Home QuadrinhosArco Crítica | Miss Marvel: Vol. 1 – Parte 2 (1978 – 1979)

Crítica | Miss Marvel: Vol. 1 – Parte 2 (1978 – 1979)

por Ritter Fan
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  • Leiam, aqui, a Parte 1 do presente artigo.

A primeira publicação solo de Miss Marvel teve vida curta, durando, apenas, 25 edições (sendo que as duas últimas foram publicadas apenas 12 anos depois de encerrada a série!). A heroína só voltaria a ganhar publicação solo em 2006, mas, nas décadas de 80, 90 e começo de 2000, as várias personas de Carol Danvers ganharam destaque nas publicações do X-Men e dos Vingadores principalmente.

Fizemos as análises dos quatro arcos inicias ou das 14 primeiras edições bem aqui e, agora, é a hora de abordar as 11 edições finais, encerrando essa primeira fase da heroína.

Miss Marvel #15 e 16
O Tubarão é um Animal Muito Mortal!
O Profundo e Mortal Silêncio!

É perceptível o começo do descaso em relação à Miss Marvel nessa “segunda fase” de publicações de seu título solo. Diferente do que acontecera anteriormente, a heroína deixou de ter arcos mais longos do que duas edições e passou a lidar com uma sucessão de vilões de categoria Z da Marvel Comics. O primeiro deles é o saco de pancadas submarino conhecido como Tubarão-Tigre que, depois de fugir da prisão onde Namor o tinha colocado, resolve vingar-se do rei de Atlântida sequestrando Namorita, sua prima.

Totalmente por acaso, Carol Danvers, ao procurar um novo apartamento para morar (seu anterior havia sido explodido), envolve-se com a vingança do Tutubarão e, claro, trata de tentar salvar a “jovem em perigo”. Na primeira edição, o Tubarão-Tigre, depois de uma longa pancadaria com Miss Marvel, consegue fugir com sua vítima e, na edição seguinte, Miss Marvel literalmente invade a Mansão dos Vingadores (ela nunca ouviu falar em tocar a campainha) e sai no braço com o Fera até que a Feiticeira Escarlate aparece e, do nada, decide confiar na palavra de Danvers, apesar de nunca ter visto a mulher antes. E o que ela quer? Acesso ao laboratório dos Vingadores. E para que? Para – pasmem! – inventar, em uma madrugada, um aparelho para rastrear o vilão no fundo do mar e, mais do que isso, uma pílula (sim, uma pílula) que lhe permita respirar debaixo d’água…

Sabe aquele momento WTF de revirar os olhos pela invencionice gratuita e conveniente? Pois é, esse é um deles e, pior, vindo de Chris Claremont, que seguiu firme e forte no título depois que passou a escrevê-lo ainda na segunda edição. No entanto, por mais que o mestre tenha se provado um grande escritor diversas vezes, o trabalho dele, aqui, é daqueles que mostra que ele não sabia o que fazer direito com a heroína. De especialista em segurança, ela é retconada como membro da Força Aérea, depois torna-se escritora e, em seguida, editora de uma revista feminina. Agora, graças à sua “memória Kree” ela se torna uma super-cientista capaz de literalmente qualquer coisa.

E, como o arco é na base do vale-tudo, Miss Marvel vai lá serelepe para o fundo do mar e estapeia o Tubarão-Tigre, mostrando pouco se importar com sua própria vida. E tudo acaba bem. Mas não para o leitor, que tem que aguentar essa bobagem que consegue exigir tanto da suspensão da descrença que chega a ser ridículo.

No entanto, vale um adendo aqui: essa edição é conhecida como sendo a primeira a mostrar a Mística (ainda que nas sombras), personagem que Dave Cockrum criara, mas que Claremont usou antes do próprio criador aqui, como parte de uma linha narrativa tênue que já havia começado bem antes, com a tal explosão do apartamento de Danvers e que só seria resolvida de verdade no começo da década de 90, com a publicação extemporânea das duas edições finais do volume 1 de Miss Marvel como será abordado mais para a frente.

Roteiro: Chris Claremont
Arte: Jim Mooney
Arte-final: Tony DeZuniga, Frank Springer
Letras: Rick Parker
Cores: Phil Rachelson, Janice Cohen
Editoria: Archie Goodwin
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: março e abril de 1978
Páginas: 18 (cada edição)

Miss Marvel #17 e 18
Sombra da Arma!
O Massacre de São Valentim!

Como mencionado, Mística aparece nas sombras no arco anterior, mas não sabemos quem ela é. A edição #17, porém, é a primeira que efetivamente aborda a personagem, mas sem vermos ainda sua forma verdadeira, o que só acontece ao final da edição #18. O que vemos é Mística como Nick Fury infiltrando-se no aeroporta-aviões da S.H.I.E.L.D. juntamente com Geoffrey Ballard para roubar o uniforme de Centurião, que Ballard usa, então para tentar assassinar Miss Marvel a mando de Mística, mas sem qualquer explicação sobre o porquê.

A primeira edição do arco é curiosa, pois ela é focada quase que totalmente na dupla de vilões e em seu longo processo de roubo do equipamento, e que conta com uma ponta de ninguém menos do que a Condessa Valentina de Fontaine, presença sempre interessante. Com isso, Carol Danvers fica em segundo plano até a edição seguinte, quando o Centurião a ataca quando menos espera (apesar de ela ter tido uma premonição detalhada sobre o evento), mas, para seu azar Vespa e Feiticeira Escarlate testemunham o momento, partindo para ajudar a heroína. E, como se isso não bastasse, as duas ainda chamam reforço: Visão, Jaqueta Amarela e o então recém-admitido no grupo Magnum (com sua característica – e ridícula – jaqueta vermelha).

Em linhas gerais, a história funciona, mas Claremont nos pede para aceitar que Ballard, um humano comum com armadura da S.H.I.E.L.D. consegue segurar os Vingadores e mais Miss Marvel por um tempo considerável, o que é um pouquinho demais. Além disso, aqui, já que o computador rastreador de Ballard só é capaz de localizar o uniforme de Miss Marvel, vemos a heroína pela primeira vez usar outro, improvisado, na forma de um maiô preto, algo que serviria, não muito tempo depois, como ponto de partida para o novo visual da heroína, afastando-a da derivação evidente do Capitão Marvel.

Finalmente, novamente sinalizando seu futuro incerto, a editoria de Archie Goodwin é encerrada, com Jim Shooter assumindo o caro interinamente na edição #18.

Roteiro: Chris Claremont
Arte: Jim Mooney
Arte-final: Tony DeZuniga, Ricardo Villamonte
Letras: John Costanza, Denise Wohl
Cores: Janice Cohen, Phil Rachelson
Editoria: Archie Goodwin, Jim Shooter
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: maio e junho de 1978
Páginas: 18 (cada edição)

Miss Marvel #19
Espelho, Espelho Meu!

Confesso que nunca entenderei a razão de a Marvel Comics ter demorado tanto para fazer o mais óbvio dos crossovers: Miss Marvel com o Capitão Marvel. Considerando que a heroína é um derivado do trágico herói Kree, que viria a morrer de câncer na sensacional e comovente A Morte do Capitão Marvel. Mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca, ainda que esse encontro merecesse uma solenidade maior e não uma edição solta.

De toda forma, ao final do arco anterior, Claremont indica que a Suprema Inteligência Kree está voltando, com Ronan, Minerva e Phae-Dor sendo atacados e “acordando” do transe e de sua vida idílica em uma fazenda da Terra. Aqui, Ronan quer capturar Miss Marvel por ordens do Supremor, mas o Capitão Marvel interfere, dificultando a vida do Kree de pele azul. Mesmo assim, os dois acabam capturados e Miss Marvel passa por uma tentativa de lavagem cerebral que tem como função verdadeira retconar sua origem de maneira a tornar mais lógica a confusão inicial das duas personalidades no corpo de Carol Danvers que tomou grande parte do começo das edições solo da heroína.

Nessa revisão, descobrimos que o aparelho Kree que bombardeou Danvers com radiação a recriou completamente, reescrevendo seu DNA e literalmente transformando-a em um híbrido Kree-humano, com as melhores características das duas raças. No entanto, como as modificações finais em sua fisiologia demorariam algum tempo para maturar, o mesmo aparelho criou seu uniforme (???), convenientemente parecido com o do Capitão Marvel (???) com tecnologia para emular os poderes (voo especialmente) que ela desenvolveria. Hummm, novamente vemos Claremont tentando pegar um limão para fazer uma limonada, mas ele não é lá muito bem sucedido, já que a história empresta um grau de premeditação à tecnologia Kree que transformar Danvers em Miss Marvel que só o que podemos fazer é rolar os olhos.

Mas, pelo menos, temos Carmine Infantino pela segunda vez no título trazendo seus traços característicos para os heróis e, claro, o encontro em si entre os dois Marvels. No entanto, é pouco demais, tarde demais.

Roteiro: Chris Claremont
Arte: Carmine Infantino
Arte-final: Bob McLeod
Letras: Joe Rosen
Cores: Janice Cohen
Editoria: Roger Stern, Jim Salicrup
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: agosto de 1978
Páginas: 18

Miss Marvel #20 e 21
A Totalmente Nova Ms. Marvel
O Demônio no Escuro!

De todos os personagens criados especificamente para contracenar com ou lutar contra Miss Marvel, os Saurians, lagartos mutantes que evoluíram a partir de testes com bombas atômicas no Novo México, ganham o prêmio de mais genéricos e sem graça. E é por isso que todo o destaque que darei a eles para por aqui, já que a ameaça que eles realmente representam é pífia e a história não é mais do que uma sucessão de lutas de Miss Marvel contra variações do Godzilla, só que menores, menos poderosos e bem menos interessantes.

O que realmente importa nesse arco é a primeira grande mudança no uniforme de Miss Marvel. Na edição #9, a barriga e as costas desnudas da heroína foram devidamente cobertas, reduzindo a sexualização da personagem. Aqui, inspirada no maiô que ela usa na edição #18 de forma a impedir que o Centurião a detectasse e certamente inspirada por seu comentário na edição imediatamente anterior de que ela não se sentia bem sendo apenas uma “derivação” do Capitão Marvel, vemos Danvers inaugurando seu novo visual logo da primeira página, mencionando ter sido ajudada por Janet Van Dyne. O visual com o maiô, botas acima do joelho e luvas cobrindo quase todo o braço na cor azul (ou preta) mais o raio amarelo e o cachecol vermelho transformado em faixa na cintura, é, provavelmente, o mais conhecido da heroína e o mais duradouro até ela mudar de nome para Capitã Marvel décadas depois.

No entanto, se o objetivo era reduzir ainda mais a sexualização da personagem, creio que o tiro tenha saído pela culatra, pois, para mim, esse é um uniforme ainda mais sexy e revelador que o anterior, especialmente porque permite aos desenhistas chamarem muita atenção para seus seios. E, como se isso não bastasse, Cockrum, que desenha o arco, mostra Carol Danvers em trajes civis diminutos.

Seja como for, a única coisa que realmente chama a atenção nas edições é a troca de uniforme, algo que Claremont não sabe explorar ou justificar de maneira clara. Os lagartos? Bem, eles são apenas enfeites…

Roteiro: Chris Claremont
Arte: Dave Cockrum
Arte-final: Bob Wiacek, Al Milgrom
Letras: Annette Kawecki, Denise Wohl, Bob Sharen
Cores: Mary Ellen
Editoria: Roger Stern
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: outubro e dezembro de 1978
Páginas: 18 (cada edição)

Miss Marvel #22
Segunda Chance!

Rapina, a primeira vilã original da Miss Marvel, que deu as caras pela primeira vez na edição #9 volta aqui em uma história genérica em que ela tenta roubar equipamentos das Indústrias Stark para “voltar para casa” e, claro, Miss Marvel tenta impedi-la. Sabe aquelas historinhas pouco inspiradas que só existem para abrir espaço para o desenhista colocar as duas personagens brigando sem parar, mais ou menos na linha do que vimos no arco da heroína contra o Tubarão-Tigre? Pois é isso que temos aqui. Sem graça mandou lembranças…

E, pior do que isso, é uma história solta sem qualquer importância para o arco macro da heroína ou para o seu desenvolvimento. Na verdade, minto, pois há um evento relevante, mas que não tem conexão alguma com Rapina: Carol Danvers é demitida de seu emprego na revista Mulher por John Jonah Jameson. A essa altura do campeonato, a periodicidade da publicação solo da heroína já havia se tornado errática, sinalizando seu fim. Além disso, a personagem, em histórias dos Vingadores, começou a fazer parte do grupo aqui e ali, alterando-lhe o status e tornando seu emprego com Jameson algo difícil de ser abordado nas narrativas. Foi uma escolha acertada, mas que não precisava de uma edição inteira para ser executada.

Roteiro: Chris Claremont
Arte: Mike Vosburg
Arte-final: Mike Zeck
Letras: Jim Novak
Cores: Bob Sharen
Editoria: Roger Stern
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: fevereiro de 1979
Páginas: 18

Miss Marvel #23
A Mulher que Caiu na Terra

A última edição da série publicada nos anos 70 (as duas últimas só sairiam nos anos 90!) se passa durante a gigantescamente longa Saga de Korvac, ao mesmo tempo que resgata uma personagem da mitologia da personagem que havia “morrido” na edição #14: Salia Petrie. Ainda com roupa de astronauta, só que toda rasgada, ela inexplicavelmente aparece na porta do apartamento de Carol Danvers e desmaia. Ao acordar, Salia atira em Danvers e, quando ela acorda, as duas estão na Drydock, base dos Vingadores e morada temporária para os Guardiões da Galáxia (os originais!) que estão momentaneamente no século XX, diante do obscuro Faceless One que, por alguma razão completamente sem sentido, salvara Petrie e, agora a controla, e quer controlar Danvers (sem saber que ela é Miss Marvel).

A história parece feita nas “coxas” e realmente como o último suspiro editorial da heroína. Nada faz muito sentido e o pareamento dela com Vance Astro, o único Guardião na base, é pouquíssimo inspirado e, novamente, genérico. Nem parece uma história de Claremont…

Roteiro: Chris Claremont
Arte: Mike Vosburg
Cores: George Roussos
Editoria: Roger Stern
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: abril de 1979
Páginas: 18

Miss Marvel #24 e 25
Dentes-de-Sabre Espreita o Metrô!
Cry Vengeance!

Apesar de Miss Marvel ter sido cancelada sem que, no título solo, o mega-arco envolvendo a Mística pudesse ser resolvido, a grande verdade é que os leitores, por outras vias, tiveram uma resolução satisfatória, inclusive com a transformação de Vampira na personagem que hoje conhecemos, depois que ela absorve os poderes de Miss Marvel de maneira permanente, juntamente com sua personalidade, o que seria, depois, parcialmente revertido. De toda forma, talvez por não ter mais o que colocar em sua antologia Marvel Super-Heroes, reiniciada em 1990, a editora “agraciou” seus leitores com a publicação de Miss Marvel #24 e 25, que haviam sido escritas e desenhadas em 1979, mas escanteadas pela baixa venda da publicação e pelas mudanças que estavam acontecendo na editora.

O que temos, aqui, é o primeiro envolvimento direto de Miss Marvel com o mundo dos mutantes, depois que Dentes-de-Sabre foge da custódia da S.H.I.E.L.D. A pancadaria usual toma toda a edição #24 e coloca a heroína em meio a uma trama que também envolve o Clube do Inferno, que ela passa a investigar. No entanto, o que realmente importa é a edição seguinte, que a coloca em rota de colisão com a Mística e onde finalmente descobrimos o porquê de a mutante azul querer tanto matar Carol Danvers: Sina havia previsto que talvez Danvers fosse responsável por ferir Vampira. Com isso, temos uma clássica história em que as ações feitas para tentar evitar determinado futuro acabam causando-o.

É em tese nessas duas edições que Vampira apareceria pela primeira vez, ainda que, na cronologia oficial, não seja assim em razão da data em que elas foram finalmente publicadas. Seja como for, o arco de Mística é encerrado, ainda que a toque de caixa, com a história sofrendo alterações ao final para “encaixar” a narrativa de Danvers em relação aos eventos da década de 80. No final das contas, essas edições finais ficam como meras curiosidades desnecessárias para quem acompanhou a heroína em suas outras histórias, mesmo considerando que, aqui, os roteiros de Claremont melhoraram muito em relação ao que ele escreveu imediatamente antes no título solo de Miss Marvel.

Roteiro: Chris Claremont, Simon Furman
Arte: Mike Vosburg, Mike Gustovich
Letras: Jim Novak
Cores: Heidi Goodhue
Editoria: Roger Stern
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: julho e outubro de 1992
Páginas: 18 (cada edição)

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