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Crítica | South Park: A Fenda que Abunda Força

por Guilherme Coral
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Anos afastados dos videogames, Trey Parker e Matt Stone conseguiram captar toda a essência de seu irreverente desenho animado em South Park: The Stick of Truth, que nos proporcionou um verdadeiro episódio interativo de South Park, com direito a todas as loucuras da série e um caminhão de referências sobre os inúmeros capítulos já exibidos. O sucesso do game, claro, não seria deixado de lado e pouco tempo depois ganhamos sua sequência, A Fenda que Abunda Força, cujo título, surpreendentemente, é mais do que um trocadilho, nos tirando do mundo de fantasia do jogo anterior e nos levando para o de super-heróis, enquanto lutamos ao lado de The Coon e seus amigos.

Logo de imediato somos surpreendidos pela forma como o roteiro estabelece a conexão entre os dois games – continuamos as aventuras de The Stick of Truth praticamente de onde fomos deixados, com Cartman “voltando no tempo” (mera imaginação, ele não retornou de fato) para recrutar seus amigos heróis a fim de mergulharem na missão de achar um gato desaparecido. Com a recompensa, eles podem, enfim, dar início à sua franquia de super-heróis, com direito à séries da Netflix e filmes de origem para os principais, apoiando-se declaradamente no modelo utilizado pela Marvel (enquanto dão cutucadas na DC, claro). Evidente que não será tão fácil cumprir essa missão, já que parece existir um líder do crime organizado em South Park, que tem utilizado gatos para fins nefastos.

Embora nos obrigue a criar um novo personagem nos minutos iniciais, A Fenda que Abunda Força tem como protagonista o/a new kid, o mesmo de The Stick of Truth, que acabara de se mudar para a cidade. De início escolhemos que tipo de super-herói queremos ser e, conforme progredimos, podemos escolher mais e mais classes – todas referenciando clássicos personagens dos quadrinhos, diretamente é claro – possibilitando inúmeras combinações e builds, que tornam cada experiência verdadeiramente singular.

O grande problema é que, na maior parte dos casos, muitas dessas habilidades acabam sendo desperdiçadas, já que a dificuldade das lutas é muito baixa, mesmo nos níveis mais elevados. Assumindo características de RPGs táticos, o game falha em trazer verdadeiros desafios, salvo em ocasiões especiais, como a opcional (mas que todos devem fazer, por motivos óbvios) luta contra Morgan Freeman, que tem uma loja de Tacos na cidade e ensina o protagonista o poder dos peidos, permitindo que voltemos, avancemos ou pausemos o tempo – aspecto que torna as lutas mais fluidas, embora, ainda, muito fáceis.

O verdadeiro brilho do jogo, porém, encontra-se no seu roteiro. Por mais que seja consideravelmente mais focado que seu antecessor, com piadas mais ligadas ao mundo dos super-heróis, o jogo proporciona um caminhão de risadas, com plot-twists hilários e o retorno de alguns personagens icônicos do desenho – o antagonista, especialmente, merece destaque, mas não irei estragar a surpresa para aqueles que ainda não jogaram. Portanto, mesmo com a ausência de desafios, continuamos presos à narrativa da obra, principalmente para saber o que virá a seguir.

Outro aspecto que definitivamente é capaz de nos manter jogando são as inúmeras roupas e acessórios a serem coletados. Trata-se de um fator meramente cosmético, mas que possibilita fantasias bem-humoradas de super-heróis, novamente trazendo certas referências aos quadrinhos e filmes da Marvel/ DC. Esse ponto nos faz explorar cada canto da cidade, o que, por sua vez, garante algumas outras surpresas, envolvendo missões secundárias que definitivamente não devem ser deixadas de lado, algumas das quais provam ser verdadeiramente inesquecíveis.

Já os gráficos seguem os mesmos moldes do anterior, sendo perfeitamente fiel ao desenho original, a tal ponto que um desavisado pode acabar confundindo com um capítulo da série, especialmente nas cutscenes. O que efetivamente melhorou foi a interface dos menus, todos bastante intuitivos e diretos, não requisitando uma grande curva de aprendizagem do jogador.

No fim, A Fenda que Abunda Força prova ser um imperdível game para quem aprecia o humor irreverente de South Park, ao passo que proporciona momentos inesquecíveis, que configuram essa obra como digna sucessora de The Stick of Truth. Ainda que a dificuldade seja muito baixa, é praticamente impossível deixar o controle de lado, visto que há muito o que ser feito nesse RPG da Ubisoft. Trey Parker e Matt Stone acertaram novamente!

South Park: A Fenda que Abunda Força (South Park: The Fractured But Whole)
Desenvolvedor:
Ubisoft San Francisco
Lançamento: 17 de outubro de 2017
Gênero: RPG
Disponível para: PC, Xbox One, PS4

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