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Crítica | Ano 2003 – Operação Terra

por Guilherme Coral
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estrelas 2

Lançado três anos após Westworld, sua sequência Ano 2003 – Operação Terra (ou Futureworld, não me perguntem o que se passava na cabeças daqueles que traduziram o título), busca nos trazer uma experiência diferente de seu antecessor, utilizando a premissa original de Michael Crichton, mas com um teor mais investigativo. O problema da obra, contudo, não está em seu argumento e sim na forma como seu ritmo se estabelece, com uma história sem grandes surpresas, sendo, portanto, totalmente previsível, permanecendo, desta forma, aquém do original, que já não é nenhuma pérola cinematográfica.

A trama gira em torno de Chuck Browning (Peter Fonda), o jornalista que expos o que acontecera alguns anos antes em Westworld, um dos ambientes temáticos do parque de diversões futurista criado pela empresa Delos. Após um funcionário dessa companhia entrar em contato com Browning e ser assassinado logo em seguida, o repórter decide investigar a situação do novo parque sendo construído, já suspeitando desde o início que há algo muito errado por trás dele. Dito isso, ele viaja para o local junto de Tracy Ballard (Blythe Danner), que, por sua vez, enxerga o local com um olhar inocente, como se nada de sinistro estivesse acontecendo por trás daquele local preenchido por robôs.

Ano 2003 cria toda uma atmosfera de suspense desde seus minutos iniciais, com uma forte dose de teoria da conspiração por trás de toda a projeção, acompanhada pela marcante música tema composta por Fred Karlin. De fato, toda a premissa do longa-metragem é interessante e nos remete imediatamente à franquia Jurassic Park, que seria lançada anos depois: apesar dos desastres ocorridos na primeira versão do parque, a tentativa de revivê-lo ainda estão na mesa e, da mesma forma que o jornalista busca ver com clareza o que se passa ali, os responsáveis pelo lugar querem que apenas boas notícias sejam divulgadas, a fim de atrair o público com receio em virtude do ocorrido no passado.

Esse medo das pessoas garante uma dose de realidade à obra e a tentativa da empresa em mostrar apenas uma publicidade positiva é o que marca a linha narrativa do filme. Chega a ser curioso, como esses esforços da Delos são justamente o que causam o problema maior para eles em Futureworld – não fosse o receio da empresa em não vender, o parque seria bem-sucedido. Peter Fonda faz um bom trabalho em manter essa dose de ceticismo constante em sua interpretação, não nos permitindo esquecer qual o foco da obra. Infelizmente, isso não é o suficiente para garantir nossa imersão e passamos muito tempo nos bastidores do resort, quando poderíamos aprender mais do local.

A tentativa de ser diferente, portanto, também é a maior pedra no sapato do filme, provocando uma lentidão perceptível ao ponto que mal conseguimos manter nossa atenção na projeção. Praticamente desde os minutos iniciais já sabemos o que irá acontecer e o suspense almejado pela produção acaba caindo por terra. Mesmo o clímax não consegue nos conquistar e, além de ser resolvido muito rapidamente, não traz uma experiência verdadeiramente memorável, sendo bastante anticlimático e prejudicando o desfecho em si, que, nos momentos finais, é para lá de ridículo e dramático.

Ano 2003 – Operação Terra nos deixa com a nítida percepção de que se trata de apenas uma tentativa do estúdio de ganhar mais dinheiro em cima de Westworld. O desejo da equipe em nos trazer algo diferente de seu antecessor é louvável, mas não consegue nos trazer uma narrativa que verdadeiramente nos prenda. Temos aqui um filme bastante dispensável e que poderia expandir a mitologia desse universo criado por Michael Crichton, mas que não consegue sequer garantir nossa imersão durante toda a projeção.

Ano 2003 – Operação Terra (Futureworld) – EUA, 1976
Direção:
 Richard T. Heffron
Roteiro: Mayo Simon, George Schenck
Elenco: Peter Fonda, Blythe Danner, Arthur Hill, Yul Brynner, John P. Ryan, Stuart Margolin, Darrell Larson
Duração: 108 min.

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