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Crítica | Arrow – 8X08: Crisis on Infinite Earths, Parte Quatro

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas das temporadas anteriores.

Depois de um desnecessário hiato em seu ambicioso crossover, a CW volta para Crise nas Infinitas Terras com um episódio que por diversas vezes arrisca ser um pouquinho mais do que apenas medíocre, mas jamais consegue realizar seu verdadeiro potencial. Sim, tenho plena consciência que, para muitos fãs, basta o chamado fan service a todo custo e não há nada de intrinsecamente errado nisso se algum senso crítico for mantido, aquele alarme que, pelo menos bem lá no fundo, avise-o de que está vendo algo pálido como o Espectro.

Porque é bem isso que essa quarta parte da tão alardeada Crise é: uma colagem que tenta dar algum sentido ao anunciado sacrifício de Oliver Queen, levando os heróis à supostamente grandiosa batalha final contra o Anti-Monitor. O problema é que as séries do Arrowverse não sabem muito bem o sentido da palavra drama e os roteiros descambam dolorosamente para um pieguice sem fim em que sentimentos nunca são efetivamente vistos, mas sim explicados e verbalizados não uma, não duas, mas diversas vezes ao longo dos breves 40 e poucos minutos de duração de seus episódios. É como se a câmera parasse diante de um narrador que, olhando para o espectador, diz algo como “agora é o momento de ficar triste pela morte desse personagem” ou “essa é a sequência que revela todo o heroísmo desse outro personagem, portanto, aplauda e abra um sorriso” e assim por diante, como se o espectador não tivesse capacidade de processar o que está acontecendo.

Vejam a transformação de Oliver no Espectro. Ela simplesmente acontece depois que um completamente aleatório Jim Corrigan (Stephen Lobo) faz seu vudu lá em Purgatório, empalidecendo o Arqueiro, alterando sua voz (oba!) e emprestando-lhe um manto. Zero de drama. Zero de lógica interna. Mas, como se isso não bastasse, Oliver-Espectro já nasce pronto e 100% no comando de seus novos poderes, e, como um passe de mágica, resgata os Paragons lá do meio do nada com coisa nenhuma e os coloca em uma busca aleatória que só serve para passear pelos recônditos nostálgicos das variadas séries desse multiverso dentro da Força da Aceleração, o que, ironicamente, desacelera o episódio e o transforma em uma sucessão cansativa de diálogos modorrentos e olhares perdidos especialmente de Barry, Kara e Sara. Tenho certeza que muita gente amou o crossover com o Flash de Ezra Miller, mas é como eu disse: fan service é legal, mas seria melhor se ele viesse cercado de qualidade e não de banalidade.

Em seguida, vejam a batalha do Espectro contra o Anti-Monitor e dos demais heróis contra os dementadores magricelas que morrem com socos e chutes. Não só o que acontece nos dois embates é completamente aleatório do tipo “raio sai dos olhos do personagem” e “todos se juntam para um olhar mortal depois que alguém pega uma página do livro do Monitor”, como não é possível perceber uma gota sequer de perigo ou de urgência. Claro que eu sei que esse tipo de sensação é complicado de se obter em séries e filmes de super-heróis, pois esse pessoal colorido tende a nunca morrer e, quando morrem, logo voltam à vida, mas um bom roteiro e uma direção minimamente consistente conseguem circunavegar o problema e entregar algo no mínimo excitante.

Mas não. O que vemos é um monte de personagem fantasiado em uma pedreira fazendo coreografias tão inspiradas quanto a segunda morte de Oliver Queen. Eu já disse isso uma vez e repetirei aqui: até mesmo eu, que nunca consegui gostar de Arrow, acho que o protagonista da primeira série de super-heróis da CW merecia um destino mais marcante do que esse. Ah, ok, ele “salvou o multiverso” e “criou a Terra Prime” e isso é mais do que o suficiente para justificar o foguinho lá no final do episódio seguinte (sim, estou me adiantando!), mas meu ponto não é esse e sim o sentimento que temos no momento da morte. Se conseguirmos nos afastar um momento de nosso lado fanboy, notaremos com muita clareza que não há qualquer traço de drama ali e sim, apenas, um péssimo ator se fingindo de morto com base em um roteiro escrito na base de emojis e pontos de exclamação.

Não é que a quarta parte da Crise seja tão imprestável quanto o tenebroso primeiro capítulo, mas ela não consegue nem chegar perto da excelente Parte Dois ou mesmo continuar no elã da razoável Parte Três. A solução dada para Oliver não só parece preguiçosa, como tudo o que acontece para encerrar – para fins do episódio – toda a crise, aí incluído o flashback para Mar Novu fazendo besteira ao tentar viajar para o começo dos tempos, parece simplista e barato, algo jogado de qualquer jeito nas telas sem um encadeamento lógico que sustente a narrativa. É ao mesmo tempo levemente divertido pela própria bobagem da coisa toda e tremendamente frustrante por mostrar em breves sequências, como os bons momentos cômicos com Lex Luthor (e olha que eu não suporto essa versão do vilão de Jon Cryer), tudo o que o crossover poderia ter sido.

P.s. Para que serviu mesmo o personagem de Osric Chau?

Arrow – 8X08: Crisis on Infinite Earths, Parte Quatro (EUA, 14 de janeiro de 2020)
Showrunners: Marc Guggenheim, Beth Schwartz
Direção: Glen Winter
Roteiro: Marv Wolfman, Marc Guggenheim
Elenco: Stephen Amell, Grant Gustin, Caity Lotz, Melissa Benoist, David Harewood, Jon Cryer, Osric Chau, LaMonica Garrett, Ezra Miller
Duração: 42 min.

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