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Crítica | Aquaman: A Paz Perdida

por Luiz Santiago
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Publicado em 1988, essa edição Especial do Aquaman, intitulada A Paz Pedida, dá continuidade à saga mística e simbólica apresentada por Neal Pozner na minissérie de 1986. Estão aqui presentes os Cristais do Zodíaco e, mais uma vez, uma busca de Orin para encontrar algo. Esse “primeiro algo” é claramente entregue para o leitor no título, mas existe algo a mais, algo ainda mais importante para definir a tal “paz perdida” e que tem a ver com a resolução da batalha entre o Rei dos Mares e seu irmão, o Mestre do Oceano.

As primeiras sequências dessa minissérie mostram uma estadia do Aquaman fora de seu domínio aquático e a narração do roteiro de Gary Cohn nesses primeiros quadros é, em uma palavra, instigante. O leitor quer saber o que envolve esse desligamento do herói de Atlântida e como esse comportamento errático vai se relacionar com a já explicitada luta anterior do protagonista com Orm. E considerando a proposta geral da minissérie, toda a primeira parte funciona bem nesse aspecto, porque joga com a ameaça dupla, sendo a primeira, desconhecida, ligada aos submarinos soviéticos encontrados próximo à Zona Proibida da Antártida; e a segunda, representada pelo próprio Aquaman, em um estado de espírito suspeito e permanentemente irascível.

Quando lemos uma aventura de um herói buscando se encontrar, buscando ser um indivíduo melhor, nós conseguimos nos relacionar com essa busca porque ela também pode ser a nossa, mesmo que por motivações diferentes. A coisa se torna estranha, no entanto, quando o referido herói é colocado em caminhos que zombam dessa ideia. É como se o roteirista, de repente, tivesse desistido de avançar com uma trama existencialista e passasse a brincar de mágica. E a replicar um pouco dessa mágica à conexão dos Cristais mágicos (da já referida minissérie de 86), com destaque aqui para os dos signos de Touro, Capricórnio, Leão e Gêmeos, sendo um deles a chave para que o Aquaman encontre um pouco mais de si mesmo. E é aí que surgem as decepções.

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Um mundo cheio de surpresas…

Pelo caráter mágico dos tais Cristais, é possível aceitar muita coisa. A própria formação de uma bola de energia rosa no fundo do mar é introduzida a contento pelo roteiro, mas os desvios que o texto toma do meio para o final da revista enfraquece todo o propósito inicial de conhecimento e localização do Aquaman em seu reino, tanto que passamos de uma jornada de descoberta (e até de compreensão de seu papel de rei por direito — no momento, abdicado em favor de Vulko) para uma troca de diálogos melosos de casal que o Peixoso tem com Mera + algumas frases-feitas, dignas da autoajuda mais clichê possível. Isso, somado ao fato de que a arte da revista, a cargo de George FreemanMark Pacella, traz poucos momentos realmente impressionantes, torna a leitura da segunda metade da edição uma decepção crescente, tanto pelos desvios da boa proposta inicial, quanto o mal aproveitamento da questão da alma e essência do Aquaman. Gary Cohn não soube aproveitar a boa oportunidade que teve.

Aquaman Special: The Missing Peace (EUA, 1988)
Roteiro: Gary Cohn
Arte: George Freeman
Arte-final: Mark Pacella
Cores: Tom Ziuko
Letras: Ron Muns
Capa: George Freeman
Editoria: Barbara Kesel
40 páginas

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