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Plano Polêmico #15 | Mas afinal… Britney Spears importa?

por Leonardo Campos
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Extensão vocal: soubrette. Três oitavas e duas notas. Rouca e nasal, nos entrega uma voz que instiga a sensualidade em suas canções, bem como em seus derivados, os videoclipes e seus shows. Começou bem a carreira, comportada e agradando aos que pregavam o tradicionalismo, numa postura adolescente trivial. Logo mais, chocou o mundo com apresentações seminuas, extremamente sexuais. Emulou bem alguns aspectos de Michael Jackson e Madonna nos primeiros bons momentos da carreira, mas sucumbiu e perdeu a mão, entregando-se às drogas e aos escândalos midiáticos. Tentou voltar e conseguiu. Estabeleceu-se, reforçou o uso do autotune, perdeu a presença de palco de antes e hoje é o constrangimento artístico mais rentável da cultura pop. Com esta breve apresentação, caso não houvesse um título para encaminhar o leitor, você logo saberia de quem estou falando. É dela mesma, a “princesa do pop”, como ela mesma gosta de ressaltar em algumas produções: “it’s Britney, Bitch!”

Antecedentes criminais: as primeiras investidas

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Filha de Jamie Parnell Spears (um contratante imobiliário) e Lynne Irene Bridges (mamãe “overprotector” e professora primária), a princesinha do pop começou as suas aulas de dança logo cedo, aos três anos de idade, algo concomitante às apresentações de canto em recitais e outros eventos. Viajou para Atlanta aos oito anos para uma audição no famoso The Mickey Mouse Club, mas inicialmente foi rejeitada. Sem desistir, a pequena Britney foi substituta num musical off-broadway, além de participar de alguns vídeos publicitários.

“Quem acredita sempre alcança”. Clichê, não? Pois foi com esse “mantra” que Britney conseguiu a vaga para o The Mickey Mouse Club, em dezembro de 1992. No programa a garotinha dividiu as atenções com Ryan Gosling, Justin Timberlake e Christina Aguilera. A agitação não demorou muito tempo, pois a artista retornou para casa em 1995, após o cancelamento do programa. Mais adiante, passou por quatro gravadoras, mas havia uma “pedra no meio do caminho”: Britney era constantemente rejeitada por todas as gravadoras, graças ao seu material de apresentação um tanto intimista, inválido para o que os executivos queriam naquela época, algo dentro do pop adolescente.

Logo mais os executivos da Jive Records perceberam que Britney tinha apelo comercial suficiente para ser produzida e transformada no que eles queriam: a emoção jovem para o terreno pop que estava navegando em “mares muito adultos”. Assim, Britney foi contratada, viajou para a Suécia, gravou metade do seu primeiro álbum e embarcou numa turnê promocional em shopping centers. Intitulada Hair Zone Mall Tour, a apresentação continha quatro faixas. Não demorou, a moça começou a abrir os shows da boy band N’SYNC. Os caminhos começaram a se delinear.

Mas afinal… quem é essa garota?

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Em 2016 Britney Spears completou 35 anos de idade e uma pergunta surge diante dos críticos e apreciadores da sua obra. A maturidade chegará quando? Ao alegar que o seu último álbum, Glory, seria uma jornada intimista e mais calma por conta do seu posto de balzaquiana do pop e por conta da sua responsabilidade por ser mãe de dois filhos, Britney enganou a todos. Os videoclipes Make Me (questionável) e Slumber Party (visualmente deslumbrante) apresentaram a artista de sempre: um furacão sexual que se coloca diante do homem como objeto, numa manipulação de sentidos que brinca com a sua capacidade de sensualizar (em alguns casos, ser vulgar).

Sejamos sinceros: é divertido, dançante, sublinha uma boa faxina ou uma coreografia numa pista de dança, mas coloca no ralo praticamente todas as lutas empreendidas por artistas como Madonna, e mais recentemente, Beyoncé, ao menos no que diz respeito ao empoderamento feminino, mesmo que este esteja apenas na instância de representação, como alegorias no palco, sem necessariamente conseguir agir como proposta de intervenção na sociedade.

Em um mundo politicamente vibrante e cheio de demandas, uma artista como ela poderia ser porta-voz e potencializar as suas produções, mas Britney prefere brincar de sensualizar, dar festas pomposas, atrair sexualmente os homens e exibir o seu corpo cheio de curvas bem delineadas. Em suma: entretenimento vazio e cíclico, pois a exuberante cantora repete constantemente os caminhos trilhados quando o seu desempenho nos palcos era algo relevante. Britney Spears é atualmente uma artista do videoclipe, alguém que funciona muito bem quando editada. E “haja” cortes e fades para fazer a coisa ganhar movimento.

Mas afinal… quem é Britney Spears? Nascida em dezembro de 1981 no Mississipi, a “princesinha do pop” iniciou a sua carreira em espetáculos locais, com pequenas incursões em festivais e eventos, inclusive escolares. Mais adiante surgiram oportunidades para atuar em comerciais de TV. Em 1997, Mrs. Spears assinou contrato com a Jive Records e lançou o seu primeiro álbum em 1998, … Baby One More Time.

Influenciada por Madonna, Whitney Houston e Janet Jackson (declarado por Britney em numerosas entrevistas), a artista fez renascer o pop adolescente quando a “rainha” estava experimentando novos ritmos na produção do premiado Ray of Light. Foi uma época boa, pois o som de Britney embalava, trazia videoclipes divertidos e performances estonteantes. O problema foi a condução do processo. Os produtores esgotaram tanto a imagem da musa adolescente que na fase adulta, a mesma sucumbiu, repetindo-se constantemente e demonstrando que a sua “obra” não era mais relevante. Os mais jovens, por sua vez, parecem não conseguir discernir isso e constantemente postam em suas redes sociais afirmações do tipo “ela voltou com tudo”, mas provavelmente não conseguem mediar e analisar o que Britney era e prometia para o que se ela se tornou.

Mrs. Spears ganhou vários prêmios da indústria. Anotem isso: muitos! É o que os fãs atuais alegam, quando buscam defender insistentemente a possível relevância da artista para a cultura pop. Nove a cada dez artigos sobre a “deusa intocável” deixam em destaque o seu desempenho nas vendas, os prêmios que devem abastecer as prateleiras da sua sala de visitas, mas que uma coisa fique clara: Oscar, Grammy e Globo de Ouro podem até reconhecer o talento de algum artista merecidamente, mas não significa que são as únicas referências, o olhar absoluto diante de uma apreciação artística.

São prêmios da indústria, feito pela própria indústria, interessada em brincar de bolsa de valores com as suas peças neste campo cheio de táticas e estratégias. Britney Spears ganhou da Billboard, recentemente, um prêmio de “artista do século”. Somados a esta homenagem ela coleciona alguns MTV Video Music Awards. Mas isto a define como artista realmente relevante em termos culturais (vocábulo que abrange amplos aspectos, desde contribuição musical a debates e posicionamentos de ordem política e social)? Não. De forma alguma. Se a quantidade de vendas definisse a qualidade de um material, macarrão instantâneo não venderia mais que rúcula nos supermercados.

Em 2012, a Forbes declarou que Britney Spears era artista mais bem paga do ano. A Billboard apontou-a como a mais sexy da cultura pop. Diante de todos estes títulos, eis a questão: quem realmente se importa? Para manter seu título de princesa Britney precisa evoluir, tal como um personagem, semelhante aos elementos da jornada do herói. Depois do primeiro álbum, a cantora lançou “Oops I Did It Again”, depois “Britney”, protagonizou um filme juvenil, Crossroads – Amigas para Sempre (bonitinho, por sinal, nada horroroso como a maioria dos especialistas apontam), beijou Madonna numa apresentação de abertura do VMA 2003 e lançou o In The Zone.

Até os momentos descritos anteriormente tudo estava aparentemente em ordem. Casou-se, separou-se, promoveu escândalos que deixaram os tabloides ocupados por meses e tornou-se uma das mais controversas artistas da cultura pop, numa posição de adoração que nos faz temer, pois reflete uma espécie de “sinal dos tempos”, afinal, em que ralo foi escoar o senso crítico dos jovens contemporâneos?

A pele que habito: uma mulher de fases?

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Em abril de 1999, Britney Spears foi capa da famosa revista Rolling Stones. A capa a estampava numa cama (ângulo zenital), de sutiã e short, bastante sexy. As polêmicas logo começaram. A AFA (American Family Association) referiu-se ao material como “uma mistura perturbadora de inocência infantil e sexualidade adulta”. Os membros pediram aos americanos adoradores de Deus que boicotassem todas as lojas que vendiam os álbuns da moça. A proposta, entretanto, não funcionou. Tal como a guerra entre o Papa João Paulo II, Madonna e a Pepsi em 1989, o acontecimento promoveu ainda mais a carreira de Britney, artista que na época, curiosamente, ganhou notoriedade da Igreja Católica por alegar que só se casaria virgem, indo na contramão da sua inspiração, Madonna, artista que nos anos 1980, pregou a rebeldia em hits como Papa Don’t Preach.

Britney exalava um pouco de rebeldia, no entanto, era mais suave e juvenil, ao estilo escolar, coisa típica de menina de ensino médio. Canções como Sometimes, You Drive Me Crazy e a faixa título do primeiro álbum, …Baby One More Time, brincavam com a “ingenuidade”, com as belezas da adolescência, os primeiros amores e pequenas crises de comportamento das meninas de classe média.

A transição veio no álbum seguinte, Oops I Did It Again, uma espécie de prenúncio para o que seria a Britney dos anos 2000. Para promoção do álbum os produtores encomendaram a Oops I Did It Again Tour, empreendimento de espetáculos lucrativos e bem sucedidos comercialmente, com passagem, inclusive, no Brasil. Até então Britney era a novidade pop, cheia de energia e “boas intenções”. O “choque” aconteceu no dia 7 de setembro de 2000. A artista se apresentou no VMA com a música tema do álbum e fez uma performance sensual e arrasadora, completa no que tange três aspectos: presença de palco, coreografia e magnetismo com o público.

Britney desceu uma escada cantando um trecho de (I Can’t Get No) Satisfaction, dos Rolling Stones, coberta com uma capa preta. De repente tirou tudo, surgiu no meio do palco com uma roupa cheia de brilho que desenhava todo o seu corpo, algo totalmente diferente do que havia sido feito até então. Como a abertura da performance apontava, ela queria mais, não estava satisfeita em ser apenas uma garotinha que “às vezes corre, às vezes se esconde”. O lance agora era pouca roupa e muita sensualidade.

Logo depois da transição veio o álbum Britney. Pelo nome, percebe-se a necessidade de parecer individual, “grandinha”, enfim, adulta. Foi um esforço da equipe de produção e o resultado não foi ruim. Britney Spears era altamente rentável, fazia mais sucesso que a sua colega Christina Aguilera, uma artista mais talentosa, mas que vendia menos e não era tão bem produzida. Os singles I’m a Slave 4 U e Overprotected foram para os tops das paradas de sucesso e sacudiram as pistas de dança. Arrisco a afirmar que I’m a Slave 4 U e Toxic sejam as melhores baladas da cantora, durante todos estes anos de atuação no pop, desde o seu surgimento inocente à falta de oxigenação criativa da atualidade.

Para o álbum seguinte, a MTV apostou em outra performance impactante. Mais uma vez, ao descer uma escada, Britney se encontrou com os seus dançarinos num cenário que refletia uma selva, um paraíso da sensualidade, com direito a um tigre e uma serpente no palco. Britney, neste momento, evocou o mito de Eva, dançou sensualmente com a cobra, se entregou ao show e registrou na memória do pop uma dos seus melhores desempenhos de palco. No ano seguinte a artimanha se repetiu com o medley Like a Virgin + Hollywood: juntamente com Christina Aguilera e Madonna, abriu a premiação de 2003, dançou, cantou (oops, dublou), trocou beijos na boca e chocou a mídia. Nesta época, a artista havia terminado de preparar o seu mais novo álbum, In The Zone, em meu ponto de vista, o mais empolgante da sua carreira.

Neste período, Britney saiu em turnê. Intitulada The Onyx Hotel Tour, o show era pouco expressivo se comparado com a turnê anterior, além de não refletir a empolgação do álbum do momento. Os figurinos eram horríveis, Britney estava fora de forma e começou, nesta época, a trilhar caminhos perigosos. O casamento com o dançarino Kevin Federline foi uma grande dor de cabeça e uma pedra no sapato. Altamente coberto pela mídia, como uma espécie de reality show.

Antes disso, Britney casou-se em Las Vegas com um amigo de infância, durante um ataque de infantilidade e necessidade de atenção. A mídia não perdoou, também pudera, foi um abuso. O casamento foi cancelado 55 horas depois e a família declarou que foi um “ato momentâneo e impensado”. Logo mais, Britney machucou o joelho durante uma cena de impacto do videoclipe Outrageous, último single do álbum In The Zone. Os problemas físicos foram apenas “metáforas eufêmicas” para a celeuma psicológica dos anos seguintes.

Notas sobre um escândalo: um redemoinho de polêmicas

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Antes de descambar de vez, Britney Spears ainda rendeu alguns bons momentos. Lançou a sua primeira coletânea (destaque para o ótimo DVD, cheio de mecanismos fantásticos de interação), tendo como faixa de abertura uma versão de My Prerogative, de Bobby Brown. Em setembro de 2005, nasceu o seu primeiro filho. No ano seguinte, o segundo. Nestes entremeios ela lançou um ótimo álbum de remixes, participou de um episódio da série Will & Grace, divorciou-se de Federline, foi flagrada dirigindo com o bebê no colo e uma mão no volante, hospedou-se numa clínica de reabilitação por menos de 24 horas, logo após ter raspado a cabeça, circulou por outros centros de reabilitação, causou tumultos, subiu aos palcos numa vergonhosa turnê minúscula em casas de shows e foi explorada e deixou explorar-se ao máximo pelos empresários, pela família e por sua ganância excessiva.

Apareceu sem calcinha, agrediu fotógrafos e constantemente era flagrada bêbada e drogada em boates. Para piorar, em 2008, a artista incluiu o uso de clembuterol em sua rotina, remédio para cavalos, utilizado por fisiculturistas, algo que a deixou com insônia, agressiva e desequilibrada. Foi a gota d’água para perder a guarda dos filhos, e, inclusive, de um cachorro, num assunto que se tornou piada na internet na época.

Dentro de tanto caos, um bom momento ao menos: o lançamento de Blackout, um álbum incrivelmente interessante, oriundo de um redemoinho de acontecimentos negativos na vida da artista. As fronteiras entre o real e o programado se confundem e houve um momento desta época que a vida pessoal e o lado profissional de Britney Spears pareciam um só (há quem diga que não podemos dissociar, mas… discordo). Nos palcos da vida, Britney demonstrava-se uma péssima atriz, celebridade a manchar cotidianamente a sua carreira com “vazamentos” de fotos, flagras desnecessários (por descuido) e bobagens expressadas na mídia, bem como entrevistas melodramáticas e lacrimejantes, alvo de “memes” ao redor da esfera virtual.

E o Playback voltou…

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Em dezembro de 2008 Britney Spears voltou com o álbum (mediano) Circus, seguido da The Circus Starring Britney Spears. Robótica, entregou uma turnê cafona, mas esforçou-se bastante para não fazer feio nos palcos. As performances de Womanizer, realizadas em diversos pontos do mundo, mostravam alguma coisa diferente. Britney não era mais a mesma. Caminhava de um lado para o outro, parecia perdida e o magnetismo de antes perdeu o espaço para uma artista praticamente forçada a subir nos palcos e fazer shows.

Em seguida, lançou o fraco Femme Fatale, com videoclipes promocionais bem divertidos e dançantes, todos dependentes do poder da edição, haja a vista a impossibilidade da cantora de dançar dignamente. Apareceu na série Glee, num episódio de homenagem que resgatou os seus bons momentos, foi jurada do The X Factor (como alguém que não canta nada ao vivo, sequer a balada Everytime, pode julgar em um programa desse tipo?), lançou uma grife limitada de roupas, assinou a canção tema do filme The Smurfs 2, ganhou bastante dinheiro com a rentável e cafona Britney: Piece of Me, turnê mal dirigida, mal coreografada e mais estranha que a Carrie de Stephen King.

Neste ponto, entre altos e baixos, a cantora apresentou-se em premiações, sempre dependentes dos dançarinos para se equilibrar, esboçou alguns passos mais ousados que imprimiam esperanças aos desejosos da musa de antigamente, mas ficou tudo na promessa. O single com Iggy Azalea, uma das maiores bobagens da sua carreira, no entanto, não tão constrangedor quanto a sua apresentação da Billboard em 2015, gravada e apresentada num telão.

Uma Verdade Inconveniente: Britney Spears já era?

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Tudo indica que sim. Britney Spears vive sob a sombra do que foi no passado, num período frutífero e criativo entre …Baby One More Time e In The Zone. Blackout pode ter sido um dos melhores álbuns, mas não teve turnê, tampouco performances. E o leitor pode se perguntar os motivos que me levam a achar isso tão importante. Serei breve: artistas como Britney Spears não podem depender apenas da voz, tal como Mariah Carey, cantora que pode sentar num banco, cantar acompanhada de apenas um instrumento e entregar um belo show.

A artista que ajudou a reforçar o poder do electropop, bubblegum, urban soul, raga, hip hop, dubstep e dance music teve os seus tempos áureos. Hoje, tudo se resume a andar de um lado para o outro do palco, balançar os cabelos, fazer carinha sexy (não como antigamente) e depender das mãos dos dançarinos para não perder o equilíbrio. Se observado com atenção e longe das instâncias de alienação que tomam boa parte do público fã da Britney, estas afirmações estão presentes nos vídeos de suas apresentações. Assista atentamente.

Show de efeitos especiais, iluminação estonteante, os dançarinos se esforçando ao máximo e a Britney Spears aparentemente perdida, sem acompanhar a coreografia, como se tivesse sem ter lido o roteiro da apresentação ou como em nossa época de faculdade ou do ensino médio, momento em que “aquele” membro da equipe do seminário que não fez nada e no dia da atividade aparece na frente da sala, supostamente envolvido com o processo.

Mas afinal… Britney Spears importa?

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A dúvida não é somente minha. De acordo com Keith Caulfield, Britney vive atualmente associada ao que foi no passado, num título complicado para se sustentar. “Se ela vai dublar, espera-se ao menos ferocidade, um espetáculo de dança, não dá para enganar a plateia duplamente”. As palavras de Caulfield caíram tal como uma luva na reflexão que me propus a escrever este artigo engavetado há tempos. Britney funciona relativamente bem em videoclipes, como o exuberante Slumber Party, afinal, qualquer bom editor sabe colocar um artista sem comprometimento performático para fazer acrobacias.

Para o Dr. Drew Pinsk, um dos membros do reality show Celebrity Rehab, os movimentos robóticos da cantora provavelmente estão associados aos remédios que ela toma para tratar o seu transtorno bipolar. “Ela tem desordens psíquicas e vai precisar de tratamento para o resto da vida”, afirmou o especialista. “É muito provável que ela nunca mais seja a mesma”, reitera. Mais uma vez, concordo com a opinião e a apresento como “corolário” para as minhas propostas analíticas até então.

Na época do seu colapso, Britney Spears brincou que seria pastora evangélica ao encerrar a sua carreira.  O rumor saiu na revista Star, famoso tabloide americano. A família logo anunciou que “era uma fase passageira”. Ao observar o panorama de artistas contemporâneos que depois de tentar tudo, entram para a religião. Verdade seja dita: seria uma boa opção, não acham?  Tenho certeza que Britney não brincou. Talvez tenha sido um de seus momentos mais lúcidos.

De acordo com o livro Britney Spears: a história por trás do sucesso, biografia escrita pela mãe da cantora, “a história de Britney é a trajetória de uma mulher simples cuja família se viu presa num tornado chamado fama e que ainda está tentando se organizar a partir dos destroços espalhados”. Ao longo das 224 páginas, a matriarca da família Spears afirmou que “os jornais e revistas geralmente não vão a fundo o suficiente para obter a verdade”. No documentário Britney: For the Record, a cantora aparece limpa e aparentemente equilibrada depois das confusões da era Blackout. O irritante é observar a postura de inocência, culpando a mídia pelos espetáculos que ela mesma protagonizou.

Lembro muito bem de outro escândalo hollywoodiano que poderia alimentar os tabloides, mas foi elegantemente tratado de uma maneira que não prejudicasse a carreira dos envolvidos: a traição do ex-marido da atriz Sandra Bullock, assunto que veio à tona logo depois da consagração da artista com o Oscar por Um Sonho Possível, em 2010. Discreta, Bullock reergueu a sua carreira, buscou papeis ainda mais sérios, equilibrou-se e no momento certo deu as caras na mídia. E Britney, o que fez? A cada escândalo ela fazia mais questão de se expor. Onde estavam os pais e consultores? E os empresários?

Ao ler você pode achar que o tema é irrelevante para analisar a carreira da cantora, mas é preciso lembrar que Britney protagonizou videoclipes e assinou coautoria em canções que falavam dos fotógrafos e da mídia como grandes vilões, quando na verdade a própria artista dava o alimento necessário para os tubarões. Bancar a moça bem comportada e a “coitadinha” do pop só funcionou para os fãs. E se ser fã é vendar os olhos para as falhas do seu artista de admiração, convenhamos, a cultura pop está na UTI.

Para os tais fãs, a soubrette é muito importante, ao ponto de render numerosas listas de comentários em discussões extremamente divertidas (e muitas vezes, alienadas da internet). Há relatos de que a Britney incentivou a carreira de Marina and the Diamonds, Lady Gaga, Selena Gomez, Adam Lambert, Tinashe, Miley Cyrus, etc. Enquanto escrevo, onomatopeias tomam meu espaço de reflexão… “cri cri cri”, sendo mais claro, quem se importa? Lady Gaga e Adam Lambert talvez sejam os nomes mais relevantes desta lista. A Lady Gaga, por exemplo, de forma bem oportuna, apresentou-se como a nova Britney, mas inteligentemente, saiu pela tangente mais adiante, para fazer o que realmente gosta, tendo usado a mídia a seu favor, numa estratégia bastante inteligente.

Para alguns artistas, Britney é considerada importante. Madonna alegou que a admirava por “lembrar muito sobre a sua personalidade enquanto jovem, no começo da carreira”. Mas surge a pergunta: Material Girl, Like a Virgin e Holiday foram prenúncios para trabalhos encorpados e vanguardistas, tais como Like a Prayer e Vogue. Onde está a versão Vogue da Britney? O amadurecimento da artista é se relacionar sexualmente em Make Me, pior videoclipe contemporâneo da Britney no que tange aos aspectos da coreografia e da presença diante de uma câmera? O problema da artista é não conseguir amadurecer o seu trabalho depois de tantos anos e, talvez, mais tarde, ter a possibilidade de brincar, assim como Madonna fez na bobagem Bitch! I am Madonna.

Britney Spears, entretanto, não é Madonna, mesmo que a mídia reforce tanto. Há similaridades, mas os trabalhos se distanciam em certo ponto, com alguns trechos tangenciais mais adiante, mas diferenças absurdas no que tange a criatividade, grande problema da carreira da Britney Spears. Isso tudo só não é pior do que a sua incapacidade de continuar a alimentar o posto de “princesa do pop”. Diante de tantos dados, analisados, comprovados e expostos, fica a pergunta ao leitor: Britney Spears, afinal, importa?

A bola foi levantada. Agora está na hora de vocês, leitores, cortarem!

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