que por muito – MUITO – pouco não ficou em primeiro lugar.
1º Lugar:
4X15: Self Control
Esse é o episódio que encerra o arco LMD e cria os cliffhangers para o maravilhoso arco Agents of Hydra da 4ª temporada. Veja bem: eu me lembro muito claramente que gritei muito para a televisão quando vi esse episódio pela primeira vez e, agora, revendo para saber se ele merecia essa colocação, gritei de novo que nem um idiota. Aqui, a conjunção astral de direção, roteiro, montagem e atuações é perfeita, construindo tensão ao encerrar uma narrativa e muito logicamente começar outra, mas sem nunca perder a elegância e a inteligência na condução da história.
XXXXXXXXXXX
E então, concordam? Discordam? Muito pelo contrário? Mandem para cá suas listas e vamos conversar!