Não é de hoje que nas grandes editoras de quadrinhos, onde vários títulos coexistem em um mesmo universo, sagas megalomaníacas acontecem. Os leitores da DC Comics se assustam só de ler/ouvir a palavra “Crise” em algum álbum lançado pela editora. No lado da Casa das Ideias, “Guerra Civil” está se transformando no termo temido pelos fãs e criadores da Marvel.
Laura, a X-23, protagonista dessa publicação, teve um primeiro arco muito interessante. Nele, vimos dilemas e conflitos nos quais a personagem principal nunca havia passado. Até em seu final, quando a Wolverine decide viver com Gaby, menina que é uma clone dela, abriu um novo leque de oportunidades para os envolvidos com o título. Entretanto, algo que não estava nas mãos de Tom Taylor aconteceu durante o segundo arco da série, e isso manchou a boa qualidade que a narrativa estava tendo.
Laura e Gabby estão aprendendo a viver juntas, o roteiro de Taylor faz questão de começar com uma longa cena das duas conversando enquanto passeiam no parque, essa que é a melhor parte de todo o primeiro arco do quadrinho. Isso logo é interrompido por uma gigante nave da SHIELD, que entra no espaço aéreo de Nova York e busca pela ajuda de Laura. Começa uma grande missão, Tom Taylor até escreve bem essa primeira parte do quadrinho, mesmo com a aparição de uma espécie de dragão gigante. A segunda edição também possui uma narrativa bem interessante, nele vemos Laura tentando derrotar o grande dragão, até que, dentro dele, ela encontra, ninguém mais, ninguém menos que o Velho Logan.
É ai que vemos uma narrativa leve e divertida declinar, em vez do roteiro parar e explorar uma trama interessante, mostrando avô, filha e neta juntos, o roteiro prefere colocá-los em combate. Os traumas de Laura com Logan não são bem desenvolvidos e Gabby sequer tem a oportunidade de criar um afeto, que depois será cobrado, em seu “avô”.
Até o momento vemos um arco, chamado de A Caixa, divertido, mas que escorrega quando lida com a relação entre os personagens. Entretanto, na quarta parte o título é invadido pela saga Guerra Civil II, evento que a Marvel estava desenvolvendo e que afetaria, para pior, todas as narrativas que já estavam em processo.
No arco com o nome de Destino não podemos criticar Tom Taylor, o escritor faz o melhor para criar algo interessante na trama que a editora deu a ele, porém, mesmo com muito empenho, ele não consegue. Ulisses, o grande motivo da Guerra, tem uma visão do Velho Logan matando Gabby. Então a SHIELD decide agir, há uma grande perseguição e, no final, a história apela para o elo que não havia sido construído antes. Fazendo com que o leitor não sinta nenhuma emoção em um momento em que todos os personagens estão chorando.
A arte, durante o arco A Caixa fica nas mãos de Marcio Takara, ele cuida apenas de duas edições, sendo essas as melhores de todo o título. O artista tem um traço que nunca seria escolhido para desenhar o Wolverine, ele é leve e com poucas linhas, porém é perfeito para retratar essa nova fase do herói, que agora é heroína. Laura é diferente de Logan, e separá-los até no traço é algo interessante. Até as cores de Mat Lopes, vivas e distintas, combinaram muito com a proposta de toda a HQ.
Já no arco Destino, vemos outros artistas assumirem o título. Ig Guara, Bob Wiacek e Victor Olazaba fazem um trabalho bom, mas que não rima com a proposta de todo o título. Vemos uma arte carregada, com expressões feias, movimentos não naturais e quadros que não acrescentam em nada na narrativa.
Infelizmente, Novíssima Wolverine é um ótimo exemplo de desleixo editorial, a Marvel só se preocupa em vender, repetindo grandes eventos, e esquece que seus criadores estão desenvolvendo histórias interessantes. Tom Taylor consegue entregar um divertido e interessante primeiro arco, mas, no segundo, é atropelado por um caminhão que pertencia à sua própria editora. É triste ver que a Marvel faz questão de acabar com suas histórias.
Data de publicação no Brasil: Não lançado no Brasil até a data da publicação da crítica.
Páginas: 156