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Crítica | Tarzan no Planeta dos Macacos

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Depois do mais novo reboot da franquia Planeta dos Macacos, que não chega a ser um reboot no pleno sentido da palavra, a série ganhou inúmeras publicações em quadrinhos, ainda que a Boom! Studios a tivesse mantido viva em mensais e minisséries. Apostando em crossovers, ganhamos histórias como Star Trek / Planeta dos Macacos: A Diretiva PrimataPlaneta dos Macacos/ Lanterna Verde, a primeira em parceria com a Image Comics e a segunda, claro, com a DC. Não ficando para trás, a Dark Horse entrou nessa mesma onda, nos proporcionando, então, com Tarzan no Planeta dos Macacos.

Certamente a ideia de unir a criação de Edgar Rice Burroughs com os símios inteligentes e falantes, de imediato, se estabelece como algo muito mais lógico do que a união com os cavaleiros esmeralda – o grande problema seria como juntar essas duas obras temporalmente falando, já que Tarzan se passa no final do século XIX/ início do XX e Planeta dos Macacos se localiza milênios em nosso futuro. Essa história em quadrinhos resolve tal dilema distorcendo os eventos de Fuga do Planeta dos Macacos – ao invés de Zira, Cornelius e Dr. Milo terem viajado para o ano 1973, eles vão para o início do século XX, possibilitando, portanto, o encontro entre eles e Tarzan.

O roteiro de David Walker e Tim Seeley extrapola ainda mais nesse grande what if, fazendo de Tarzan o filho adotivo de Zira e Cornelius, não dispensando, porém, figuras como Kerchak e outros da obra original de Burroughs. Infelizmente, enquanto acertam em fielmente unir tais universos, os roteiristas erram grosseiramente no desenvolvimento da história, trazendo elementos completamente desnecessários – vide a presença de dinossauros na história (!!!) – e relances de narrativa não linear, que não desempenha qualquer função notável no quadrinho, apenas confundindo o leitor, que não pode deixar de arregalar os olhos quando triceratops e velociraptors aparecem em quadro.

É um verdadeiro mistério o porquê de Walker e Seeley terem apostado na presença de tais criaturas, visto que o conflito entre símios e humanos já dá conta em fornecer a necessária dose de tensão à história. O roteiro vai pelo caminho fantástico e simples, quando se sairia muito melhor explorando os paralelos entre nossa sociedade e esse universo fictício, apostando em sequências de ação genéricas justificadas da maneira mais estapafúrdia possível. É preciso notar, também, como todos esses crossovers se espelharam no filme original de 1968 em certo ponto, repetindo a fórmula do humano sendo preso pelos símios repetidas vezes – maior criatividade no texto certamente seria bem-vinda aqui, especialmente considerando que estamos falando de três minisséries publicadas muito próximas uma das outras.

Na arte, Fernando Dagnino respeita o visual dos filmes originais, apostando em um traço mais realista, com ótimo trabalho de texturas. Dagnino sabe desenhar tanto os trechos mais calmos quanto os mais agitados, disfarçando um pouco a confusão proporcionada pelo texto. Sandra Molina, por sua vez, adota cores mais sóbrias, as quais valorizam os traços do desenhista, criando retratações mais próximas do visual que enxergamos no cinema.

Dito isso, Tarzan no Planeta dos Macacos certamente traz algumas boas ideias, sabendo muito bem como unir esses dois universos aproveitando-se de acontecimentos dos longa-metragens originais. Infelizmente, o roteiro de David Walker e Tim Seeley segue por vias absurdas, praticamente surreais e, por mais que tentem explicar cientificamente a presença de dinossauros na história, não podemos deixar de enxergá-los como uma “barriga” desnecessária nessa história, que se sairia muito melhor caso explorasse mais a fundo o conflito entre humanos e símios, dessa vez situado no início do século XX.

Tarzan no Planeta dos Macacos (Tarzan on the Planet of the Apes) — EUA, 2016/17
Roteiro: David Walker, Tim Seeley
Arte: Fernando Dagnino
Cores: Sandra Molina
Letras: Nate Piekos
Editora original: Boom! Studios, Dark Horse Comics
Data original de publicação: setembro de 2016 a janeiro de 2017
Editora no Brasil: Não publicado no Brasil
Páginas: 132

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