O dia 16 de agosto de 2018 estará para sempre naquela lista de dias tristes para a Arte e, por que não dizer, para a Humanidade. Diagnosticada com câncer em 2010, Aretha Franklin veio a falecer neste dia 16, depois de um agravamento de sua condição no dia 13 de agosto, quando a família e a assessoria de imprensa da cantora já haviam acenado para uma improbabilidade de recuperação. Um ano e meio depois do anúncio oficial de sua aposentadoria (exatamente em 9 de fevereiro de 2017, quando ela disse que A Brand New Me — lançado em 10 de novembro — seria o seu último disco e que também encerraria as suas performances ao vivo depois da já marcada apresentação na Filadélfia, em agosto), o mundo perdeu a sua Rainha do Soul.
Aretha Franklin começou cantando na Nova Igreja Batista de Betel, em Detroit, Michigan. Aos 14 anos, participou de uma série de gravações ao vivo, na própria igreja, onde cantava músicas gospel e tocava piano. O material dessas gravações geraria o seu primeiro álbum, Songs of Faith, lançado ainda em 1956. Não demorou muito tempo para que sua insistente aproximação com a Columbia Records a colocasse no mapa. Em 1961, pouco antes de completar 19 anos, chegava às lojas o primeiro álbum inteiramente gravado em estúdio e com canções seculares de Franklin: Aretha: With The Ray Bryant Combo. Começava uma nova Era para a música.
Em 2015, quando escrevi o meu texto de apresentação para a lista de 5 álbuns favoritos, eu disse que quando pensei em montar a lista, duas grandes mulheres já tinham lugar cativo nela: Ella Fitzgerald e Aretha Franklin, as minhas duas cantoras favoritas, Rainhas do Jazz e do Soul, respectivamente. Minha ligação com a obra da Rainha do Soul se desenvolveu de maneira lenta até por volta dos meus 20 anos e, depois, como em uma explosão de curiosidade, ganhou aquele ímpeto que a gente tem quando admira demasiadamente um músico, uma banda: procurar ouvir toda a sua discografia. E claro, foi uma aventura musical inesquecível.
Neste dia 16 de agosto de 2018, minha sensação é de devastação afetiva na alma, aquela que temos quando perdemos artistas que admiramos muito. Nos últimos anos, eu senti essa mesma sensação com David Bowie e Carrie Fisher. Agora, Aretha Franklin; que se vai e nos deixa um legado colossal, uma obra que fala por si só. Vencedora de 18 Grammy, primeira mulher a entrar para o Rock & Roll Hall of Fame e condecorada com a Medalha Presidencial da Liberdade em 2005, a Rainha do Soul deixa uma imensa saudade. Mais uma gigante artista que se vai. Descanse em paz, Aretha Franklin!
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Para leitores que não estão familiarizados com a obra da cantora — afinal de contas, são 42 álbuns de estúdio e 6 álbuns ao vivo –, deixarei aqui uma seleção (em ordem cronológica) dos meus discos de estúdio favoritos dela. Espero que essas indicações possam servir de primeiro contato para novos ouvintes.
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Unforgettable…1964 |
I Never Loved a Man…1967 |
Lady Soul1968 |
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Aretha Now1968 |
Soul ’691969 |
Spirit in the Dark1970 |
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Young, Gifted and Black1972 |
Sparkle1976 |
Who’s Zoomin’ Who?1985 |
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A Rose Is Still a Rose1998 |
So Damn Happy2003 |