SPOILERS! Confira as críticas para os outros episódios aqui.
Então Constantine deu as caras em Legends of Tomorrow! Com referências ao piloto de sua própria série, Non Est Asylum e usos de ingredientes clássicos de O Exorcista e O Iluminado pelo diretor Dermott Downs, este episódio de retorno de hiato faz um uso muito bom do universo do horror (notadamente cinematográfico) para dar continuidade à caçada por Mallus. E também para ajeitar as coisas nesta segunda metade da temporada, que já começa com bons arranjos de personagens — se forem realmente mantidos, só benefícios poderemos ter na dinâmica do grupo.
Colocando de lado a parte ruim do capítulo, que foi a interação com Damien Darhk no final e uma certa pressa para as despedidas, o que temos em Daddy Darhkest é uma versão quase cínica de como guiar um episódio com elementos macabros em um programa de ficção científica. E o melhor de tudo isso é: a coisa realmente funciona. Alguns espectadores podem não gostar de Matt Ryan como Constantine, mas o fato é que ele captura muito bem a essência do personagem, com suas provocações, ironia e certo “nojo” — mesmo que encenado — pelas coisas ao redor. Ele aposta alto, faz uma ou outra confissão, é desbocado, não joga por convenções e ainda consegue ter a linha mais rústica de magia e relação com o sobrenatural que mostrou desde que apareceu pela primeira vez, no arco A Maldição, na revista do Monstro do Pântano.
O gancho para a ligação dele com as Lendas é aceitável sob qualquer aspecto de construção de roteiro. Nora Darhk (muitíssimo bem interpretada por Madeleine Arthur) oferece a porta para o sobrenatural, ajudando a avançar na busca das Lendas para entender o quê é Mellus e, por mais que não seja um bom momento do capítulo, fecha o ciclo com a aparição de papai Darhk para um sequestro maléfico, diante do qual Ray e Zari nada podem fazer. É uma pena que a atriz Tala Ashe ainda pareça totalmente dispensável nessa trama. Sua construção de Zari é plácida demais, quase blasé, e não há nada de simpatia para ela no roteiro, tirando uma piadinha ou outra que, diante de todo o comportamento indiferente dela, perde impacto. Nesta segunda parte, é preciso corrigir isso, caso seja intenção da produção em manter a personagem no time. E notem que curioso: Kuasa, a vilã vivida por Tracy Ifeachor, tem muito mais impacto sob o espectador do que Zari, alguém do lado dos mocinhos.
Sendo Dermott Downs já bastante familiarizado com o tipo de estrutura da CW e tendo no currículo um longo período com séries de suspense/investigação, não é de espantar que o ritmo interno de Daddy Darhkest seja elogiável, mantido com muitos acertos pela montagem, que apenas erra a mão no final. Dentre os melhores momentos da direção e da fotografia, destacamos as cenas no Asylum em 1969 — o uso dos apagões, luz em contraste, explosão de filtro azul e câmera inquieta foram feitos na medida certa e com bastante competência — e as simples, mas muito interessantes cenas na “dimensão azul de Mallus”. Sempre que este lugar aparece me arranca um sorriso. É incrível como um conceito de medo pode ser alcançado com uma boa ideia da direção de arte para como construir um espaço fora da realidade e dominado por um demônio [ou qualquer outra coisa que seja Mallus]. Às vezes, menos é mais. Eis aí uma prova disso.
A despedida de Leo Snart foi algo excelente. Se realmente for mantida, devo dizer que os produtores aproveitaram o que podiam do personagem nessa “segunda jornada” e fizeram com que ele fosse embora antes de se tornar um peso para a série. Mais um ponto para os produtores de LoT pela noção de tempo e por entenderem que quando uma coisa não funciona bem, deve ser tirada de cena. Agora é ver se farão isso com Zari ou se darão uma recauchutada na personagem, que está realmente precisando. Agora mais próxima da Agência Temporal (o crush em andamento aqui é ótimo!) a equipe deverá entrar em uma sequência de viagens em busca de Rip e para entender os tais “Seis” que Mallus citou. A trama avança por um terro místico. Vamos ver aonde isto vai nos levar.
Legends of Tomorrow – 3X10: Daddy Darhkest (EUA, 12 de fevereiro de 2018)
Direção: Dermott Downs
Roteiro: Keto Shimizu, Matthew Maala
Elenco: Maisie Richardson-Sellers, Amy Louise Pemberton, Tala Ashe, Nick Zano, Dominic Purcell, Neal McDonough, Wentworth Miller, Matt Ryan, John Noble, Jes Macallan, Tracy Ifeachor, Madeleine Arthur, Annabel Marshall-Roth
Duração: 42 min.