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Crítica | Westworld – 3X05: Genre

por Luiz Santiago
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O contexto para Genre é bem preciso, pois dá continuidade, sem nenhum tipo de salto temporal, ao plano de Dolores com duas equipes em jogo: ela com Liam e Caleb de um lado e ela (Martin) com Bernard de outro. Para quem esperava mais explicações sobre o processo de identificação dos padrões, a forma de "agir" do sistema e como ele manipulava as pessoas, o episódio dá todas as respostas necessárias. E não só isso. Temos aqui uma exploração da história de Serac e seu irmão, de um momento que parece a explosão de uma bomba em Paris até o ponto em que ele coloca em prática o sonho molhado de todo fascista miserável: controlar a vida dos outros sob os seus próprios padrões morais, a fim de criar uma utopia narcísica que combine com o que ele acredita ser um "mundo ideal". Mais podre, impossível. Plano Crítico. Westworld.

  • Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios.

Não importa de que mídia estamos falando: brincadeiras com gêneros narrativos são sempre coisas muito divertidas de se assistir. Quinto episódio da temporada, Genre mergulha nesse tipo de abordagem através de uma droga ministrada por Liam a Caleb, o que dá a oportunidade de Aaron Paul sentir mais do que falar nesse episódio, passando pelas diversas fases de uma maratona cinematográfica, enxergando o mundo através do terror, romance, realismo, ação, tudo perfeitamente marcado pela direção de fotografia (nas cores, iluminação, ângulos e planos utilizados, um tipo diferente para cada gênero) e pela trilha sonora, também tinindo e pensada para nos introduzir de imediato a cada uma dessas fases…

O contexto para Genre é bem preciso, pois dá continuidade, sem nenhum tipo de salto temporal, ao plano de Dolores com duas equipes em jogo: ela com Liam e Caleb de um lado e ela (Martin) com Bernard de outro. Para quem esperava mais explicações sobre o processo de identificação dos padrões, a forma de “agir” do sistema e como ele manipulava as pessoas, o episódio dá todas as respostas necessárias. E não só isso. Temos aqui uma exploração da história de Serac e seu irmão, de um momento que parece a explosão de uma bomba em Paris até o ponto em que ele coloca em prática o sonho molhado de todo fascista miserável: controlar a vida dos outros sob os seus próprios padrões morais, a fim de criar uma utopia narcísica que combine com o que ele acredita ser um “mundo ideal”. Mais podre, impossível.

O lado filosófico dessa temporada tem um peso imensamente maior do que qualquer outro drama sobre liberdade de ação que já tivemos na série. O elemento de escrita da História não está apenas na visão de tecnologia e conceitos de padrões matemáticos que ficam apenas na teoria. A discussão, nesse caso, está acompanhada de dilemas internos frente a componentes morais muito distintos, um deles ainda sem ter uma opinião amplamente formada sobre a questão toda (o de Caleb) e outro com um desejo de vingança mais uma ação geral de marca anarquista (lembrou um pouco Mr. Robot) que é a jornada de Dolores em nosso mundo. O que ela fez aqui foi algo sensacional e aterrador ao mesmo tempo. O lançamento do caos no mundo. Uma arma importante (o conhecimento de si mesmo) numa realidade até então relativamente bem controlada por um programa. Parem para pensar nisso.

A presença do presidente do Brasil aqui foi icônica. Pelo visto, a podridão em nosso processo eleitoral, a atuação de um corrupto incompetente no cargo e a sombra dos militares rondando como urubus a cadeira da presidência é um demônio com o qual teremos que lidar por muito mais tempo. Isso é tão Brasil… aliás, isso é tão América Latina que sobe até aquela amargura no coração se a gente parar para fazer análise histórica da coisa. Vamos adiante. Nessa demonstração de poder, Serac estabelece a sua mão também influenciando eleições em países via uso da tecnologia, atacando daí áreas sociais, políticas, militares ideológicas e midiáticas, uma estratégia de campanha que é nova, mas que já conhecemos muito bem. Esse episódio mostrou o grande perigo desse tipo de tecnologia e certamente deu ainda mais a oportunidade de conjecturarmos sobre como é possível classificar as atitudes de Dolores: ela está está fazendo o bem ou mal?

A estrutura desse episódio foi bem diferente do que estamos acostumados na série, dando uma cara mais épica para a trama, algo um tanto estranho no começo (no estabelecimento da saga de Serac) mas imensamente compensador quando o roteiro foca em seu tema principal e nos entrega de perseguição de carros até quebra de um sistema vigente. Parece que os três capítulos restantes serão mesmo de tirar o fôlego. E só em pensar que a temporada já está acabando começa a bater aquela tristeza. Já dá pra esperar o contra-ataque com Maeve reconstruída chutando bundas?

Westworld – 3X05: Genre (EUA, 12 de abril de 2020)
Direção: Anna Foerster
Roteiro: Karrie Crouse
Elenco: Evan Rachel Wood, Jeffrey Wright, Aaron Paul, Luke Hemsworth, Vincent Cassel, Tommy Flanagan, John Gallagher Jr., Iddo Goldberg, Marshawn Lynch, Lena Waithe, Jaxon Thomas Williams
Duração: 62 min.

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